sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Um manifesto para o estio

O estio estremece e
Estabelece uma dimensão
Uma exclusão,
Um bafio encanecido.

Descansamos ao sol da praia ou
Na sombra das árvores,
Espraiamo-nos em discotecas ou em festivais musicais,

No entanto em várias terras do planeta
Não há tempo para repousar,
As bombas caem,
As metralhadoras estilhaçam a sua funesta mensagem,

Ainda noutras paragens
Crianças erguem-se de madrugada
Labutam anos a fio,
E no final
Morrem de inanição.

E aqui mesmo onde relaxamos
O desemprego continua insustentável,
Os políticos insuportáveis,
A sociedade insondável,
A liberdade questionável,
O capitalismo selvagem,
O espírito santo perverso,

Uma tempestade estival, ainda longínqua,
Mas insinuante,
Um sentido da tormenta,
Escarnece
Da vida,
Mas, quem sabe,
Poderá em si trazer
As origens da mudança!