sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Desaparece na hora do lobo/cão*


Ouço um ruído surdo que se propaga pelo mundo
Anuncia o que muitos não querem ver,
Denuncia o que escamoteiam,
Desaparece na hora do lobo/cão,
Longe do pêndulo que acaricia o tempo,
Esquecidos da história marcham em cardumes cardados
De tubarões esfomeados,
Nomeiam-se Trump, Bolsonaro, Salvini, Órban, Ventura ou
Qualquer outro
Que aspire a radicalização, a violência, o racismo,
Vivem do medo, da ignorância,
Da incerteza da economia neoliberal,
Do campo fétido em que a União Europeia se transformou,

É tempo de acordar antes que uma nova versão das Schutzstaffel
Irrompa nas nossas cidades!

Greta Ernman Thunberg,
Não consigo perceber a sanha que contra ela se levanta de muitos,
Será que uma rapariga não tem direito a expressar a sua opinião?
O que incomoda tantos?
A verdade?
O sentimento de culpa de todas as gerações que vão destruindo o planeta?
A imbecilidade de uns tantos?
A maldade pura?

Só posso argumentar
Hajam muitas outras e outros,
Discutam-se os problemas,
Distingam-se os predadores das presas,
Encontre-se uma equação que permita resgatar
O mundo!

É tempo de despertar antes que a Terra amanheça no Inferno!

*Inspirado na expressão “La hora lobicán”, do último, verdadeiramente o último, disco de Patxi Andión (expressão galega que se refere à hora do amanhecer em 
que os lobos e os cães se confundem, uma bela metáfora para os dias de hoje)