A força de um abraço
Angolano
Envolve-nos na sedosa sensação
De um espírito austral e
Leve,
Incumbe a natureza
De assaltar a profundidade das sensações,
Derrubar preconceitos,
Sublime na astúcia da brisa refrescante,
Num ambiente morno,
Imponente na sombra trepidante do
Imbondeiro,
Amplexo complexo que se espraia num
Mar azul profundo,
Viagem a um tempo estival,
Respirando na condensação de uma cerveja gelada,
Um sol inebriante,
Um gin tónico refletido no deambulante gotejar
Que percorre o copo de lés a lés,
Corpos, geralmente escuros,
Bronzeados por milénios de insolação
Inclemente,
Contraste,
Fortíssimo contraste social,
Chocante até!
Miscelâneas de sabores, odores e
Cores,
Natureza telúrica,
Ancestral,
Comovente no seu enigma,
Pôr-do-sol intenso,
Plasmado numa noite fluída
Num espaço meridional,
Leve,
Ritmado por conversas lentas
Amenizadas pelo tom abraseado do céu,
Diamante à espera de lapidação,
Trópicos sapientes,
De uma sabedoria remota e
Mágica,
Amizade efervescente,
Evanescente,
Libertada de amarras,
Acrisolada na
Totalidade da vida,
Um vigésimo oitavo quilómetro
Perdido e
Achado,
Presente convocado no passado
Casas, pessoas,
Uma savana perpétua e
Infinita,
Inóspita, e,
Ao mesmo tempo,
Amigável e
Convidativa,
Salutar,
Um mupinda respirar e
Amar,
Amboim, bar, terra, gentes e,
Em especial,
Coração!
Porto Amboim, 12 de
abril de 2017
Matosinhos, 19 de
abril de 2017
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