quarta-feira, 31 de março de 2010

Tom Waits

A tua música
Reverbera pela superfície,
Volteia nas superfícies opacas,
Translúcidas,
Divaga pelo ar,
Atinge o cerne,
Aturde,
Emociona, arrepia,
Questiona,
Envolve-se com a mente,
Acrescenta,
Converte-se
Numa parte da nossa essência.

terça-feira, 30 de março de 2010

domingo, 28 de março de 2010

O som do vento pairou

O som do vento pairou lúcido
Entre os ramos da árvore,
Escureceu o horizonte,
Apesar do ruído
O silêncio estremeceu no ar,
Escutei-o e prolongou-se
Pelo vazio da mente.

Assumi a verdade como intrínseca!

Mas na realidade é camuflada pelos
Gestos ensaiados,
Pelo mundanismo dos actos,
Em especial
A palavra que é dita enviesada,
Escondida,
Enfim,
Por tudo o que é declamado no
Palco da vida.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Reflexos

O livro de poesia com as folhas ainda em branco,
O vento a crepitar nas folhas das árvores,
O comboio que ondula titubeante na planície,
A imagem planetária na lente do telescópio,
As cores da Primavera que explodem nos sentidos,
O sol que se abate sobre a linha do horizonte,
O jogo de futebol que se inquieta na espera do golo,
A fotografia que recorda momentos de vida,
O luar que ilumina o desejo dos amantes,
A espera por um beijo apaixonado,
O quadro que emociona,
A música que se escuta,
A paisagem que se admira.

Tudo,
Tudo o que alcanço,
Tudo o que penso,
Tudo o que existe,
Tudo o que consigo imaginar,
És tu,
É a tua beleza
Reflectida na água da chuva,
No espelho,
No teu próprio reflexo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

Assimetrias

Rir,
Chorar.
Duas faces
Assimétricas
De um rosto.

terça-feira, 23 de março de 2010

Ausente… mas presente

Ausente
Mas presente
Na memória indelével,
Na ternura do pensamento,
Na alegoria da ideia.

Ausente
Mas presente,
Sempre,
No âmago mais íntimo e
Quente
Do meu ser!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Romance que se perdeu numa noite de chuva

Da tua voz
Nasceu um chamamento
Que eclodiu na mente.
Um rio impetuoso flutuou
Na turbulência da plenitude
Que então desabrochou.

Esparsas mas concisas,
Gotas de néctar perfumado
Aliciaram o romance que
A poesia avalizou,
A música acarinhou,
O namoro idealizou.

Imaginário Éden
Onde o pecado era uma ausência,
Uma miragem longínqua.

Até que chegou a chuva da noite,
Abruptas as nuvens fluíram pelo céu,
A escuridão,
Sem guias nem estrelas,
Escondeu o norte.
O negrume esvaiu-se em fantasmas
Que paradoxalmente brilharam,
Ofuscaram,
Obliteraram o caminho.

E choveu,
Choveu toda a noite,
Como se num pungente
Acto de soturna alquimia
A tristeza se transmutasse
Em agreste pluviosidade.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Indiferença

Momentos doces,
Por vezes amargos,
Uma hora presente,
Na seguinte ausente,
Um dia de simpatia,
No outro adversários,

Nunca indiferente,
Porque amar,
Ou ainda que seja
Amizade,
Nunca é a indiferença!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Cidade que abraça (Porto)

Cidade que abraça,
Percorre as ruas envoltas
Em névoa cinza e árdua.
Envolve,
Afaga com ternura,
Insinua apego,
Ilustra graça e
Desenvoltura.
Anima,
Fideliza e
Emociona.
É a minha cidade!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Como se estivesse

Como se estivesse a
Relembrar a essência do momento que se
Insinua num espaço
Sem grades, nem muros, tão pouco grilhetas.
Tudo se resume a uma
Inquietude da alma
Na exigente, mas recompensadora, demanda da
Amizade.

terça-feira, 16 de março de 2010

Entre um sorriso

Entre um sorriso e
Uma carícia,
Perpassa a distância de
Uma vida.
O ensejo que se explora,
A mão que se prende,
O suspiro que se aprisiona,
A paixão que empolga,
Ou não!

segunda-feira, 15 de março de 2010

!?

Por todo o lado
Como pó que esvoaça
Num quarto vazio e sorumbático,
As questões que se colocam,
As interrogações que se levantam,
As decisões que se tomam,
Os limites que se ultrapassam,
Os desejos que estacionam,
As emoções que vivificam,
As pessoas que se atrapalham,
O poema que permanece,
Ainda que escrito neste
Mundo virtual de bites e bytes,
Ainda assim
É uma poderosa interrogação!

sexta-feira, 12 de março de 2010

A minha religião

Relâmpagos escrutinam a noite,
Impregnam o céu com uma
Luz mágica que
Insinua na imaginação
O deleite do teu corpo nu
De mármore forjado.
Deusa
Por deuses esculpida!
És uma religião e
Eu sou o mais devoto
Dos sacerdotes.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Mistério ambíguo

É um mistério ambíguo!
Esconde-se entre palavras e
Ausências,
Ergue barreiras, muros e
Armadilhas,
Protege-se do desconhecido,
Afasta, divide,
Vence!
Conquista o que não deseja!

quarta-feira, 10 de março de 2010

A noite

A noite fustiga o pássaro de vidro que
Repercute uma melíflua nostalgia,
Como a ressarcir instantes de uma
Pretérita existência.
Abranda a vida, sacode o olhar,
Instiga uma ideia,
Assume-a,
Expande-a num tom épico,
Grafa-a,
Como que a gravá-la
Para o futuro
Onde a saudade sobrevive
Na memória.

domingo, 7 de março de 2010

O fluir do tempo

A serenidade deste vale,
A altivez destas montanhas,
A profundidade desta paisagem,
O azul-prateado do mar
No longínquo horizonte,
Aprisiona a palavra,
Torna-a vã, oca,
Superficial.

Abraça-me com força e
Deixa fluir o tempo…

sexta-feira, 5 de março de 2010

Tu és

Tu és a fantasia de um sonho,
És o Céu, o Paraíso,
O Purgatório e
O Inferno,
Tudo numa só vida,
Por vezes num mesmo momento,
E eu sou em ti!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Há necessariamente uma razão

Há necessariamente uma razão
Quando nenhuma transparece?
Há alguma razão além do conhecimento?
Há sempre uma interrogação,
Há uma incessante inquietação,
Um impulso que nos move num
Determinado rumo,
Nos obriga a renascer,
Como se os sentimentos existissem
Para lá do horizonte.

terça-feira, 2 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Procurei-te

Procurei-te…
E encontrei fogo-de-artifício,
Um paraíso para os sentidos,
Encontrei o mundo,
O universo…
E perdi-me…