sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Preciosidade

Procura,
Encontra,
Explora,
Luta,
Segue-o até onde te levar, porque
O amor é assim mesmo,
Esconde-se em lugares improváveis,
Esgueira-se entre os dedos,
Disfarça-se com máscaras insondáveis,
Refugia-se em esconderijos inexpugnáveis,
Elabora razões metafísicas,
Assume formas diversas,
Ri-se do tempo e do momento,
Aniquila-se tantas vezes,
Que verdadeiramente é uma preciosidade
Única.

domingo, 24 de outubro de 2010

sábado, 23 de outubro de 2010

Ela é…

Ela é…
Uma constelação longínqua do zodíaco,
Uma parábola de moral iníqua,
Uma madonna da Renascença italiana,
Uma fotografia envelhecida,
Uma recordação estremecida,
Uma memória sofrida,
Um encontro adiado,
Um sentimento embotado,
Um sonho perdido.

Ela é…
O relâmpago que fende a atmosfera,
O tempo a transcorrer no relógio,
O mistério da vida,
A folha em branco pousada na secretária,
A lágrima vertida em solidão,
A alegria de um dia de festa,

Ela é…
Fogo e água,
Deserto e floresta tropical,
Inconstante e fiel,
Surpresa e tédio,
Ambígua e assertiva,
Bonança e tempestade.

Ela é…
Mulher!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Direito à Indignação

Como afirmou o ex-presidente da República, Jorge Sampaio, todos os cidadão têm direito à indignação.
Diariamente estamos a assistir a um espectáculo degradante dos nossos políticos a propósito do orçamento: "São eles que deviam telefonar…", "A bola está no campo deles…", e mais uma quantidade de disparates quejandos.
Tenham vergonha! São os principais responsáveis por conduzir o país a este estado de inanição, vão despoletar mais uma crise económica que vai resultar no empobrecimento de todos nós, aumentam os gastos de representação do governo (!!!!) e ainda se dão ao luxo de brincar com a vida das pessoas.
A meu ver é inacreditável a falta de escrúpulos morais que revelam estes senhores.
Tenham um gota de decência e pelo menos comportem-se decentemente. Discutam aquilo que tem de discutir seriamente, façam o vosso trabalho, dêem o exemplo, reduzam os vossos gastos, tenham pudor!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Doce e selvagem

Mergulhar no regaço perfeito,
Domar os cabelos impetuosos,
Pernoitar no olhar aprazível,
Abraçar a indomável forma,
Capturar o passo elástico,
E só
Amar-te como és…
Doce e selvagem.

domingo, 17 de outubro de 2010

Gerúndio

Amo-te com a profundidade da paixão,
Amo-te em todas as conjugações do verbo,
Amo-te amando,
Assim mesmo
Com a pertinácia do gerúndio!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Gypsy Wife, Leonard Cohen

Diz

Diz que não me queres,
Não me amas,
Queres ir embora!
Mas di-lo,
Afirma-o alto,
Para que se saiba,
Grita-o,
Não te escondas!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Acreditar

Acredito no odor do teu perfume nos lençóis
Da minha cama,
Acredito na delicadeza dos teus dedos,
Acredito no poder de uma carícia,
Acredito na beleza do teu corpo,
Acredito na profundidade do teu olhar,
Acredito na incerteza do futuro.
Acredita na força do amor!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Recordações

Ramos pungentes,
Frutos coalescentes,
Cores aperaltadas,
Folhas fulgurantes,
Espinhos desembotados,
Raízes intensas,
Perfume singular,
Perfil harmonioso.

É a recordação que preservo,
Do entardecer na montanha,
Contigo no pensamento.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O encontro

Encontro-te em qualquer lugar do mundo,
No supermercado talvez,
Abraço-te com força,
Como a penetrar-te de
Desejos obliterados e
Nesse mesmo momento
Em que tudo acontece,
Sinto-me a mergulhar no esquecimento…
Encontro-me contigo, com o sonho e com
Eros…

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Toco-te com o olhar

Toco-te só com o olhar,
E revelas-te.
Admiro a argúcia do teu corpo,
Assumo a elegância velada dos teus gestos
Devasso a tua intimidade,
Aprendo a conhecer-te,
Dissolvo-me nos teus braços.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O caminhante

Na busca de um sentido,
De uma emoção,
Discorre um tempo sem fim
Que se perpétua num caminho de ilusões,
Vazio quase sempre,
Ponteado por raras sensações que
Iluminam fugazmente
Os passos vacilantes do caminhante.

domingo, 3 de outubro de 2010

Toco-te

Toco-te
Com o meu olhar de desejo,
No teu corpo nu e deserto.

Toco-te e evaporas-te,
Num som agridoce que plana
Suave e discretamente,
Até assentar,
Num pó brilhante.

Toco-te e resistes,
Queres ficar e fugir,
Percorrer a vida,

Toco-te e
Descansas,
Livre,
Descontraída.

Toco-te e a paixão
Transcende-se!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Muitos rostos

Muitos rostos
Ondulam na superfície da mão,
Escapam entre os dedos,
Embotam as linhas do porvir,
Aceleram acontecimentos,
Traçam oblíquas,
Rasgam paralelas,
Trucidam sentimentos.

Muitos rostos
Empalidecem,
Adquirem contornos indefinidos,
Alvoram cores espectrais,
Diluem-se,
Derramam-se no tempo.

Muitos rostos
Quebram,
Tornam-se puzzles incompletos,
Caminhos sem saída,
Perfumes sem odor,
Música sem som.

Muitos rostos,
Simplesmente,
Desaparecem!