Os dias que decorrem
Para as noites
Enfeitadas de notícias envolvidas
Em papel semântico,
Trazem-nos novas da guerra,
De uma forma quase bíblica,
Uma espécie de palavras cruzadas
Diluídas num paleo de incenso.
Estamos num mundo esquizofrénico,
Devoluto,
Mas impregnado de religiões,
Umas mais esotéricas, outras
Menos,
Onde a racionalidade é um embuste
Triste,
Talvez mesmo disfuncional,
Alguma razão para acreditar?
Alguma ideologia capaz de
Ultrapassar a memória predatória do
Homem?
Algum sinal cósmico de bonança?
Alguma hipótese realista de um
Nirvana?
Ainda que sem Cobain?
Alguma religião eficaz?
Já que pertinazes
Serão elas.
Algum Homem?
Alguma Mulher?
Algum cenário plausível?
Alguma razão para indagar?
Alguma réstia de liberdade para
Viver?
Algum queixume para indignar?
Alguma fotografia de criança jazendo numa
Remota praia,
Estendida na nossa consciência?
(A utilização do verbo travar para o decorrer de
Uma guerra merecia uma explicação freudiana)
Mais humanos para matar?
Mais ozono para degradar?
Mais armas para vender?
Mais Twitters para comprar?
Mais mentes para dominar?
Mais mentiras para espalhar?
Algum novo mundo para
Conquistar?
Algum ego para adorar?
Algum para ignorar?
Alguma inquisição para reativar?
Alguém realmente vivo nesta
Realidade?
Alguma muralha para escalar?
Algum livre-arbítrio restante?
Alguma interrogação real?
Alguma exclamação autêntica?
Alguma evolução na História da
Humanidade?
Algum entendimento?
Algum vislumbre da irrealidade na vida?
Algum esperma no caminho,
Perdido em algum ato de contrição?
Algum final feliz?
Algum final sequer?
Será que temos hipótese de um início?
Será que existe um espaço que separa o começo do
Fim?
Serão questões a mais?
E, afinal, a vida é só para viver,
Da melhor forma que conseguirmos,
Da melhor maneira que a entendermos?
Apenas e tão só isto?
Que se verdade for, terá a dimensão do
Universo,
Resplandecerá como uma Supernova,
Será, afinal, a nossa,
Liberdade!