quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dezembro

O mês de Dezembro
Oferece o frio, a chuva, a neve,
Os dias curtos e tristes,
Convida à lareira, à conversa, ao calor,
Ao carinho,
Promete o amor!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Festas Felizes...

És…

És o sol, a lua, as estrelas do firmamento,
As incontáveis galáxias que iluminam o universo frio e escuro,
És o ponto de exclamação no final da frase,
És o sorriso que resplandece na tua face linda,
O olhar que penetra fundo na alma,
És o fogo do relâmpago que sobressai
No meio de uma intempérie avassaladora,
És a melodia que impregna o ar de vibrações,
A voz terna e sensual,
A paixão ambiciosa que cintila no teu olhar,
És um desígnio da Natureza, uma beleza consumada,
O romance perfeito!
És minha… 
Ainda que possa ser 
Apenas um desejo!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Se precisares…

Se precisares de conversar,
Diz-me,
Que eu falarei.
Se precisares de silêncio,
Diz-me,
Que eu calar-me-ei.
Se precisares de companhia,
Diz-me,
Que eu lá estarei.
Se precisares de solidão,
Diz-me,
Que eu irei embora.
Se precisares de rir,
Diz-me,
Que eu serei um palhaço.
Se precisares de um carinho,
Diz-me,
Que eu abraçar-te-ei.
Se precisares de amizade,
Diz-me,
Que eu serei teu amigo.
Se precisares de amor,
Diz-me,
Que eu amar-te-ei.
E ainda que nada me digas,
Vou sempre tentar adivinhar!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Falas-me de amor

Falas-me de amor,
Eu escuto-te,
Numa osmose perfeita!

domingo, 12 de dezembro de 2010

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Elogio dos 50

Aos 50,
A juventude transmuta-se
Em mulher,
Alcança a vida,
Plasma a solidez de ser,
Desfruta o momento,
Assume as emoções,
Inebria os sentidos
Conquista a beleza interior,
Escondida mas visível,
Irradia, sorri,
Ilumina o universo!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mudar o mundo

Entraste de rompante,
Sem bater à porta,
Como uma súbita tempestade,
Saída do nada.
Olhaste com uns olhos sérios e doces,
E em silêncio,
Gritaste,
Uma voz calma e penetrante
Que ecoou por todo o meu ser,
Fez-me estremecer,
Abalou-me,
Mudou o meu mundo!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Espaço e tempo

É preciso conquistar espaço e tempo para te
Alcançar,
Amar-te despudoradamente,
Aconchegar-me no teu regaço perfeito,
Adorar o teu pensamento límpido,
E olvidar todo o mundo para lá de ti!

domingo, 5 de dezembro de 2010

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O teu corpo

Desfrutar o teu corpo numa noite glacial,
Percorrer toda a doçura da tua pele,
Queimar-me no fogo dos teus lábios,
Tactear os caminhos do amor,
No ambiente acolhedor e terno de uma lareira,
Eis um sonho que eu desejava realidade.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Uma madrugada em Dezembro

Uma fria madrugada de Dezembro,
São duas horas da manhã,
A neve, lá fora, engrandece a paisagem,
Na lareira rodopiam labaredas inconstantes
Que em vão procuram acalmar o frio.
Escrevo-te uma carta,
Relembro-me das quentes noites do Verão
Quando o calor trespassava as ideias
E a transpiração ofegante colava os corpos
Unindo-os num amplexo vibrante,
Os teus beijos refrescavam a minha sede intemporal,
A tua voz embalava doces promessas,
E no entanto,
Uma inquietude pairava sobre os sentidos,
Uma nuvem projectava uma sombra indefinida,
Corríamos para um labirinto sem saída,
Enredados em demasiadas sensações.
Olho pela janela entreaberta e
Uma névoa brilhante reflecte a luz da lua
Com uma graça diletante.
A carta cai no fogo e metamorfoseia-se em cinzas
Que esvoaçam delicadamente para logo desaparecerem,
A natureza aquieta-se,
Instala-se uma paz que tudo releva,
Cresce uma harmonia no lento passar dos tempos,
Invade todos os poros do corpo,
Viaja em uníssono com o pulsar do Universo,
Transforma-se numa emoção,
Tranquila, esfuziante, insinuante,
A felicidade!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Hello

Hello
Endless road, doesn’t
Lie to me,
Existence must be a
Narrow path to
Achieve!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Eras única

Eras única,
Diferente,
Especial, muito especial,
Tinhas uma aura que
Embelezava o mundo em teu redor.
Então um dia
Acordaste,
desapareceste do sonho!

domingo, 21 de novembro de 2010

No caminhar da noite

No caminhar da noite
Desvendam-se campos semeados de sonhos,
Onde desabrocham flores lisonjeiras,
Adornam a existência com fragrâncias expectantes,
Cores viçosas e ribombantes,
Açulam desejos e anseios,
Catapultam suspiros,
Ofertam a aras recônditas
Uma dança estonteante,
Um merengue exótico e perturbador que
Agita a vida!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Avec Le temps, Léo Ferré

O passar do tempo

Avec le temps, va, tout s'en va
Léo Ferré

 
O passar do tempo esbate a memória
Da época em que os teus beijos aportavam
Nos meus lábios um sabor terno e gentil,
Uma guloseima que suavizava o acontecer do dia.

O passar do tempo dilui o contorno da tua face
Numa neblina que distancia o calor do teu sorriso
Para uma lonjura da qual não há regresso
Nem réplica anunciada.

O passar do tempo enfraquece o abraço
Que trocamos na despedida de uma noite,
Uma quimera vivida num período curto
E alucinante.

O passar do tempo amarelece as folhas
Do livro que te ofereci,
Volvem-se quebradiças, transformam-se numa saudade,
Tornam-se uma perfeita metáfora do amor.

O passar do tempo afasta as emoções,
Torna-as inócuas,
Esborratadas,
Imagens fantasmagóricas de um filme muito antigo,
Emudecem…
Sobrevive a melancolia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sentes?

Sentes a chuva a latejar na rua
Como ondas violentas que emanam do centro do corpo
E se disseminam pelos corpos?
Sentes o cansaço que se desprende das pernas
E atravessa todo o ser
Como uma vaga que submerge a imensidão
Do cosmos?
Sentes a ironia das palavras proferidas
Num momento de evasão da razão?
Sentes a tristeza tomar forma,
Invadir toda a percepção,
Afectar o modo como se entende o mundo?
Sentes a rudeza do gesto,
A fuga dissimulada,
A hipocrisia afectada,
A atitude grosseira?
Sentes o planeta a mover-se
Entre o dia e a noite,
O Inverno e o Verão?
Sentes a aragem no cabelo numa noite de Outono,
Inflamando de vida a essência das coisas?
Sentes o percurso em ziguezague da rua
Que se prolonga por distâncias insondadas e
Tempos incógnitos?
Sentes o tremor da mão
Ao acariciar a face amada?
Sentes o Sol da Primavera na pele
Aquecendo a existência com
O calor das estrelas?
Sentes o presente que se afasta
Para o futuro,
Envolve-nos num nevoeiro de mistérios
Intensos e impenetráveis?
Sentes o sonho quando se transforma
Em pesadelo?
Sentes as promessas, ainda que não escritas,
Quando se tornam ocas e vãs?
Sentes o medo, o ódio, a alegria, a liberdade, o amor?
És capaz de sentir?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Escondida na profundidade do olhar

Escondida na profundidade do olhar,
Na incerteza do destino,
Embarga-se uma verdade,
Sepulta-se uma sina.

Ainda que levante os braços,
Numa prece imemorial,
As memórias escapam em fios
Que brilham ao sol do entardecer.

Escondida na profundidade do olhar
Reluz uma gota impermeável da
Seiva que move as criaturas conscientes,
Líquido afogueado e acidulado,
Emite convicções e emoções.

Escondida na profundidade do olhar
Jaz uma dor pertinaz,
Solene, fleumática, inexorável,
Carpida no enredar da vida.

Escondida na profundidade do olhar
Permanece um vulto coloquial,
Alusão a um passado, presente e futuro.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Refrigério

A palavra-refrigério,
Consola a inteligência,
Mitiga a circunstância,
Alivia a dor.
Em muitos casos é
Um lenitivo essencial,
Um bálsamo proverbial,
Mas nada acrescenta,
Não muda a essência da vida!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A solidão é vasta

A solidão é vasta,
Ocupa um espaço quadridimensional,
Prolonga-se no tempo,
É hedonista em si mesma,
Um tudo nada pedante,
E abriga-se no espírito,
Preenchendo-o lentamente,
Arreiga-se ao quotidiano,
Implode na razão,
E torna-se uma guia,
Um azimute que se perpétua,
Uma voz que se escuta com fervor,
Converte-se na própria vida!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Aonde?

Para onde?
Para onde corre o pensamento
Naqueles dias de chuva e frio?
Para onde corre o rio
Durante a maré alta?
Para onde corre o vento
No interior do deserto abrasador?
Para onde vão os suspiros
Num dia melancólico?
Para onde vai a fantasia
Num momento sem inspiração?
Para onde vai a saudade
Quando a ausência se demora?
Para onde foge o pensamento
Numa noite de insónia?
Para onde vão os meus passos
Num passeio sem rota marcada?
Sempre para perto de ti!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Intensamente

Há um ritmo que se esconde para
Lá do conhecimento.
É onde nasce o azul do céu que
Respira de um modo intensamente belo.
E desse lugar mítico
Emerge um intelecto que
Revela um
Amor doce e sereno!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Preciosidade

Procura,
Encontra,
Explora,
Luta,
Segue-o até onde te levar, porque
O amor é assim mesmo,
Esconde-se em lugares improváveis,
Esgueira-se entre os dedos,
Disfarça-se com máscaras insondáveis,
Refugia-se em esconderijos inexpugnáveis,
Elabora razões metafísicas,
Assume formas diversas,
Ri-se do tempo e do momento,
Aniquila-se tantas vezes,
Que verdadeiramente é uma preciosidade
Única.

domingo, 24 de outubro de 2010

sábado, 23 de outubro de 2010

Ela é…

Ela é…
Uma constelação longínqua do zodíaco,
Uma parábola de moral iníqua,
Uma madonna da Renascença italiana,
Uma fotografia envelhecida,
Uma recordação estremecida,
Uma memória sofrida,
Um encontro adiado,
Um sentimento embotado,
Um sonho perdido.

Ela é…
O relâmpago que fende a atmosfera,
O tempo a transcorrer no relógio,
O mistério da vida,
A folha em branco pousada na secretária,
A lágrima vertida em solidão,
A alegria de um dia de festa,

Ela é…
Fogo e água,
Deserto e floresta tropical,
Inconstante e fiel,
Surpresa e tédio,
Ambígua e assertiva,
Bonança e tempestade.

Ela é…
Mulher!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Direito à Indignação

Como afirmou o ex-presidente da República, Jorge Sampaio, todos os cidadão têm direito à indignação.
Diariamente estamos a assistir a um espectáculo degradante dos nossos políticos a propósito do orçamento: "São eles que deviam telefonar…", "A bola está no campo deles…", e mais uma quantidade de disparates quejandos.
Tenham vergonha! São os principais responsáveis por conduzir o país a este estado de inanição, vão despoletar mais uma crise económica que vai resultar no empobrecimento de todos nós, aumentam os gastos de representação do governo (!!!!) e ainda se dão ao luxo de brincar com a vida das pessoas.
A meu ver é inacreditável a falta de escrúpulos morais que revelam estes senhores.
Tenham um gota de decência e pelo menos comportem-se decentemente. Discutam aquilo que tem de discutir seriamente, façam o vosso trabalho, dêem o exemplo, reduzam os vossos gastos, tenham pudor!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Doce e selvagem

Mergulhar no regaço perfeito,
Domar os cabelos impetuosos,
Pernoitar no olhar aprazível,
Abraçar a indomável forma,
Capturar o passo elástico,
E só
Amar-te como és…
Doce e selvagem.

domingo, 17 de outubro de 2010

Gerúndio

Amo-te com a profundidade da paixão,
Amo-te em todas as conjugações do verbo,
Amo-te amando,
Assim mesmo
Com a pertinácia do gerúndio!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Gypsy Wife, Leonard Cohen

Diz

Diz que não me queres,
Não me amas,
Queres ir embora!
Mas di-lo,
Afirma-o alto,
Para que se saiba,
Grita-o,
Não te escondas!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Acreditar

Acredito no odor do teu perfume nos lençóis
Da minha cama,
Acredito na delicadeza dos teus dedos,
Acredito no poder de uma carícia,
Acredito na beleza do teu corpo,
Acredito na profundidade do teu olhar,
Acredito na incerteza do futuro.
Acredita na força do amor!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Recordações

Ramos pungentes,
Frutos coalescentes,
Cores aperaltadas,
Folhas fulgurantes,
Espinhos desembotados,
Raízes intensas,
Perfume singular,
Perfil harmonioso.

É a recordação que preservo,
Do entardecer na montanha,
Contigo no pensamento.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O encontro

Encontro-te em qualquer lugar do mundo,
No supermercado talvez,
Abraço-te com força,
Como a penetrar-te de
Desejos obliterados e
Nesse mesmo momento
Em que tudo acontece,
Sinto-me a mergulhar no esquecimento…
Encontro-me contigo, com o sonho e com
Eros…

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Toco-te com o olhar

Toco-te só com o olhar,
E revelas-te.
Admiro a argúcia do teu corpo,
Assumo a elegância velada dos teus gestos
Devasso a tua intimidade,
Aprendo a conhecer-te,
Dissolvo-me nos teus braços.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O caminhante

Na busca de um sentido,
De uma emoção,
Discorre um tempo sem fim
Que se perpétua num caminho de ilusões,
Vazio quase sempre,
Ponteado por raras sensações que
Iluminam fugazmente
Os passos vacilantes do caminhante.

domingo, 3 de outubro de 2010

Toco-te

Toco-te
Com o meu olhar de desejo,
No teu corpo nu e deserto.

Toco-te e evaporas-te,
Num som agridoce que plana
Suave e discretamente,
Até assentar,
Num pó brilhante.

Toco-te e resistes,
Queres ficar e fugir,
Percorrer a vida,

Toco-te e
Descansas,
Livre,
Descontraída.

Toco-te e a paixão
Transcende-se!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Muitos rostos

Muitos rostos
Ondulam na superfície da mão,
Escapam entre os dedos,
Embotam as linhas do porvir,
Aceleram acontecimentos,
Traçam oblíquas,
Rasgam paralelas,
Trucidam sentimentos.

Muitos rostos
Empalidecem,
Adquirem contornos indefinidos,
Alvoram cores espectrais,
Diluem-se,
Derramam-se no tempo.

Muitos rostos
Quebram,
Tornam-se puzzles incompletos,
Caminhos sem saída,
Perfumes sem odor,
Música sem som.

Muitos rostos,
Simplesmente,
Desaparecem!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Equidistante

Espelhada na vítrea superfície
Das frias águas,
A imagem revolta e trémula,
Reflecte o passado transbordante e
Tumultuoso.
Quando te afastas, o avatar
Dissolve-se e
Desprende-se um ar gélido
Que tempera a canícula estival.

Quanto mais perto
Mais longe pareces,
Um espectro na noite longínqua,
Cintila num ritmo lento,
E escapa num qualquer cometa
Que perpassa pela atmosfera,
A beleza do espectáculo
Anima as trevas durante dias,
No fim restam as cinzas
Gélidas e
Dolorosas.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A carta

A carta rasgada,
Amarrotada,
Jaz a teus pés,
Inerte,
Estremece ao compasso da brisa,
Incute-lhe uma centelha de vida,
Para logo se extinguir,
Como as brasas moribundas de um fogo
Outrora abrasador.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ao teu lado

Ao teu lado
A vida tem sabores,
Dissabores também,
É uma constante interrogação.
O mundo gira,
Nunca pára,
Há risos, lágrimas,
Agitação, calma,
Um caudal de probabilidades,
Uma plêiade de possibilidades,
Um cintilar de constelações,
Nem sempre fogo, nem sempre gelo.
O sonho aufere autenticidade,
A realidade cresce segura e genuína,
Aufere bondade.

Sem sofismas,
Nem falsas elegias,
Ao pé de ti
Há futuro!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Magia

Encontro uma alma vadia
Nas gotas de chuva que percorrem
O vidro da janela,
Traçando rotas,
Percorrendo erráticos caminhos.

Escondo-me num ritual de passagem,
Diria mesmo de ultrapassagem
De fantasmas que,
Por vezes,
Assolam as paisagens.

Escrevo sobre um cerimonial furtivo,
Oculto em locais profundos,
Velado por inúmeros pensamentos,
Camuflado em gestos quotidianos.

Disfarço-me de realidade
Nesta orbe ilusória,
Pareço mais real e preciso,
Que estrela de cinema
Impresso em papel de tablóide.

Ouço na rádio uma música
Plena de recordações esquecidas,
Activam-se hormonas bolorentas,
Penetra um cheiro a bafio, e
Depressa escapo dessa prisão.

Vislumbro pedaços da verdade,
Ainda assim inconsistente e
Desinteressante, mergulhada
Num limbo de nonsense,
Combalida e aturdida.

Recordo os teus passos felinos,
Percorrem estonteantes a sala,
Envolvem os sentidos numa letargia
Que afecta o discernimento,
Uma alegoria que fatalmente termina
Num acordar libertador.

O leve calor da aurora
Acentua as tonalidades que
De vermelho e amarelo ruborizam
O céu nascente.

As montanhas graníticas
Impregnam a atmosfera de sensações
Mágicas e
Inoculam uma sensação de intemporalidade
E segurança.

Da terra escapa a humidade,
Cria remoinhos de neblina que sobem no ar,
Alforriam fiapos de condensação,
Realçam a luz do Sol,

Abre-se uma passagem encantada,
Entranha-se um espaço de magia,
Sortilégio de uma vida!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Fractal





Na beleza misteriosa e não euclidiana
De um fractal,
Esconde-se a infinita dimensão
Da nossa ignorância.
Do mesmo modo que transparece
A nossa íntima ânsia de conhecimento.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A fotografia

A fotografia
Cintila no monitor,
Ficas com um ar estranho,
De ode inacabada,
Pareces irreal,
Saída de um sonho perturbador,
Onde a realidade se confunde com
A quimera.

E num clique asséptico,
Rápido e inodoro,
Extingue-se numa
Reciclagem factual
Prelúdio de um vazio primevo,
Onde se esgota a existência,
E começa um outro Universo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

domingo, 5 de setembro de 2010

A voz estremece

A voz estremece,
Lentamente,
Na exacta proporção em que
O meu olhar persegue o teu corpo,
Os meus lábios percorrem
O sabor a sal da tua tez marmórea,
A verdade dissolve-se na tua serenidade,
O amor derrete-se na boca,
Os corpos fundem-se e
Libertam-se em nuvens de vapor
Que acalmam.
Para logo se envolverem
Em tumultos desordenados
Que apenas mitigam a urgência
De novamente te fruir.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Aparição

Apareces
Proveniente da memória,
Na curva da estrada,
Provocas o acidente
E desapareces!

Reapareces
Envolta em nevoeiro,
Como um desdito e avoengo rei!
Mistério assimétrico e
Ao mesmo tempo ecuménico,

Mas…
Desvaneces no fluir dos dias,
Fica a ilusão da reminiscência!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Tempo

Há tempo,
A tempo de te encontrar
A escrever num caderno de capas plásticas,
Numa letra redonda e estilizada,
As memórias de um tempo
De emoções,
Em que as flores proliferavam
Mesmo em ambientes desérticos,
Tempo de alegria e tristeza,
Tempo de suposições,
De devoção,
Ainda que ímpia,
Um resquício da tua boca,
Um sacrilégio
Perdido na impiedade do pensamento.

E apesar das emoções vividas,
Nas recordações que permanecem,
Perdura um tempo banal
Que fenece embebido em
Nostalgia.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ironia

Antítese?
Paradoxo?
Amor?
Ódio?
Amizade?
Indiferença?
Não!
Apenas…
Ironia!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Palhaço

Chora,
Palhaço, chora,
E faz-me rir.

Alegra o dia,
Anima a noite,
Embeleza a alma,
Anima o corpo,
Embriaga a mente, e

Ri,
Palhaço, ri…

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Acordaste-me

Acordaste-me
De um sonho gracioso,
Encostaste-me à realidade,
Riste, e o som do teu riso
Ecoou, provocante e perverso,
No fluir dos momentos,
Quedou-se, sem alento nem alegria,
Num recanto poeirento e lúgubre,
E lá ficou
Para sempre esquecido.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O cerne

O cerne
Das dúvidas que se espalham, que
Nos rodeiam de afáveis mentiras,
Armadilham emboscadas
Bizarras,
Primordiais,
Primitivas,

No cerne,
Está o Paraíso,
Adão e Eva,
O pecado original,
A religião,
A moral dominante.

No cerne,
Estão os grupos económicos,
A globalização,
A estupidez transformada em
Cupidez.

No cerne,
Está a cobardia,
O medo da morte,
O receio de viver.

No cerne,
Estão as palavras escondidas,
O pavor de as pronunciar,
A fraqueza de as camuflar.

No cerne,
Está esta humanidade de agá minúsculo
Escrita.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A flor altiva

A flor altiva,
Jovial,
De ouro transvestida,
As pétalas volteiam no cume da aragem,
Espelham a luz da lua,
Reformam a beleza,
Esparzem perfumes lascivos.

A flor empertigada,
Na sua pujança máxima,
Enleva-se na vulgaridade!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Palavras

Palavras atormentadas,
Envelhecem em caves húmidas
E soturnas.
Ganham bouquet,
Aromas enigmáticos,
De cores ininteligíveis.

Abraçam-nos
Inebriadas pela fantasia,
Dormem e sonham,
Acordam,
Acompanham-nos,
Numa amizade inseparável.

Words, Neil Young

segunda-feira, 26 de julho de 2010

domingo, 25 de julho de 2010

Inconfidências

As inconfidências que teve,
As indiscrições que murmurou,
A deslealdade que mostrou,
O esquisso de personalidade que demonstrou,
A cobardia que professou,
A idoneidade que abandonou,
O ridículo que expôs,
Definem-na!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Incompreensões

Perdido na beleza da tua alma,
Escondido na clareza do teu olhar,
Ancorado no perfume que do teu corpo emana,
Incrustado na riqueza dos teus sentimentos,
Afogado pela leviandade dos teus actos,
Flutua, no limbo da percepção,
Um universo de promessas incompreendidas.

domingo, 18 de julho de 2010

Incongruências

Importante,
Embora
Desconhecida e irrelevante,
Seráfica,
Guerreira na sua génese,
Um tudo nada adulada,
Acidulada no sabor,
Ateísta por convicção,
Agnóstica por obrigação,
Incrustrada na existência,
Abalada por erróneas convicções,
Estupidificada por necessidades prementes,
Horrorizada com determinados comportamentos,
Impotente para modificar essas atitudes,
Vigorosa nas incongruências,
Espelhada,
Pintada com desvelo,
Fotografada…
E mesmo assim
Amada.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Perdido

Perdido
Na imensidão deste planeta,
Mesmo em lugares remotos e extintos,
Sinto as moléculas do ar fluirem,
Transportam instantes do passado,
Acumulam sedimentos,
Arvoram notícias velhas e rasgadas,
Informes,
Parafernália arcaica,
Arquétipo paradigmático
Da nossa solidão
Neste globo densamente povoado.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Uma noite enamorada

Move-se num ritmo rápido,
Ainda que delicadamente,
Na espera do amanhecer,
Numa longa noite enamorada,
Desperta em nuances mágicas,
Fascinada pela certeza do esquecimento,
Enlevada pela letargia,
Ancorada pelo entorpecimento da sedução.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Momentos raros

Entre as pessoas edificam-se muros
Que separam e dividem.

Por vezes, em momentos únicos e raros,
Estendem-se pontes,
Abrem-se portas que
Definem a nossa Humanidade.

terça-feira, 6 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Tenho pressa

Tenho pressa de te encontrar
Numa praça cheia de pessoas,
Num café vazio,
Na estrada tortuosa,
No compartilhar de uma música,
Num qualquer lugar,
Ao meu lado,
Irrelevante que seja,
Serás sempre graciosa,
Aprazível será a tua beleza,
Incondicional será o amor!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A propósito de Vincent van Gogh

Obscuro e impoluto,
Absoluto na ideia.
Imponderável e
Imprevisível na sua própria
Forma de estar.
Indefinível com exactidão,
Ousado e inquieto,
Inimaginável longe do
Génio.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Oximoro

O irresoluto poder da mente
Arguto nas suas conexões,
Errático nas previsões,
Afunda-se num silêncio vibrante.
Na sua petulância,
Desagua num lago
De fantasias
Apartado da realidade,
Onde assume a ligeireza da vida,
Mergulha na complexidade dos sentimentos,
Para emergir sorridente e diletante.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O teu olhar

O teu olhar tem fogo,
Tem gelo,
Desprezo,
Vivacidade,
Indiferença,
Amor,
Tristeza e alegria.

O teu olhar tem uma história
Que ainda não foi contada.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Perscruto o horizonte

Perscruto o horizonte,
Ao de leve,
Como se esperasse o sol que se eleva
Muito além das possíveis demandas.
Conjecturo o movimento a estender-se
Pelas ruas
E terminar no seio da interrogação.

Suspendo, por segundos, a respiração,
O sossego abraça-me na
Tranquilidade desta colina
Encostada ao oceano,
Ainda que longe em distância,
Perto em pensamentos.

Olho, mais uma vez, através da neblina
Que esfiapa os sentimentos,
Inculca-os em circunstâncias esquecidas,
Aprofunda o enigma,
Abre portas que encimam percursos,
Acolhe-nos com palavras de bonança,
Vocábulos de esperança.

Mais um passo, e aproxima-se o
Entardecer,
Envolve as memórias em ribeiros
Cristalinos que perfuram a solidez das pedras,
Refrigeram a sede,
Amansam a febre,
Aliviam a dor,
Apaziguam-nos
Serenam,
Pelo menos mitigam as
Tempestades.
Temperam a vida!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

Suave carícia

Num espaço fechado entre muros
Herméticos,
Uma suave carícia,
Grava a diferença
Entre o amor
E a indiferença.

domingo, 20 de junho de 2010

Sorri

Sorri,
Sorri mesmo que ao de leve
E acorda o mundo
Que se afunda em petróleo derramado,
Em mudanças climáticas anunciadas,
Em crises económicas enviesadas,
Em discursos de políticos medíocres,
Em campeonatos de futebol apalhaçados,
Em concursos televisivos agoniantes.

Sorri,
Porque o teu sorriso proporciona ao planeta
A beleza que, neste momento, lhe falta.

sábado, 19 de junho de 2010

O que permanece…

Esmorece a recordação,
Definha o pensamento,
Afrouxa o sentimento,
Enfraquece o olhar,
Desfalece o corpo,
Deprime a agitação,
Esgota o engenho…
Fica a revivescência idealizada.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O tempo

O tempo que colide num
Outro momento,
Arrasta-se
Dolorosamente,
Num perpétuo movimento,
Uma órbita profunda
Embutida no destino.

Um tempo
Sombrio, indistinto,
Lúgubre,
Indistinto de qualquer outro,
Ambíguo na sua ambição.

Um tempo
Conspícuo, respeitável,
Mas oculto em dúvidas e
Incertezas.

Um tempo
Paralelo,
Sem direcção assumida,
Sem imagens,
Sem forma
Nem propósito.

Um tempo
Antropófago,
Cravado nas forças telúricas,
Que irrompem,
Selvagens, indomadas,
Omnipresentes,
Iníquas.

Um tempo
Que se esgota em clepsidras
Borbulhantes espalhadas por superfícies
Imaculadamente brancas,
Assépticas,
Virgens de acontecimentos.

Um tempo
Ignoto, perdido
No labirinto da existência,
Uma época remota,
Delida na memória.

Um tempo
Arredado do
Tempo.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Aproxima-te

Aproxima-te,
Percebe a vontade dos corpos,
Os seus desejos,
Sente os seus anseios,
Percepciona a consciência
E queda-te aqui,
Junto da paixão.

Nesse sítio,
Preciamente aí,
A fragrância do teu ser,
Adquire um porte admirável e
Onírico.

Escuto os segredos do vento
Que reinventam o teu sorriso,
A perfeição do teu vulto,
O intelecto que perfuma o ar
Com promessas loucas,
Seguramente insensatas,
Mas ansiosamente procuradas.

sábado, 12 de junho de 2010

Ela

Ela,
Outrora vibrante,
É uma imagem esbatida
E melancólica,
Que persevera na memória.

She, Elvis Costello

quinta-feira, 10 de junho de 2010

As palavras

As palavras têm matizes,
Interpretações várias,
Por vezes antagónicas.
Transportam ódio, amor, indiferença.
Abalroam,
Explodem, atordoam,
Implodem,
Agridem ou são
Ternurentas,
São compreendidas ou
Geram mal-estar.
Escritas, faladas ou
Pensadas,
Originam exegeses diferentes.

Mas é possível escolher e
Gostar das palavras
(Muito para lá do seu possível conteúdo)
Pelo que
Acalentam de sentido estético e
De emoção pura!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um momento de loucura

Um momento de loucura,
Só um breve instante de insanidade,
Para contigo voar
Para longe deste dia,
Dançar sobre as ruas desta cidade,
Adejar ao sabor do vento,
Enfunar o anelo
Como velas na intimidade da tempestade,
Ascender à estratosfera,
Acarinhar o desvario
E exaltar o amor.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Esquece o caminho

Esquece o caminho
Planeado,
Viaja sem rumo,
Interpela o desconhecido,
Pára,
Senta-te e
Escuta o coração,
Entrelaça os pensamentos,
Incute ânimo,
Responde às perguntas,
Abandona o refúgio,
Mostra-te,
Age com emotividade.

Perscruta o presente,
Liberta o futuro,
Encontra a autenticidade,
Corre, navega, voa
Expande a tua consciência,
E vive como desejas.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Simplesmente

Procuro a tua companhia,
A tua voz,
Afagar a tua mão,
Escutar o teu carinho,
Adormecer no teu regaço…
E simplesmente
Esquecer tudo o resto!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

terça-feira, 1 de junho de 2010

A palma da tua mão

A palma da tua mão
Encerra o segredo do futuro
Que a tua alma cigana
Certamente intuirá.

domingo, 30 de maio de 2010

O lento escapar do dia

Do lento escapar do dia
Emerges de um fundo cinzento,
Como uma imagem multicolorida
Envolta numa enigmática bruma
Em que te refugias.
E o dia submerge na noite,
Adensa as sombras,
Implode o pensamento que
Num rápido vislumbre,
Rodopia num bailado frenético,
Colapsa as sensações em
Reminiscências quase
Imperceptíveis que
Serenam e suavizam as
Recordações.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O olhar errante

O olhar errante
No horizonte distante e inatingível,
Fica o desejo,
A vontade de procurar,
O sonho de compreender,
A liberdade de te imaginar,
De te tocar,
Ainda que na utopia do devaneio.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A entrada

A entrada,
Saída,
Busca de uma trajectória,
Gera uma pergunta,
Eclipsa uma dúvida e
Mergulha numa perplexidade.
A suspeita desflora a interrogação,
Ponto de partida que se confunde
Com a chegada,
O percurso pleno de sinuosidades,
Umas côncavas outras necessariamente
Convexas.
Arqueia o raciocínio na procura da causa,
Da rota,
O fio-de-prumo impõe caminhos,
Atalhos onde se perde,
Trilhos onde se encontra,
A álea de flores coloridas
Deslumbra o jardim,
Tece melodias que
Magnetizam a aragem fresca,
Imprimem recordações duradoiras,
Enamoram o crepúsculo e
Embalam num delicioso abraço
No fenecer do idílio,
No alvorecer de outro!

domingo, 23 de maio de 2010

sábado, 22 de maio de 2010

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sortilégio

Emana do teu corpo
Um sortilégio tal
Que encanta como
Uma serpente mágica
Sedutora.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A solidão eclode

A solidão eclode,
Assim num dia de
Canícula primaveril,
Tomba com um frémito,
Opressiva e basculante,
Cobre todo o corpo
Com uma fina
Mas intransponível película
Que isola e
Esconde.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O beijo

O beijo,
Um simples e tocante
Beijo
É (por vezes)
Uma promessa tão forte que
O pensamento pára,
O Universo acelera para lá
Dos limites da velocidade da luz,
Os neurónios saracoteiam
Numa miríade de luzes multicoloridas,
As ideias entrechocam-se sem nexo,
A fluidez da palavra esgueira-se
Em ocultos recantos,
O coração olvida uma batida e
A ternura desagua
No corpo tremente.
Assim o senti!
E tu?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sensações dialécticas

Corpos que se atraem,
Sensações que unem,
Sorrisos que enlevam,
Olhares que cativam,
Pensamentos que aproximam…
Uma agonia que divide,
Um costume que aparta,
Uma dúvida que se agiganta…

quinta-feira, 13 de maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O desejo submerge

O desejo submerge a torrente
Numa fábula encantada onde
O teu corpo imprime ondas telúricas
Ao meu devaneio,
Um cataclismo,
Turbilhão de prazer,
Fascínio que amálgama
Os nossos corpos
Numa maré de prazer.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Longe, longe, longe

Longe, longe, longe…
Tão longe e
Ainda mais,
Perdida
Na razão da vida,
Na incerteza dos sentimentos,
Para lá do horizonte,
Além do consciente,
Em lugares recônditos,
Sáfaros, irrequietos,
No limiar do infinito,
Já delida na memória,
Dissolvida nas recordações,
Reminiscência dos tempos,
Crisálida criptográfica
Metamorfoseada numa ideia,
Fímbria da oportunidade que
Se malbaratou mas
Nunca desprezada
Nem esquecida!
Simplesmente venerada!

sábado, 8 de maio de 2010

Emoções

Toco a tua boca com
Lábios de fervor,
Acaricio a tua língua com
Ímpeto,
Bajulo os teus olhos com
Veemência,
Afago a tua pele com
Carinho,
Recebo o teu tremor com
Volúpia,
Envolvo-me nos teus braços com
Harmonia,
Delicio-me com
O teu ardor,
Beijo-te com
Amor!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Dentro de ti

Se fosse possível
Viveria dentro de ti e
Escutava todos os teus pensamentos
E fantasias.
Reacendia as brasas,
Imolava-as num incêndio devastador.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Um olhar distante e indiferente

Um olhar distante e indiferente
Fere como lâmina acerada,
Rasga feridas profundas,
Vastos desertos,
Espaços abertos na floresta
Das emoções.

domingo, 2 de maio de 2010

Um futuro

Uma folha no fundo da chávena,
Esmorece num futuro profetizado.
Aos deuses compete vangloriar-se do destino,
Aos mortais cabe o propósito mais modesto
De experienciá-lo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

Os amores…

Adivinha,
Fala,
Escreve
Porventura uma mensagem
Virtual,
Acaricia-me,
Ama-me,
Grita e
Esquece-me
Nessa névoa encantada e
Sebastiânica,
Onde permanecem
Prisioneiros,
Reféns deles mesmo,
Mas sempre recordados e
Envoltos em saudade,
Os amores desperdiçados…

domingo, 25 de abril de 2010

Estremeço

Estremeço,
Embeveço,
Enlouqueço…

Por contigo
O meu sonho
Se encontrar!

sábado, 24 de abril de 2010

Em ti

Em ti pulsa
Um coração
Pleno de emoção!
E eu gosto dele assim
Porque é aquilo que és!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A energia

Escutar a energia que nos alenta
Traz-nos memórias e
Guia-nos por entre desafios,
Aproxima o nosso próprio entendimento,
Vive e cresce
Com a própria vida!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Rubicão

Amo-te
Como o relâmpago se completa
No trovão,
Como se a tua alma fosse, num
Único dia de vida,
A minha própria consciência,
Como a água fresca mata
A sede,
Amo-te
Ainda que seja preciso
Atravessar obstáculos,
Fogos e éticas absurdas.
Que seja necessário
Ultrapassar o Rubicão,
Lá estarei,
Já do outro lado,
Com uma mensagem de esperança e
Amor.

Stay with me, Vaya con Dios

terça-feira, 20 de abril de 2010

Noite

Enlaço a noite
Com a sofreguidão
De estreitar uma velha amizade,
Abarco a imensidão da negritude,
De modo a
Captar o sortilégio que dela escapa,
Navego na torrente, e
Escuto o rumor que ao de leve
Assoma de forma imprecisa mas real.
O encantamento perdura na imensurabilidade
Das galáxias que se disseminam em
Pontos minúsculos que brilham,
Ardem, faíscam,
Coruscam,
Estremecem, gritam,
Abrangem de forma imponderável
O absoluto.

sábado, 17 de abril de 2010

Esquecimento

Recordei-me de ti
E nesse preciso momento,
Nesse mesmo instante,
Num ápice fulgurante…
Esqueci-me!

Olvidei a tua voz, a tua face,
O teu corpo, a tua realidade.

Esqueci-me de ti,
E curioso,
No fim…
Só resta o pó
A esvoaçar suavemente
Na leve aragem
Que percorre o corpo.

E o esquecimento,
Numa ocasião rara e fascinante
Converte-se
Numa recordação querida e
Amada.

Watch Her Disappear, Tom Waits

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Melancolia

(Uma centelha de romantismo, ainda que perdida no século XXI, não deixa de ser uma incongruência apelativa!)

Melancolia
É uma palavra suave,
Nem assustadora nem pelintra,
Mais do que uma emoção
Traduz um passado
Vivido numa luz crepuscular,
Num pôr-do-sol afogueado.
Não é o riso sadio
Mas também não é o choro convulsivo,
É calma como os meandros
De um rio preguiçoso.
Alimenta o dia-a-dia da poesia,
É uma sensação bucólica
Perdida neste mundo urbano,
Lógico e mundano.
Merecia certamente um cartaz,
“Procura-se viva
Que morta já está”.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Uma vida…

Um dia em que se corre para um destino,
Uma semana que se abre para o desconhecido,
Uma vida que seja experimentada,
Uma alma que seja habitada,
Uma paixão sentida
Ainda que negada,
Um futuro pressagiado,
Uma escrita desejada…
É um intuito cumprido
Embora para o satisfazer
Seja preciso viver uma vida...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Perfume primaveril

Chilrear dos pássaros,
Perfume primaveril,
Acendem reminiscências
Que envolvem o ar,
Imprimem no desconhecido,
De uma forma indissolúvel,
A tua maneira de ser e o
Amor que por ti sinto.

sábado, 10 de abril de 2010

Mágica presença

A chuva abate-se com fragor e violência
Sobre o telhado,
O vento desamparado
Estremece de furor,
As árvores rangem de pesar,
A lua esconde-se temerosa e fugidia.
E no meio deste caos,
O som do espanta-espíritos
Flui calmo e confiante,
Reavivando as recordações
Da tua mágica presença.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Fragmentos da memória de um dia cinzento

A profundidade do mundo na
Mão esparsa de uma mulher.
O riso dilui-se na aragem fluida e
Crepuscular.
O ADN mitocondrial personifica o caminho
Seguro e linear para uma Eva primordial.
A dúbia solução bifurca-se num dédalo
De conexões neurais.
O nevoeiro denso esconde a dor armazenada
No passar dos dias.
A agonia lenta de uma emoção que se
Esvazia num pântano imemorial.

Longe
Tão distante que a voz
Esbate-se nos ecos,
Derrama-se na terra,
Esconde-se na sombra.

Longe,
Tão distante que a imagem
Incinera-se na fotografia imaginada,
Transforma-se em cinzas e
Voa livre e perdida.

Longe,
Tão distante que a memória
Esborrata-se numa recordação imprecisa,
E dilui-se na correnteza do rio
Que se espraia no mar.

Restam fragmentos destroçados que
Flutuam no espaço negro e vazio.
Amargos restos de uma seara outrora
Vibrante.
Revivem na superfície vítrea
De um dia cinzento.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Refúgio

O teu corpo é o meu refúgio,
Bálsamo trepidante,
Emoção que desenlaça
Para lá dos sentidos,
Espiral íngreme
Difícil de conquistar,
Doce de saborear.

Ainda a propósito das assimetrias

A certeza de desejar
Colide com a incerteza de
Não saber!

E o que poderia ser um
Idílico e suave prado
Transforma-se numa montanha,
De ravinas profundas e
Picos aguçados!

Agiganta-se a intenção
De tentar alcançá-la,
Freme a vontade de
Transpor a sombra e
Abarcar o Sol,
Promove o engenho,
Aguça a curiosidade,

Volve a vida
Mais interessante.
A beleza,
A profundidade,
O mistério,
O prazer...
Desembocam na assimetria,
Que de tão natural,
Rejuvenesce simétrica!

quarta-feira, 31 de março de 2010

Tom Waits

A tua música
Reverbera pela superfície,
Volteia nas superfícies opacas,
Translúcidas,
Divaga pelo ar,
Atinge o cerne,
Aturde,
Emociona, arrepia,
Questiona,
Envolve-se com a mente,
Acrescenta,
Converte-se
Numa parte da nossa essência.

terça-feira, 30 de março de 2010

domingo, 28 de março de 2010

O som do vento pairou

O som do vento pairou lúcido
Entre os ramos da árvore,
Escureceu o horizonte,
Apesar do ruído
O silêncio estremeceu no ar,
Escutei-o e prolongou-se
Pelo vazio da mente.

Assumi a verdade como intrínseca!

Mas na realidade é camuflada pelos
Gestos ensaiados,
Pelo mundanismo dos actos,
Em especial
A palavra que é dita enviesada,
Escondida,
Enfim,
Por tudo o que é declamado no
Palco da vida.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Reflexos

O livro de poesia com as folhas ainda em branco,
O vento a crepitar nas folhas das árvores,
O comboio que ondula titubeante na planície,
A imagem planetária na lente do telescópio,
As cores da Primavera que explodem nos sentidos,
O sol que se abate sobre a linha do horizonte,
O jogo de futebol que se inquieta na espera do golo,
A fotografia que recorda momentos de vida,
O luar que ilumina o desejo dos amantes,
A espera por um beijo apaixonado,
O quadro que emociona,
A música que se escuta,
A paisagem que se admira.

Tudo,
Tudo o que alcanço,
Tudo o que penso,
Tudo o que existe,
Tudo o que consigo imaginar,
És tu,
É a tua beleza
Reflectida na água da chuva,
No espelho,
No teu próprio reflexo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

Assimetrias

Rir,
Chorar.
Duas faces
Assimétricas
De um rosto.

terça-feira, 23 de março de 2010

Ausente… mas presente

Ausente
Mas presente
Na memória indelével,
Na ternura do pensamento,
Na alegoria da ideia.

Ausente
Mas presente,
Sempre,
No âmago mais íntimo e
Quente
Do meu ser!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Romance que se perdeu numa noite de chuva

Da tua voz
Nasceu um chamamento
Que eclodiu na mente.
Um rio impetuoso flutuou
Na turbulência da plenitude
Que então desabrochou.

Esparsas mas concisas,
Gotas de néctar perfumado
Aliciaram o romance que
A poesia avalizou,
A música acarinhou,
O namoro idealizou.

Imaginário Éden
Onde o pecado era uma ausência,
Uma miragem longínqua.

Até que chegou a chuva da noite,
Abruptas as nuvens fluíram pelo céu,
A escuridão,
Sem guias nem estrelas,
Escondeu o norte.
O negrume esvaiu-se em fantasmas
Que paradoxalmente brilharam,
Ofuscaram,
Obliteraram o caminho.

E choveu,
Choveu toda a noite,
Como se num pungente
Acto de soturna alquimia
A tristeza se transmutasse
Em agreste pluviosidade.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Indiferença

Momentos doces,
Por vezes amargos,
Uma hora presente,
Na seguinte ausente,
Um dia de simpatia,
No outro adversários,

Nunca indiferente,
Porque amar,
Ou ainda que seja
Amizade,
Nunca é a indiferença!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Cidade que abraça (Porto)

Cidade que abraça,
Percorre as ruas envoltas
Em névoa cinza e árdua.
Envolve,
Afaga com ternura,
Insinua apego,
Ilustra graça e
Desenvoltura.
Anima,
Fideliza e
Emociona.
É a minha cidade!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Como se estivesse

Como se estivesse a
Relembrar a essência do momento que se
Insinua num espaço
Sem grades, nem muros, tão pouco grilhetas.
Tudo se resume a uma
Inquietude da alma
Na exigente, mas recompensadora, demanda da
Amizade.

terça-feira, 16 de março de 2010

Entre um sorriso

Entre um sorriso e
Uma carícia,
Perpassa a distância de
Uma vida.
O ensejo que se explora,
A mão que se prende,
O suspiro que se aprisiona,
A paixão que empolga,
Ou não!

segunda-feira, 15 de março de 2010

!?

Por todo o lado
Como pó que esvoaça
Num quarto vazio e sorumbático,
As questões que se colocam,
As interrogações que se levantam,
As decisões que se tomam,
Os limites que se ultrapassam,
Os desejos que estacionam,
As emoções que vivificam,
As pessoas que se atrapalham,
O poema que permanece,
Ainda que escrito neste
Mundo virtual de bites e bytes,
Ainda assim
É uma poderosa interrogação!

sexta-feira, 12 de março de 2010

A minha religião

Relâmpagos escrutinam a noite,
Impregnam o céu com uma
Luz mágica que
Insinua na imaginação
O deleite do teu corpo nu
De mármore forjado.
Deusa
Por deuses esculpida!
És uma religião e
Eu sou o mais devoto
Dos sacerdotes.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Mistério ambíguo

É um mistério ambíguo!
Esconde-se entre palavras e
Ausências,
Ergue barreiras, muros e
Armadilhas,
Protege-se do desconhecido,
Afasta, divide,
Vence!
Conquista o que não deseja!

quarta-feira, 10 de março de 2010

A noite

A noite fustiga o pássaro de vidro que
Repercute uma melíflua nostalgia,
Como a ressarcir instantes de uma
Pretérita existência.
Abranda a vida, sacode o olhar,
Instiga uma ideia,
Assume-a,
Expande-a num tom épico,
Grafa-a,
Como que a gravá-la
Para o futuro
Onde a saudade sobrevive
Na memória.

domingo, 7 de março de 2010

O fluir do tempo

A serenidade deste vale,
A altivez destas montanhas,
A profundidade desta paisagem,
O azul-prateado do mar
No longínquo horizonte,
Aprisiona a palavra,
Torna-a vã, oca,
Superficial.

Abraça-me com força e
Deixa fluir o tempo…

sexta-feira, 5 de março de 2010

Tu és

Tu és a fantasia de um sonho,
És o Céu, o Paraíso,
O Purgatório e
O Inferno,
Tudo numa só vida,
Por vezes num mesmo momento,
E eu sou em ti!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Há necessariamente uma razão

Há necessariamente uma razão
Quando nenhuma transparece?
Há alguma razão além do conhecimento?
Há sempre uma interrogação,
Há uma incessante inquietação,
Um impulso que nos move num
Determinado rumo,
Nos obriga a renascer,
Como se os sentimentos existissem
Para lá do horizonte.

terça-feira, 2 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Procurei-te

Procurei-te…
E encontrei fogo-de-artifício,
Um paraíso para os sentidos,
Encontrei o mundo,
O universo…
E perdi-me…

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Frémito dos corpos

O coração estremece
Ao sentir o frémito dos corpos
Numa volúpia sensorial,
Onde num encantamento feliz
Acaricio a tua boca sensual,
Teus lábios húmidos,
Teus seios túrgidos…
O amor derrama-se
Em paixão!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Uma rosa

Uma rosa esmagada,
Vilipendiada,
Torturada,
Abafada,
Violada,
As pétalas arrancadas,
A seiva derramada,
Escalpelizada,
Odiada,
Triturada,
Silenciada.

Apesar disso e
Por tudo isso
Permanece uma rosa,
Vermelha,
Límpida,
Serena,
Bela,
Confiante,
Uma rosa
Orgulhosa!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Fragmento da memória

Um fragmento da memória
Adorna a verdade,
Suaviza o momento,
Arredonda-o,
Revive-o com carinho,
Enternece a circunstância,
Ainda assim uma realidade.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O desejo do poeta

O desejo mais íntimo
Do poeta
É ser capaz de…
Imaginar,
De escrever,
De amar,
Ser amado,
E quiçá mais notável,
De sonhar!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um desejo do coração

Um desejo,
Um desejo do coração,
É uma imagem de
Ternura,
Uma flor que se abre,
Um malmequer abandonado
Pelas suas pétalas
Que jazem espalhadas
Em desordem pelo chão,
É o caos,
É a liberdade.

Um desejo do coração
É sempre sublime,
É um desígnio em si mesmo,
Espalha em seu redor um
Perfume inolvidável.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Uma flor selvagem

A flor cresce na orla do caminho,
Bela,
Selvagem, indomada,
Verdadeira…
Um rumor inaudível passeia
Pela imensidão do bosque e
Acaricia a flor,
Com subtileza, delicadamente,
Transforma-a num símbolo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Num indeterminado tempo

Num indeterminado tempo,
Num indeterminado lugar,
Vivificará uma insignificante perturbação
Da ordem pré-concebida,
E uma semente há muito plantada
Florirá de um despretensioso sorriso.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Privação de Amor

Privar-me da tua boca é
Morrer de fome e sede!

Privar-me dos teus olhos é
Tactear titubeante o caminho!

Privar-me do teu coração é
Remanescer no limbo da melancolia!

Privar-me do teu corpo é
Esquecer a profundidade do belo!

Privar-me do teu intelecto é
Perder uma luz na noite escura!

Privar-me do teu amor é
Excruciantemente doloroso!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Valentine’s Day

Um dia como outros,
Um dia assim especial,
Único como todos os outros
Em que simples,
Mas intensamente,
Vives no meu pensamento

Perdidamente, Trovante

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Encontrar…

Olho acontecer
Numa estrada do pensamento
E sinto a minha
Alma vadia perdida
No entardecer da manhã,
Na página da Internet,
Na rede social,
No chat
E talvez ainda no mail.
O telemóvel que toca,
A televisão que anuncia,
O rádio que estremece,
A memória que desvanece.

E sinto-me um vagabundo,
Entre uma partida e uma chegada,
Uma viagem anunciada.
Entre um livro, uma música,
Uma poesia, uma afeição,
Um jornal esquecido sobre
A secretária.
Uma fotografia errante,
Um ritual que se transmuta,
A vontade de partir,
Ainda mais de encontrar…

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Universo de prodígios

Sem Deus
Nem Diabo,
Tampouco outras crenças,
Só eu, os outros, o acaso e
Algumas convicções.
É o que vislumbro
Neste universo de prodígios
Que é a vida!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Os sonhos por fugazes que sejam

Os sonhos por fugazes que sejam
Não deixam de o ser!
Mostram-nos o futuro,
Elaboram histórias,
Choram, riem,
Amam como se existissem.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Forma de estar

É uma forma de estar de
Certezas encomendadas e certificadas,
Entregues ao domicílio,
Selo da garantia apostado em lugar bem vísivel,
Verificação cuidada e meticulosa
Planificações rigorosas.

É uma forma de estar,
Não a subscrevo.

Gosto de aprender com os erros,
De mudar, de ser diferente.
Gosto de ser curioso,
Procurar e encontrar.
Gosto de amar a vida, a alegria,
A tristeza,
A ti.
Gosto da incerteza,
De tudo o que é misterioso, profundo
E secreto.
Gosto de lutar
Na simples busca
Da felicidade.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Afecto

Uma duna no deserto moveu-se
Cavou mais uma ruga
Esculpida pelo vento que sopra do sul,
Um grão de areia flutuou bruxuleante antes
De se imobilizar.

Tu que pensaste conquistar o centro do mundo
Contempla com atenção o horizonte,
Olha-me nos olhos profundamente,
Cala-me com o teu gesto brusco,

Andei por terras desconhecidas,
Vi homens perturbados,
Senti os seus gritos a perfurarem-me a pele,
Escutei a angústia do lugar.

Tu que pensavas conhecer o mundo,
Riste, e o teu riso desvendou
Segredos que estavam entrincheirados
Naquilo que és,

Na fria colina, mesmo onde se une com o céu,
Gritaste de dor mas um mistério
Ergueu uma cortina que te escondeu,
As árvores disso são espectadoras
Serenas e confiantes.

Eu sei que a razão parece aqui deslocada
E os anjos, ainda que imaginários, jogam aqui um papel,
Desconhecido é certo, mas ainda assim relevante
Na mística do que se pensa e escreve.

Assumi que o barco se afundou
Na tempestade que brotou da tua boca
Perdido na escuridão da noite,
As velas rasgadas, o leme partido,
O timoneiro ausente.

A televisão acesa recorda-me o lugar onde estou
Que por acaso é o sítio que interessa
Porque ontem e amanhã são sempre incógnitas
O que realmente importa é o presente.

E revisitando o passado,
Num determinado momento da vida
Perdeste-te no emaranhado de emoções,
A lua persiste no seu significado romântico,
As pessoas porfiam nos seus destinos,
Seguem os seus caminhos,
Os escritores perseveram na sua escrita,
O mundo continua a girar,
A história permanece no seu lugar.
Mas na realidade tudo fica descolorido,
De um cinzento pesado e triste.

Uma varanda sobre a cidade
Abre perspectivas ignotas,
O movimento que se distende
Nos teus lábios desvenda o enigma de um
Beijo apaixonado que envolve dois seres
Num mundo de afecto.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O livro, um livro

O livro,
Um livro
Que se constrói na
Leitura,
Cresce em sintonia com o
Pensamento,
Abre-se para uma surpresa constante,
Reinventa-se nas suas páginas,
Sugere ideias,
Engendra viagens e paisagens,
Recorda fotografias esquecidas,
Emana amor,
Abraça-nos com vontade…
É uma paixão perfeita!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Um caminho alcandorado na montanha

Um caminho alcandorado na montanha
Tem obstáculos,
Curvas e contracurvas,
Subidas e descidas.
Por vezes o piso de terra batida
Levanta nuvens de poeira
Que obscurecem a visão,
Vezes há que lhe perdemos o rasto,
Mergulhamos numa selva escura
E o Sol desaparece obliterado
Pelas árvores que impregnam
O nosso percurso.
As encostas são íngremes
Provocam dor,
Os declives vertiginosos
Emocionam mas causam vertigens,

É um caminho de magia,
Sempre reencontrado,
Uma meta sempre à vista,
Um objectivo sempre presente,
Como se a uma força
Comandasse o corpo e os
Passos tivessem vontade própria e
Nos levassem para onde o
Coração ordena.

domingo, 31 de janeiro de 2010

A fogueira

Achas que se incendeiam
Na fogueira,
Calor disseminado pelo corpo,
O fumo voa longe
Transforma-se em neblina,
Embacia momentos da vida,
Amplifica outros,
Recorda o que importa.
Espanta o frio!
Afugenta os fantasmas!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Um intuito

Um intuito,
Um propósito,
Percorrer a vida
Como ela é,
Nada mais!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Os amantes da música

A música desenha o pensamento.
Escutá-la absorver
Os sentidos, indicia
Um estado de espírito,
Deixar o timbre entranhar
Todo o corpo e
Percorrê-lo numa estranha simbiose
Que emana em êxtase,
Uma percepção irreal,
Uma maneira de estar
E sentir a própria existência.

God's Way on Business, Tom Waits

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um inescrutável mar de Inverno,

O sol busca romper
Por entre os fiapos da névoa
Que entretecem a manhã
Engalanando-a de tons sorridentes.

Contemplo
Um inescrutável mar de Inverno,
O rumor das ondas
Ricocheteia no espírito.
Do nevoeiro emergem
Dissimulados os
Perfis de várias ilhas,
Inventam ilusões e
O vai e vem da maresia
Desenha imagens fátuas na areia
Que se dissolvem em
Recordações desenfreadas,

Tocar ao de leve a tua face,
Explorar a riqueza das
Tuas ideias,
A beleza interior,
Afagar os teus sentimentos
É um poema por si só.

Nesta imensa praia deserta
Deleito-me com o voo das gaivotas,
Com a aridez das arribas,
Com a solidão deste litoral encantado,
Com os destroços que povoam o areal,
Com os pensamentos,
Com a vida,
Contigo.

Praia d’El Rey, 23 de Janeiro

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Esplendor de luz

Um corredor na penumbra,
Os passos tímidos
Percorrem-no
Tacteando o caminho,
A porta que se abre,
Outra que se fecha,
Outra ainda que range...
Por uma fresta perpassa
Um gomo de claridade que
Risca no chão escuro uma
Mensagem,
Gravada em tons de ouro,
Profunda, inabalável,
Indelével.
Necessita ser decifrada,
Reclamada,
Para escancarar a porta para o
Esplendor de luz.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Um encontro

Não falo de vitória
Nem de rendição.
Não há guerra, nem feridos,
Nem despojos.
Apenas uma troca de opiniões,
Um encontro não planeado.
As pessoas saíram,
Ficámos tu e eu
Num espaço fechado,
Preenchida pela música em redor
Que canta uma canção de amor e
Uma rosa vermelha que enternece
O ambiente.
E porque o tempo urge
Aconchegámos os corações num bater
Uníssono e delirante.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Nada me impede

Frio, chuva, vento,
Tempestades no mar,
Tornados em terra,
Tormentas de neve,
Calor, sol, calmaria,
Dilúvios no deserto,
Buracos no ozono,
Ostracismo, discursos de políticos,
Bombas atómicas,
De hidrogénio que sejam,
Nada me impede
De te amar!

Into My Arms, Nick Cave

domingo, 17 de janeiro de 2010

A tua voz

A tua voz
Penetra o espírito,
Induz devaneios de maravilha que
Ouso fantasiar quando
Escuto a tua voz,
Quando a imagino
Flutuar como uma carícia que
Me envolve em ternura.

As palavras…

Certamente as palavras têm um preço,
Que temos sempre de pagar,
Quer sejam proferidas ou
Caladas!

As palavras completam os afectos,
Às vezes são enganadoras,
Às vezes faltam,
Às vezes ofendem,
Portam tristeza
Outras alegria.

Crescem e de quando em vez
Tomam proporções titânicas,
Assumem decisões,
Proporcionam abrigo,
Pronunciam as razões e emoções,
São verdadeiras!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Uma história

Num local muito
Para lá dos lugares que se avistam,
Num sítio de tranquilidade,
Onde o Outono esvoaça para a Primavera,
As folhas planam nos sentidos,
Redigem no ar quedo
Canções que acariciam,
Acalentam a paixão,
Impulsionam para a acção.
Sítio áspero e sedoso,
De expressivos contrastes,
Irrequieto, intranquilo,
Um desassossego sadio,
Prelúdio de uma história
Que até pode não ser contada
Mas merece ser vivida.

Magnificent, U2

Um tempo…

Um tempo atrás de um
Outro tempo.
Um tempo de brumas, de
Espuma,
Um tempo solto,
Um tempo de atenção,
Um tempo de chuva e sol,
De arco-íris adoçando
Os céus,
Um tempo de reflexão,
De inflexão?
De emoções,
Nem sempre expressas mas
Sempre sentidas,
Um tempo de vivências,
De evidências,
Nem sempre planeadas,
Mas sempre acontecidas e assumidas.
Um tempo sentido,
Um tempo simples,
Um tempo que
Corre atrás do tempo…
Um tempo d’água e fogo!

Choose Love, Rita Redshoes

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O Graal

A busca de uma ocasião,
Do fulgor de um momento,
O instante que se proclama,
A sensação de proximidade,
A empatia natural,
Caminhar de mãos dadas,
Imaginar um mesmo futuro,
Acordar em uníssono na mesma cabeceira,
Compreender-se mutuamente,
É o Graal de uma vida.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Lá longe distante

Lá longe distante
Para lá da escuridão que se abate
Sobre este lugar vejo tremeluzir
Um ponto desvanecido no firmamento.

Olho e
Imagino galáxias de emoções!
Olho porque doi,
Olho porque é luz,
Olho porque o sonho nunca é
Subtraído da imaginação,
Olho porque é alegria,
Olho porque o futuro está logo aqui,
Olho porque apetece!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sempre

Por vezes a tristeza assume
A forma de uma mágoa que se infiltra
Numa melancolia dolorosa que
Brota, cresce, desenvolve-se,
Lança rebentos que se disseminam e
Obscurece o dia.

Mas há sempre um sorriso amigo,
Há sempre um caminho…
Um abraço terno,
Uma palavra,
Um gesto,
Há sempre uma emoção a partilhar…

domingo, 10 de janeiro de 2010

Um dia

Um dia fiquei
Preso pelo teu olhar…
E não procuro a
Liberdade!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Dança comigo

Hoje,
Em especial hoje,
Mas todos os outros dias
Da vida,
Convido-te para dançar
No espaço virtual,
Na imaginação,
Na praia ao som da maré,
No escurecer da noite,
No madrugar da manhã,
No centro da multidão,
Na intimidade do nosso abraço,
Onde quiseres desde que o
Amor esteja acessível.

Dance Me To The End of Love, Leonard Cohen

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010