domingo, 24 de fevereiro de 2013

Algumas perguntas simples mas incómodas em jeito de desabafo.


Não é democrático cantar a “Grândola” em acontecimento públicos?
Não é democrático demonstrar o descontentamento com a classe política?
Não é democrático os cidadãos deste país manifestarem-se, dos modos possíveis e não violentos, para mostrarem o seu desagrado com a atual situação do país?
Não é democrático demonstrar os sentimentos de revolta com estes níveis de desemprego?

Mas é democrático mentir em campanha eleitoral?
É democrático fazer previsões económicas com o conhecimento prévio que são irrealistas?
É democrático manter no poder pessoas cuja integridade moral é dúbia?
É democrático estabelecer parcerias públicas/privadas que esbulham o erário público?

Triste este conceito de democracia!
Mesquinha esta conceção!
Talvez, tão só, ao nível da mediocridade dos nossos políticos!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Acreditar


Acreditar
Realmente acreditar na subtileza da vida,
Acreditar no fio do pensamento
Que corre, fresco e alegre,
Como a água de límpido ribeiro,
Acreditar na leveza da liberdade,
Acreditar na insondável beleza do olhar,
Acreditar no inexequível,
Como se uma banalidade fosse,
Acreditar na mais ínfima probabilidade,
Na mais residual das certezas,
No mais imponderável dos factos,
Acreditar
Acreditar assim
Não é uma questão de fé,
Mas de amor!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Uma esplanada


Uma esplanada à beira-mar,
Uma mulher sentada sozinha,
Folheia lentamente um livro,

Será que lê?
Será que viaja?
Será que se embebe no momento?

Parece que estabelece uma ponte,
Um caminho, uma demanda,
Entre o passado e o futuro.

Uma esplanada à beira-mar,
O sol poente submerge lentamente no oceano,
Liberta raios dourados avermelhados,
Envolvem a mulher sentada,
Adquire todos os tons do espetro
Toma o sabor do mel,
Afasta a solidão.

Uma esplanada à beira-mar,
Uma mulher bela,
Como só uma mulher pode ser,
Um livro pousado no regaço,
Olhares perscrutam o horizonte,
Para além do pôr-do-sol.

Uma esplanada à beira-mar,
Uma mulher terna,
Esquecida do tempo,
Refrata uma pergunta,
Advinha um sonho,
Permanece sentada,
Escuta o silêncio,
Levanta-se e renasce!

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Gerês


Caminho por entre fráguas imponentes e vagarosas,
Testemunhas de cataclísmicos acontecimentos,
Episódios de uma história que germina
Estórias de ventos ululantes que povoam as serranias
De contos, lendas e aflições.
Estórias de gentes, tradições e ambições.
Lugares sem fim, perdidos no rio do esquecimento.
Memórias remotas,
Revoltas em desassossego constante.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Uma voz doce


Uma voz doce
Flutua no território em que a maré se encontra no areal,
Num movimento hipnótico de vai e vem,
Um sussurrante e vibrante apelo,
Uma vontade.
A espuma salgada revolve cada grão de areia
E penetra nos mais improváveis recantos,
Transporta o sal da existência,
Como uma envolvente ária que se transforma
Num chamamento,
Uma inevitabilidade!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Onde se acaba o tempo


Onde se acaba o tempo
Começa um romance perdido
Entre as mãos de duas pessoas,
Afagam-se como borboletas dançando
Entre pétalas expressivas,
Os corpos ruborizam-se nos impulsos nervosos,
Mas generosos
Que cingem,
Abraçam todos os instantes de sedução,
Cativam, mesmo quando se escondem entre
Pensamentos fortuitos e
Olhares vagos.

Onde se acaba o tempo
Principia o advento de
Um momento irreverente,
Concupiscente!

Onde se acaba o tempo
Começa um estado de alma.