segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Por vezes

Por vezes
Entre duas pessoas erguem-se sentimentos
Que são raras emoções indescritíveis e
Arrebatadoras.
Assim o meu pensamento te fruiu.

domingo, 30 de agosto de 2009

Agora

Agora é o tempo que
Medeia entre o passado e o
Futuro.
É um perene e atribulado
Momento de
Desejo.

sábado, 29 de agosto de 2009

Qualquer que ela seja

Perseguir a quimera, qualquer que ela seja,
É encontrar a realidade, qualquer que ela seja!
Procurar a fantasia, qualquer que ela seja,
É descobrir a resposta, qualquer que ela seja!
Demandar o sonho, qualquer que ele seja,
É abrir uma porta, qualquer que ela seja!
Indagar a utopia, qualquer que ela seja,
É caminhar em frente, qualquer que ele seja…

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Um dia parece conter um número impassível de horas

Um dia parece conter um número impassível de horas
Que se esquecem e furtivamente planeiam assaltar
A tranquilidade. Embatem violentas perdidas da sua
Função, agonizam, de uma agonia lenta e fétida.
Beneficiam da escuridão e fazem emboscadas,
Usufruem de imunidade, castigam e gozam.

Ouço o vento fremir e abafar sons vagabundos,
Escuto os ruídos multiplicarem-se, avivam memórias olvidadas.
Viajo entre ideias tresmalhadas que estalam frenéticas,
Absolvo reminiscências vãs, lembro épocas afastadas,
Memorandos virtuais de folhas brancas.

Recordo momentos actuais que se espraiam em rios.
Exulto com imagens que se tornam metáforas da vida,
Aprendo com os reflexos que espelham as cãs.
Aprofundo o raciocínio, investigo o móbil que está
Para lá das aparências.

Ausculto a dor que se insinua
De forma astuciosa, camuflada de figura embuçada.
Ataca nos instantes mais imprevisíveis numa repentina
Mudança de direcção que parece mais um acidente
Fortuito de inopinadas consequências.

Conjugo verbos, leio relatos de futebol, esquadrinho pontes.
Passeio pelo planeta da arte de onde imana uma intensa energia
Que me agasalha, veste-me de tons pictóricos que se perpetuam
Em expressivas emoções. Esgueiro-me entre a multidão, aguço o
Olhar e bebo todas as cores e tons, escrutino a paleta cromática,
Admiro formas, sondo conteúdos, pondero estéticas.
Assimilo a música que me aquieta e sossega e
Acalenta sonhos.
Mais um passo na compreensão da arte da vida.

O aquífero

O aquífero flui volátil para Norte. Urde
Motivos geométricos, enquanto de manhã se
Estabelece uma noção de vazio acidental pelo que
Tu viajaste para lá da linha de perspectiva como num
Quadro renascentista, de repente vivificado,
Revolucionado em quatro dimensões. Amanhã
Será como se um dia nascesse entre um infinito. O relógio
Trabalha mas os ponteiros não avançam. Dia perfeito, acolhe
Tua existência sincera, soberba.
Abrem-se as portas de uma sala sumptuosa, voam rosas,
Orvalham de perfume todos os recantos. Crescem
Espíritos entrevistos. O recinto medra, amplifica-se
Aproxima-se do tamanho do Universo. Abre-se ao
Teu pensamento, explora grutas, reivindica, persegue
Uma visão, idealiza uma aspiração, fantasia um
Devaneio. Acalenta o corpo, exalta-se, anima-se,
Anda, corre, salta. Alcança. Vai ao fundo,
Emerge, esbraceja, nada para a margem. E
O aquífero move-se para todos os pontos cardeais.

Sonho e utopia

O destino
Movimenta-se
Entre acasos, certezas, contradições,
Procura rumos…
Encontra a resposta
Alcança o sublime…
Há quem lhe chame sonho,
Outros utopia.
Ouso afirmar
É bom sonhar
Nem que seja uma utopia…

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Definição de Belo

Pressinto-a pairar entre a
Bruma, expande-se a uma velocidade ultra sónica,
Quebra barreiras e tabus!
E no entanto move-se lenta e concisamente,
Espraia os cabelos entre raios de sol,
Incendeiam centelhas, provocam terramotos,
Estabelecem um halo de beleza.
O corpo plana suave e docemente entre fiapos de
Nevoeiro num meio denso e colorido.
Brotam caleidoscópios, vulcões projectam matéria ígnea,
O deserto floresce espargido por chuva fecunda.
No alto mar o barco flutua por entre as vagas da
Tempestade, vacila um instante e ergue-se em
Apoteose e alcança a luz.
O vestido balança leve e translúcido, origina
Ondas que estremecem os sentidos, impulsionam
Reptos e libertam sonhos.
O seu sorriso edifica uma nova definição de
Belo!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um mistério

Um mistério…!
Uma interrogação…!
Uma pergunta…!
A resposta inaudível
Ecoa
Reverberando pelo ar
Na sua omnipresença….!

sábado, 22 de agosto de 2009

Nirvana

No nascer pôr-do-sol encontram-se
Entre duas possibilidades.
Entretece a atmosfera,
Cartomante de um Tarot de poderes divinatórios
Entroniza um beijo errante!
Colidem como atraídos por magnetos, Esbracejam
Numa dança espontânea, Rodopiam na
Estratosfera num cenário grandiloquente, entre o
Azul planetário e o arco-íris de uma remota
Nebulosa. Entrelaçam abraços,
Abarcam a Consciência.
Compreendem a Essência…

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Um ponto

Um ponto perpassa pela mente. Cresce,
Assume a sua natureza, translada o pensamento,
Insinua.
Transmuta-se numa borboleta de asas flamantes.
Esvoaça fúlgida. Escolhe a flor. Uma
Gardénia de alvas pétalas. Estremece
Em sintonia com os estames. Sorri
Cúmplice. Eleva-se no ar, sofre uma
Metamorfose, a
Águia segue a corrente ascendente de forma
Subtil. Plana entre a montanha e o vale,
Paira feliz da sua sapiência, evolui,
Constrói-se e transfigura-se num
Ponto…

domingo, 16 de agosto de 2009

Labirintos

Um labirinto de palavras, sensações, emoções, e recordações… mas sobretudo de palavras.
Fernando Savater, O Grande Labirinto


As palavras vestidas de perturbação!
Entre um misto de ordem e desordem, acenam
Beligerantes, aspergem vocábulos-semente,
Germinam arbustos prenhes de palavras que
Ondulam na superfície.
Inventam galerias, deambulam,
Procriam trajectórias aleatórias. Plantam
Diagonais que se intersectam
E ressaltam, abrem inauditos percursos.
Revolvem adornando-se um pouco mais.
Daí emanam labirintos onde as
Individualidades se perdem e
Erram olvidadas do seu destino.
O céu obscurece, o negrume torna-se
Uma ameaça pressagiada.
O solo vacila, um som titânico
Soçobra.
O temor avoluma-se, as pernas claudicam, o
Coração estremece, o tempo estagna na
Eternidade!
No entanto…
Escrever arrasa muros,
Deslinda infinitos,
Constrói pontes,
Potencia sentimentos.
Escrever
É persistir, resistir, porfiar,
Alcançar a evasão do
Labirinto!

Momentos

Momentos há em que a
Tristeza nos invade
Conquistando espaços vazios
Que nem pensávamos existirem!
É uma erva daninha
Que percorre os nossos recantos
Mais ignotos e
Impede o florescer!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Todavia

Ainda que no mundo onírico
Exista uma plenitude de
Sincronia.
Todavia
Há que sonhá-la!

Ainda que mergulhada em sons musicais
Residindo nos tons de canções
Sublimes.
Todavia
Há que ouvi-la!

Ainda que lida em alfarrábios
Contida em linhas de uma escrita
Maravilhosa.
Todavia
Há que escrevê-la!

Ainda que vislumbre a fotografia
De um sorriso ebúrneo
E resplandecente.
Todavia
Há que conhecê-la!

Ainda que lobrigue a beleza
De uma magnitude intemporal
E sonhe suster nos braços a respiração ofegante.
Todavia
Há que amá-la!

Ainda que se trate de sonhar no
Primordial fluído de ADN
No descontínuo do tempo.
Todavia
Há que vivê-la!

Ainda que comparada a
Deusa de um panteão
Olímpico.
Todavia
Há que adorá-la!

Ainda que se aluda
De forma invulnerável e
Entusiástica.
Todavia
Há que cortejá-la!

Ainda que se perca
Para lá do horizonte
Visível.
Todavia
Há que procurá-la!

Ainda que um dia
Se desnude
Numa plenitude de sentimentos.
Todavia
Há que enlevá-la!

Ainda que se encontrem
No caminho
Ou não.
Todavia
Há que vivê-la!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Essência

A escrita estabelece
Uma profunda conexão
Entre seres.
Basta parar, ouvir e
Perscrutar a sua essência…

domingo, 9 de agosto de 2009

Dicotomia

O luar paradoxalmente escurece a razão
Transporta para reinos de fantasia, onde
O sonho e a realidade convivem
Numa entreajuda trivial, O devaneio
Transmuta o idílio, A conversão
Em Feng-shui,
Interpolada em Vento e Água
Conjuga um Verbo insondado,

Elabora no contínuo do tempo,
Encurta a distância dos
Primórdios. É uma achega do
Início, Germinam memórias,

Entrelaço sensibilidades, Opto
Por progredir para o destino, Que fica
Encarcerado num cárcere, aparentemente áureo,
Mas falível como os humanos. A
Perplexidade arrebata e embaraça

Aquilo que somos,
O propósito que nos impele, que nos
Veleja ao capricho do ciclone, que
Nos acicata a examinar e
Aprofundar as nossas cogitações,

Transcende em polinómios que
Expugnam a palavra para paragens
Arredadas.

Inquiro mais uma divindade,
Ubíqua na sua perplexidade,
Rejeita refutações
Na sua lógica de deidade,

Perscruta como se uma
Diva explorasse e especulasse sobre a nossa
Índole. Enredada em efémeros
Caprichos, Oculta axiomas perdidos na
Luz da lua, realce de
Labaredas tresmalhadas neste
Imensurável cosmos.

Imobilizo-me nesta precisa
Circunstância. A
Conjuntura é titubeante, mesmo
Irresoluta.
Procuro um exórdio, mas
Aspiro permanecer!

Aposso-me de preceitos íntimos.
Indago por tempos inextinguíveis,
Examino pelejas semânticas,
Eclipso pleitos exotéricos.

Procuro o que nos torna mortais,
Aquece no Inverno, e
Transmuta a realidade em
Verdade.

Encantamento

Sigo até ao rio furtivo
Entre árvores adormecidas maneando-se
Na brisa que respira e exala uma fragrância
Inolente.
Atravesso a fronteira do encantamento.
Brotam flores de pétalas translúcidas, Escuto
O apelo. Ouço a
Perfeição do instante.
Descanso entre os carvalhos e o refulgir das
Bétulas.
Lâminas de sol desvendam clareiras,
Tapetes de herbáceas suavizam os passos.
Enlevado pela maviosidade do bosque…
Lá longe a cidade entorpece.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Para lá da música…

Ao amanhecer escutar a
Música que sobressalta
Os sentidos, é como
Te perceber
E sentir…

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Para lá das palavras…

No sabor
A frutos proibidos e exóticos,
Teu âmago estabelece
A firme convicção que
Caminhos se desvendam.
Há que explorar
A certeza deles…

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Perseguir o inatingível

Perseguir o inatingível faz parte da natureza humana.
Procurar um caminho que sabemos de antemão que não existe, entrar no labirinto que percepcionámos sem saída e no entanto examinámos cada centímetro na esperança de vislumbrar uma porta ainda que minúscula.
Olhar o muro que se ergue à nossa frente, dissecá-lo na busca de pontos de apoio que permitam a escalada apesar de ser liso como vidro.
Tudo isto, por vezes, torna-se intensamente frustrante!
Há momentos em que gostava de ser verdadeiramente livre para afastar os muros, os escolhos e perseguir a quimera, embarcar na utopia.
Mas com a devida vénia ao poeta parece-me que é “a vida que comanda o sonho” e não o contrário.
Parece que a única possibilidade é abordar estas questões com a serenidade budista: “Se um problema tem solução não vale a pena preocuparmo-nos, se não tem, não vale a pena preocuparmo-nos”.
No entanto esta afirmação é falaciosa porque pode existir sempre a dúvida se há ou não um desenlace para o problema. Na maior parte das situações é possível intuir, mas é difícil ter a certeza absoluta.
Estamos condenados a estas demandas na procura do inacessível e por conseguinte à angústia, às frustrações inerentes, aos malogros previsíveis.
No entanto a rara felicidade de, quando em vez, abraçar o intangível é o impulsionador que nos instiga, embora as probabilidades possam ser ínfimas.
É um dos paradigmas que nos define como Humanos, na nossa imperfeição…

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Paisagem

Alongo um passo até ao limite, E no
Limiar do precipício
Estendo o olhar até ao horizonte. Uma ténue
Bruma obscurece as formas das aldeias que
Polvilham as vertentes das serranias.
Tornam-se arquitecturas intemporais incrustadas
Nas fragas. Ressoam de forma audível na sua magnificência.
Sortilégio de um encantamento milenar!
O ar palpita de sensações.
Prestidigitação de ignoto mágico.
O frémito percorre o corpo.
A lucidez é substantiva.
Pensamentos e emoções destrinçam-se. Tudo
Fica límpido e puro.