domingo, 24 de novembro de 2013

Trocamos um beijo

Trocamos um beijo
Como se o mundo se tivesse transformado
Numa festa vibrante,
Uma cornucópia de júbilo,
Uma luz no fim de um profundo e deserto túnel,
Impenetrável sabor que se dissemina pelo corpo,
Uma verve de lábios,
Faúlhas que ateiam fogos,
Centelhas de labaredas vibrantes,
Clarão de relâmpagos estonteantes,
Enigma decifrado,
Romance na brisa que sopra do mar!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Encontro

Gosto
Das fragrâncias do jardim,
Da veemência do sol,
Da quietude deste lugar,
De estares sentada a meu lado,
Gosto
Que me toques com a suavidade da
Tua mão no meu braço,
Da sensação do toque,
Gosto
Da timidez estonteante do agitar
Das tuas pálpebras,
Do requebro do olhar,
Da sonoridade da voz,
Da sinceridade do sorriso,
Gosto
Deste nosso encontro!

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sintonia

Distante, ouve-se uma cacofonia de sons,
Que, aproximando-se, se tornam inteligíveis,
Numa sinfonia de sentidos,
Como se uma conversa diluída no tempo
Esperasse por outras alternativas
Que nem sempre são viáveis,
Como se a opinião debatida com entusiasmo
Não estivesse no âmago de crescer e ser feliz,
Como se a ocasião convergisse para um ponto,
Para lá da realidade controversa
Em que simplesmente estamos e vivemos,
Como se existisse uma sintonia que,
Para lá dos adjetivo,
Alcance o verbo.

domingo, 10 de novembro de 2013

Retrato de uma flor de inverno

Uma flor sobressai no jardim,
Airosa, rutilante,
Orgulhosa,
Gentil,
Floresce impante,
O perfume espraia-se por uma longuidão
Incessante,
Tem alguns espinhos,
Que ao invés de ferirem,
Preenchem plenamente
A sua beleza.

domingo, 3 de novembro de 2013

Tristes tempos estes!

A austeridade, por vezes,
Na comunicação social é fulanizada,
Como se tivesse vida
Caminhasse por vontade própria,
E não fosse o iníquo desejo
De uma medíocre e esgalgada elite.

A austeridade não tem livre arbítrio,
Depende do desejo de um grupo,
Que político se declara,
Mas de política nada entende,
Pois a “coisa pública”, para eles,
É do foro privado
Se gera lucros,
É do foro público
Se produz prejuízos!

Os “senhores da austeridade” preparam-se
Para fazer a História recuar mais de 10 mil anos,
O tempo que a civilização levou a aproximar-se
De uma sociedade baseada na solidariedade,
O que estes neoliberais pretendem
É o regresso ao “darwinismo social”,
A lei do mais forte,
Ao salve-se quem puder!

Tristes tempos estes
Em que os “aristocratas do estado” pretendem,
Com o apoio de alguns ignorantes,
Que a Constituição não seja
Constituição,
Apenas um papel para ser usado e abusado
Conforme as conveniências!

Tempo ignóbil,
Em que o que separa ricos e pobres,
Em vez de diminuir,
Adquire distâncias cosmológicas,

Que importa que milhares magrebinos
Ou da África subsariana
Morram nas águas do Mediterrâneo,
Que portugueses, gregos ou “povos do sul”
Passem fome,
Desde que nos “mercados” haja mesa farta e lauta,
Está tudo bem!


Vivemos uma época,
Em que o “sonho europeu”,
Está a ser esmagado pela ganância
De um reduzido grupo
De “hienas esfaimadas”,
Porque estes senhores nem tem a coragem de
Serem predadores,
Aquilo que verdadeiramente são,
Aquilo que a sua coragem lhes permite,
É serem necrófagos
Pela calada da noite!

Tristes tempos estes!