sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Deste-me asas

Deste-me asas
E voamos no silêncio da manhã,
Mergulhamos em oceanos,
Pairamos sobre desertos,
Entrecruzamos continentes,
Visitamos o espaço e,
Em especial,
Sobrevoamos os pensamentos
Na cumplicidade
Da amizade!

domingo, 19 de janeiro de 2014

O sol

Depois de todos estes dias tempestuosos
O sol reaparece com todo o seu fulgor,
Alivia os tons cinzentos, revela
Cores luzidias e cintilantes, abrange instantes
Expectantes,
Ouve-se, de mansinho, o desconjuntar da manhã,
Percorrida numa órbita celeste,

Como se o tempo se imiscuísse na
Circunstância da vida existir e, entrementes,
O discurso político, parece desprovido
De qualquer senso,
Para além de pretender mergulhar
O país em dor,
Totalmente esquecidos do
Humanismo,

Do motivo principal da política,
Pelo menos nas palavras do liberalismo,
“A busca da felicidade do povo”,
Onde está, nos dias de hoje,
Essa bem-aventurança?

Limitada a um grupo de ricos,
A nova “nomenclatura” das sociedades atuais,
Que tudo dominam.

São os novos predadores sociais,
A nobreza da contemporaneidade,
Escondida em sociedade anónimas,
Bancos,
Agências de “rating”
E outros organismo,
Igualmente inconfessáveis,
Lideradas por reprováveis administradores,

Que para se enriquecerem arrasam e aniquilam
A esperança e liberdade de povos inteiros,

A minha dúvida é,
Até quando?

Quanto mais será preciso aguentarmos
Para acordarmos?
Há mais de trezentos anos,
Jean-Jacques Rousseau afirmou
Que era legítimo os povos revoltarem-se contra
A iniquidade dos políticos!

Um dia de sol de inverno feérico,
É um convite sereno à reflexão,
Olhar para o espelho da existência,
E perguntar, perentoriamente,
Até quando?

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Intangível

Os sonhos,
São antecâmaras enigmáticas
Da realidade,
Onde o mistério,
O que parece intangível,
Num momento de suprema
Premonição,
Converte-se em
Exequível!

domingo, 12 de janeiro de 2014

Uma tempestade

Uma tempestade
Desencadeia-se em pleno dia de sol,
Escurece o horizonte,
Peja-o de trevas virulentas,
Invade o corpo,
Sacode-o violentamente,
Como se sacudisse o pó
De um pano velho e bolorento,
Inibe o pensamento claro,
Impede o olhar de ver,
Suga a imaginação,
Perverte as ideias,
Oculta-se no mais recôndito,
No mais
Intimo e profundo,
E não nos abandona
Sem tudo espatifar,
Esparzindo os cacos
Em redor da vida.
O sol, abruptamente,
Entardece na noite escura e
Fria!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Podia existir um mundo

Podia existir um mundo,
Em que tu não fosses tu
Sem deixares de o ser,
E eu não seria eu
Embora o fosse,
Esse cosmos seria elegante,
E nele
Seríamos perfeitos amantes!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Manifesto para dois mil e catorze

Que dois mil e catorze
Seja um ano para
Acordarmos,
E unidos
Digamos,
Bem alto e forte,
Basta!

Basta que nos atirem para cima com o
Vocábulo
“Mercados”!
O que significa?
Que um pequeno grupo de bancos e outras organizações
Financeiras
Se sobrepõem aos interesses dos Estados e governos
Eleitos por milhões!

Dizem-nos que “vivemos acima das nossas possibilidades”!
O que quer isto dizer?
Que uns poucos lambuzaram-se com subsídios,
Construção de autoestradas
E outras tretas que tais,
Agora nós pagamos todo esse fausto!

Dizem-nos que temos de ser honestos
E pagar na totalidade a nossa dívida,
Mas
É necessário interrogarmo-nos
Porque é que a Alemanha, em 1953,
Viu a sua dívida perdoada em dois terços
E agora é negada aos outros essa possibilidade?
Porque seremos nós diferentes?

Basta que nos enganem com a frase
“A crise é para todos”,
Se assim é,
Como é possível que haja mais ricos em Portugal?
Como é possível que os ricos sejam mais ricos?
Como é possível que a classe média esteja em vias de extinção?
Como é possível que os pobres fiquem mais pobres?

Basta,
Chega de políticos medíocres,
De interesses ocultos,
De embustes, de meias verdades,
De mentiras!

Basta de liberalismo económico,
Que é uma teoria que solenemente me irrita
Pelo facto de, quando se trata de distribuir os lucros,
Estes são apenas para os acionistas,
Quando os prejuízos surgem, são para todos pagarem,
Porque o “risco é sistémico”!
O que quer que isto signifique!

Dois mil e catorze
É altura de acordar!
E de clamar,
Com convicção,
Basta!

Dois mil e catorze,
Seja o ano em que exigiremos
Ser tratados com respeito,
O ano de conquistar
Liberdade de verdade!