quarta-feira, 30 de julho de 2008

Porvir

O processo de sedimentação nasce algures no nosso percurso
De vida. Cresce ao longo dos anos, acelera-se ao correr das décadas.
Torna-se argila vivificante com a maturidade.
Um barro espesso, mas moldável e estável, que se torna
Numa escultura de serenidade.

O porvir, porque arrasta consigo a paz de espírito, é sempre bem-vindo.

Mundo Telúrico

ver vídeo em http://filmesgeres.blogspot.com/

Há um pensamento telúrico
nestes penedios, que se abatem
sobre o olhar.
Encontro a rudeza do mundo, granítica.

Sempre pensei olhar o Mundo de
um lugar assim. Onde a palavra
transcende o papel e ganha
significado e o
futuro parece uma possibilidade.

domingo, 27 de julho de 2008

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Percebo outros mundos encerrados no pensamento quântico

Percebo outros mundos encerrados no pensamento quântico
Percebo ainda o acidente que somos todos
Percebo que …
E, ainda assim, continuo sem perceber nada!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Outra vez sem rumo

Outra vez sem rumo Num
Esquecer atrevido
Paralelo com outros sentimentos Entre impossíveis
E possíveis
Algures perdido
Em nenhures achado.

Palavras

Parece que apesar de tudo sempre existem letras
que escurecem o papel, sempre.
Traduzem pensamentos, opiniões, filosofias, histórias, anedotas,
risos, choros e muitas outras coisas.
Por vezes são escritas outras são faladas ou ouvidas e mesmo algumas vezes
são lidas.

Fonéticas

Encontrar pedaços de luz
Esfarrapados

Procurar relembrar
Pedir emprestado
Correr até cair
Fugir ao pôr-do-sol.

Comer
Para quem é bacalhau basta
Sorrir sem motivo
Pedir.

Gritar
Gritar
Gritar ainda mais alto
Gritar ainda mais alto
Mas gritar
Gritar sempre

Apesar de

Ao rosto pálido
Acrescento a solidão de ser
Encontrada na fúria
Apesar de não controlada
Apesar de não desejada

Remarco o tempo
De alguma maneira solto

Apesar de delirar
Apesar de sofrer
Encontro paz
Com um cheiro sólido
Apesar de inodoro

Apesar de crescer
Recheio o pensamento
Apesar de vazio

Levanto o sono
Apesar de pesado

Reviver
Apesar de não ter vivido
Apesar de nascido

Sombra
Apesar do sol

Riqueza nos bolsos
Apesar de furados
Tristeza no coração
Apesar do riso na face

Remarcar
Apesar de marcado
Ligar
Onde falta a conexão
Disputar
As lutas que faltam
E estão para vir

Ir
Apesar da falta de bilhete
Vir
Apesar de ficar
Reter
Como lembrar a memória

Transcender
Apesar de aceder
Juntar
Apesar de disperso

Ocupar
Aquilo que está desocupado
Tilintar
Moedas que fogem
Reocupar
Aquilo que foi ocupado

Verdadeiro
Apesar da mentira

Ler
O que está escrito
Perdoar
O que está perdoado
Perdoar
Apesar de já estar perdoado
Brincar
Apesar de velho

Rir
Apesar de triste
Triste
Apesar de rir

Correr
Apesar de parado
Sonhar
Apesar de acordado

Escrever
Com vontade
Como forma terapêutica
Apesar da tristeza não ser doença.

Silêncio

O silêncio envolve-nos
com um ser físico. Escuto,
ao longe,
tua voz, num tempo de reflexão.
Ouve-se um riso,
canto,
num silêncio para lá das paredes
que se abrem.

Quarto deserto

Eu fico aqui
Ao longo de
Celas de hospitais psiquiátricos
Onde se fazem
Outras ordens de acontecimentos
E eu não sou de lá nem de cá
Respiro sons

Fecho-me no meu quarto deserto
No sítio onde estou
Nem perto nem longe de um dia
Sento-me num barco
Navego nas imensidões plásticas do
Espaço sem tempo

Ergo-me ao regresso de D. Sebastião
Saúdo todos os presidentes e afins
Todas as bombas de neutrões e afins
Toda a Humanidade e afins...

Fénix

Foi hoje ou ontem, já nem sei, porque não há dias nos milénios dos séculos arrastando-se nesta roda da História.

Nessa noite a nuvem cresceu para o céu na brevidade de um dia dentro das vinte e quatro horas etilizadas nos sentidos.

Foi numa noite asfaltada de sonhos.

No espaço e no tempo construiu-se outro no verso no futuro.

Ouviu-se declamações sobre os orgasmos sociais e alguns Homo Sapiens.

Renasceu a Fénix (renascida) das cinzas de uma sociedade barulhenta e agonizante.

Foi nessa altura que se criou a Humanidade imperfeita.

Foi nessa noite tenho a certeza.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Montanha

Montanhas caindo
A história vai-se
Como o nevoeiro e
É isto que se vê

Mas
Eu vejo um pássaro voando
Tenebroso
Obscuro
Preto
Solidão
Ódio
Que me interesso
Poder
Castigo
Diabo
Noite na escuridão

Guerra
Fantasmas
O pior
Escravidão

Inventário surrealista

São todos burros
que grasnam
Jumentos cavalgaduras saloios São
todos
uma cambada
de ignorantes Não há sentimentos amizade
coragem
Não há poder guerras
paz ambições cervejas ruas
luas
tratados visões sonhos Não há cidades
elefantes rinocerontes
zebras ceroulas ornitorrincos serpentes Não há
zoos grades aves pernaltas civilização Não há tempo
Não há cosmos
Não há nada nem o nada existe
Só a pontuação existe!!!!!!!

A mulher dos pensamentos

O ar da montanha
Perigo criado pela vida
Calor trazido pelo vento
Criou-se a mulher dos pensamentos

Os seus cabelos lentos
O rio esvai-se na nascente
O sol brilha na escuridão
Nasce a claridade de Vénus

Lady
Ilumina a minha mente de prazer
Cria as nossas formas
E aparta o vento nas tuas mãos

Lady
Nome de cadelinha chinesa
Cristalina e formosa

Riste mas o silêncio espalhou-se
Gritaste mas o som esvaiu-se

Olho-te nas recordações
Extraio-te de lugares

E não há computador que não veja
Ou astronave que não voe
E digam-me agora
Que não és o vasto universo transformado
Em sentimentos

Uma flor

Existiu uma vez uma flor chamada cravo
Cresceu e floriu no cano de uma espingarda
Depois esvaiu-se em sangue e
Murchou.

Sonho atormentado

Sonho crepuscular
Revejo-te
No plantar do dia
Na cerca desconjuntada
No sabor a sal deste país
No verso difícil
Na gesta

Alongo teus cabelos
No anfiteatro poeirento
Vejo-te em sonhos policromáticos
No arco-íris
Em
Na solidão
Revolta
Musical gota de água

Recordo-te
No estrondo multicelular
Na respiração
Na estética da noite
Nos refrãos

Respiro tua boca vermelha
No fundo do mar azul.

Estranhos segredos

Aqui não há gaivotas rolantes que afirmem que o poema é uma estrada imensa de liberdade, as noites não têm espaço e crescem num abraço total, desconhecido no tempo, centelhas de apagadas fogueiras que refrescam a noite.
O ser veio, os sons pararam, o sentido mecânico dos relógios avançaram mais uma eternidade em poucos segundos.
E tudo ficou escrito.
Mais uma manhã desvaneceu-se na noite.

Viagem ao mundo da cultura

Flash, em inglês significa relâmpago;
para outros é apenas "viagem";
para mim, estudante de letras, é cultura.

I

Vou para a faculdade nos dias em que faz sol, noutros cai chuva , pode ser até que o nevoeiro paire sobre revoluções. Outras vezes fico sentado no café, esperando que a lua brilhe na direcção certa.
Regresso do sonho e vejo os corredores desta faculdade, assim como as armadilhadas salas de aulas, construindo o futuro que dizem que somos, neste país ainda sem presente. Dou uma fugida até ao bar em ar de troça, tomo o cimbalino do costume, converso sobre futebol e outras coisas que tais sempre, ou talvez sempre opacas, um tudo nada obscuras.
Sento-me na cadeira da sala de aula, sinto o tempo arrastar-se num tom cavo e desalentado. Olho o professor através de um buraco implantado, já nem sei por quem, no meu cérebro apesar de tudo permeável às idiotices do supra gosto da ciência.
É de estarrecer ainda só passaram cinco curtos minutos e já a cadeira está vazia, voo no meu flash. O shoot cultural permite-me planar, as visões alternam-se em cores surrealistas.
Aulas, cultura, chuva, cultura, frases, cultura. Sinto-me navegar num mar berrante de ciência afixada pela cultura.
Já nem sei o que sonhei, talvez não sonhasse, mas seja lá o que for vai-se desvanecendo em música jazz, é o flash que vai passando.
Olho o presente realidade, o professor fala da evolução humana: Australopitecos, Cro-Magnon, Homo Sapiens Sapiens, ... etc., e de outras coisas afins. Passaram mais cinco minutos e já tenho necessidade de um novo shoot. Reconheço que sou um verdadeiro junkie, sinto-me incapaz de parar.
Mas que ao menos a cultura, LSD. da droga, atinja a loucura.
Ao menos que a cultura seja anti cultural.
Ao menos que a cultura seja ópio e eu possa sonhar na realidade.

II

O texto atrás, foi escrito, à já alguns meses, em momento em que a solução qual milagre de Fátima, não era visível perante os meus olhos.
Será o ovo de Colombo? Serão os sais de frutos? Será qualquer droga milagrosa?
Nada disso! A solução é praticar desporto!
Mas cuidado pois não serve qualquer tipo de desporto, já que existe o desporto alienante e não alienante. Eu confesso nunca soube lá muito bem a diferença, por isso é preciso ser cauteloso para não cair noutras formas de viciação.
Recomendo por isso o único desporto anti alienante que conheço, que aliás é baratíssimo, não há necessidade de nenhum equipamento, e o campo de jogos é próximo da nossa querida faculdade para o caso de haver alguns comodistas.
A solução é ... (suspense) ... aproveitar a maravilha arquitectónica, que é a nossa querida ponte da Arrábida, para se lançar suavemente até aos peixinhos.
Recomendação pertinente - não é considerado de bom gosto levar pára-quedas.

P.S. - Isto não é, como pode parecer, um apelo, aliás descabido, ao suicídio, pois as regras do jogo só permitem lançar nesse voozito os cardia...cos da cultura que por aí pululam.
A ponte é imaginação pura...

F.L.U.P.- 1979