sábado, 25 de abril de 2009

Reflexões Críticas

Ouço, num murmúrio tumultuoso, as ondas de choque que
Se espraiam nas cercanias. A explosão foi
Violenta, para lá do comum. Ficou o sabor da
Injustiça, embora pensando, quantas neste mundo! E tudo fica
Relativizado, como se nada se tivesse passado. Como se a
Explosão tivesse sido de veludo acetinado.

Este mundo, esta Humanidade, estes Deuses, estes
Cretinos. Como se pode aliviar a consciência? No futebol, na
Política? Em qualquer outra actividade de caridade?
A cultura do Eu permanece sólida e inquebrantável.

Dúvidas pertinentes, Escolas pendentes. Um
Delírio banal que se transforma num incidente
Televisivo, pelo que se ouve comentar na opinião
Pública. Desastre ecológico ridicularizado em
Religioso. Assunto de fé etilizado em drama de
Cordel.

Crise económica guerreada em propaganda
Eleitoral. Mentiras escondidas com
Verdades que de meias ganham apelido.
Assim é difícil perceber os caminhos que
Rastejamos. Os precipícios que no futuro nos
Acolhem.

Entretanto sonhei. Também, e sobretudo
Estranhei. Pensei que aquilo que Portugal
Mais precisava era de um
Repelente para
Políticos medíocres.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Um rosto

Um rosto visível na multidão.
Demarca-se. Cresce numa miríade de afectos.
Destaca-se. Numa cor distinta. Opala iridescente.
Acalma-se. Entre dois sorrisos esbatidos. Desfolha
o malmequer.
Ouve-se um lamento. Quase um murmúrio coado em
papel vegetal. Tímido, ciente de si mesmo.
Desperto para o percurso, que se torna sinuoso.
Acentua-se a inclinação do caminho.
Abre-se uma porta.
Entretece-se uma página de pensamentos.
Desconecta-se a mente. Imediatamente se escolhe o lugar.
Trôpego. Ancião perpétuo.
Escolhe-se um tema.
Um rosto marca uma posição, talvez até um rumo
na multidão vestida de cinzento anónimo.
Perde-se um segundo.
Atira-se a pedra que ressalta.
Ressalta um número limitado de saltos. Mas
mesmo antes de parar, ressalta uma última vez.
Repete-se o gesto para um resultado semelhante.
Alivia-se a consciência. E crescemos neste mundo
de primeira. Esquecemos todos os estão para lá destes
muros que nos protegem e nos escondem.
Não vemos nem sentimos.
Apenas aquele rosto se destaca na multidão.
Acena-se com as bandeiras.
Impregna-se de caridades.
Aglutina-se o pudor, como de publicidade se tratasse.
Escrutina-se o que somos.
E fica o rosto que é sempre acusador.