quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Uma madrugada em Dezembro

Uma fria madrugada de Dezembro,
São duas horas da manhã,
A neve, lá fora, engrandece a paisagem,
Na lareira rodopiam labaredas inconstantes
Que em vão procuram acalmar o frio.
Escrevo-te uma carta,
Relembro-me das quentes noites do Verão
Quando o calor trespassava as ideias
E a transpiração ofegante colava os corpos
Unindo-os num amplexo vibrante,
Os teus beijos refrescavam a minha sede intemporal,
A tua voz embalava doces promessas,
E no entanto,
Uma inquietude pairava sobre os sentidos,
Uma nuvem projectava uma sombra indefinida,
Corríamos para um labirinto sem saída,
Enredados em demasiadas sensações.
Olho pela janela entreaberta e
Uma névoa brilhante reflecte a luz da lua
Com uma graça diletante.
A carta cai no fogo e metamorfoseia-se em cinzas
Que esvoaçam delicadamente para logo desaparecerem,
A natureza aquieta-se,
Instala-se uma paz que tudo releva,
Cresce uma harmonia no lento passar dos tempos,
Invade todos os poros do corpo,
Viaja em uníssono com o pulsar do Universo,
Transforma-se numa emoção,
Tranquila, esfuziante, insinuante,
A felicidade!

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