sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

José Afonso


A voz que é mais do que uma voz,
Um manifesto,
Um modo de ser,
Um naif genuíno,
Uma esperança,
Um acreditar,
Uma possibilidade, ainda que remota,
Que permanece indelével.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Poema para um dia de Carnaval


Um mundo de capricho,
De Carnaval burlesco.
Um mundo confuso,
Obtuso,
Impregnado de hipocrisia,
Esquecido pelos deuses,
Apinhado na loucura generalizada,
Ensimesmado no seu movimento celeste,
Abandonado pela Humanidade,
Enviesado nos seus propósitos,
Enclausurado no mais puro darwinismo,
Na sobrevivência dos mais fortes,
Na extinção dos indefesos,
Encaminhado para o holocausto ambiental.

Um mundo perdido,
Sem rumo, sem sabor, sem futuro…
E no entanto…
É o único que possuímos,
É o único em que existimos.

Deveria ser uma razão,
Mais do que suficiente,
Para refletirmos sobre o futuro.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Emoções de pedra


As emoções podem ser de pedra,
Quentes como lava de uma erupção vulcânica,
Suaves como pedra-pomes,
Robustas como granito,
Belas como diamantes.
E perduram para a eternidade
De uma vida.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Questões para um dia de S. Valentim


Consegues sentir a intensidade deste abraço?
Ouves o descompassado bater do coração?
És capaz de ler a premência do olhar?
Conhecerás a força do sentimento?
Albergarás a vontade de conhecer?
Intuirás a beleza magnífica da emoção?
Sentirás a proximidade quântica de dois seres?
Saberás ler as entrelinhas deste poema?

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Evento cataclísmico


Beber do rio caudaloso,
Embriagar-me na selva perfumada,
Alimentar a seiva que se derrama do mais profundo
Do ser.
Levitar na órbita celeste, e
Como dois cometas
Solitários no infinito do cosmos,
Na maior das improbabilidades,
Colidir num
Evento cataclísmico!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Hoje desejava escrever sobre o amor


Hoje desejava escrever sobre o amor,
Sobre a beleza feminina e da natureza,
Sobre a paz e a tranquilidade,
Sobre a liberdade e a bondade,
Mas a iniquidade destes tempos,
A mediocridade e insensatez dos políticos,
A crise instalada,
A implosão deste país,
A morte anunciada deste projeto europeu,
Inibem-me!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Desejos


O desejo de te ver,
De impressionar o teu olhar,
O intuito de te conhecer,
A ambição de te tocar,
A luxúria dos teus lábios,
A doçura da tua língua,
A firmeza dos teus seios,
O recobro do teu corpo,
O anseio pelos teus suspiros,
O querer-te,
O propósito de te amar,
Passeiam na minha imaginação
São frutos da minha paixão,
E apetecem a realidade.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

E no entanto chovem arco-íris


Ouço o borboletear dos sons do silêncio,
Esmagam as mentes como uma opressão violenta,
Assolam o tempo numa vertigem incongruente,
Uma opacidade pesada e enviesada,
Relembra passados que pareciam olvidados.
E no entanto chovem arco-íris,
Implodem no ar,
Assumem a liberdade,
Com um grito de raiva, e
Ao mesmo tempo,
Com o desejo de construir,
De criar, de viver,
A fervilhar.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A perfeição


Um momento de beleza,
Uma idade perfeita,
O requinte do gesto,
formosura,
O sublime do ser,
A pureza do ter,
A excelência do pensamento.
Em jeito de sinopse,
Se em poesia algum sentido fizesse,
Diria…
Uma admirável mulher!