quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Take this Waltz, Leonard Cohen

Uma demanda de Ano Novo para os amigos

Percorre o teu caminho,
Encontra o teu porvir,
Determina a tua sorte,
Assume o acaso como algo
Passível de inebriar,
Lança os dados no altar
Da deusa Fortuna,
Decide, delibera,
Pensa, actua,
Fica no mesmo lugar,
Pula, dança,
Respira e ama,
Ri ou simplesmente sorri,
Ou não!
Como te aprouver,
Mas não te olvides de
Ser feliz…

A Amizade

A Amizade,
Como as coisas importantes da vida,
É incondicional,
É sempre!
Ponto de exclamação,
Parágrafo,
Ou não é!
Tão simples (ou complicado!) quanto isso. 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Uma reflexão para um Novo Ano Novo

Um espaço,
Uma liberdade que se conquista
Na luta, a convicção de chegar e
Encontrar.
Abalroar o destino, transcender os
Nossos medos,
Evidenciar a passagem de um tempo,
Embora, por vezes, seja a
Ilusão de um momento.

Arquitectada a história
Adquire um certo peso,
Como que abrindo um propósito,
Um ritual desconexo,
Outro momento no pó da existência,
Mais uma noite desvanecida na
Madrugada.
Uma evidência que se
Vaporiza em cristais de gelo,
Ameniza em fios de água
Que desaparecem no
Interior da terra,
Calcinando a paisagem
Elevando filamentos de fumo azul,
Oprimem a sensibilidade,
Transformam-se em nada.

É o absurdo a
Engalanar-se de desconhecidos mas férreos atributos,
Tornar-se senhor da situação,
Quase uma omnipresença no
Reino dos paradoxos.
Um horizonte sem paisagem para admirar.
Talvez um “ghetto” onde prisioneiros
Não conseguimos ultrapassar os muros
Que laboriosamente erguemos e alteámos
Conscientemente. Fechámos as portas com estrondo.
A contradição é o nosso senso mais comum.

E no horizonte próximo surge mais
Um novo Ano Novo,
Mais uma época de reflexões e desejos,
Um processo descontinuado,
Mas sempre presente,
Uma decisão de não desejar,
Uma única certeza que de
Certezas vivemos, embora por vezes,
As certezas não sejam certezas. Mas que
Sejam convicções, e
As minhas são de que
Não diviso o futuro,
Não sei os caminhos a percorrer,
As encruzilhadas a hesitar,
As pontes a atravessar,
Os destinos a encontrar,
As belezas a apreciar,
Os desígnios a acontecer,
Uma possibilidade que pequena
Posso cumprir, talvez diligenciar,
Ou edificar em qualquer lugar
Do mundo,
Engendrar com engenho,
Um propósito, mais uma ambição,
Porventura o pressuposto que a
Liberdade de ser prevalecerá.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

No frio do Inverno

No frio do Inverno a graciosidade do teu sorriso
Ganha uma apetecível intensidade,
Uma perfeita harmonia com a chama
Que saltita alegremente na lareira,
Crepita num tom aprazível,
Invade o corpo com uma lassidão estonteante,
Um calor suave
Que pouco a pouco
A imaginação torna abrasador.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Amizade (para lá das palavras)

Pela verdadeira e profunda
Amizade que se volve
Uma riqueza, um diamante
Lapidado, uma emoção
A não olvidar.

Perfeito encontro

Um perfeito encontro de duas vidas
É uma testemunha
Solitária e solidária.
É um preço delicioso a resgatar na
Comunhão de pensar, quase uma
Percepção estranha mas querida,
Um amplexo de espíritos para lá
Das possíveis palavras.

Tom Waits

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ainda agora

Ainda agora admirei a recordação,
Desta manhã,
Daquela paisagem onde a neve pousa
Suavemente com um ritmo
Sereno e singelo.
Onde a paz se estabelece naturalmente
E ganha o corpo de nós.
O silêncio canta um leve murmúrio
Que ondula as árvores suavemente e
Um sentimento de alegria amena
Acorda de mansinho.
E embora as horas tenham passado
Num ritmo tresloucado,
A nostalgia é imensa,
A urgência de voltar é premente.

Gerês, 16 de Dezembro de 2009

A sedução

A sedução nasce da vontade
De subverter todo o modo de estar,
De encontrar a serenidade
Dos corpos mas
O cerne deste tumulto,
O íntimo desta emoção,
É simplesmente unir paixões.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Acompanhado mas

Acompanhado mas
Intensamente só
Quando o amor se
Esquece.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Certeza e dúvida

A certeza de um sentimento
É uma dúvida instalada no espírito,
É uma névoa que se instala,
Um rumor desavindo,
Uma promessa enternecedora,
Palavras mal percebidas,
Um ruído ensurdecedor que
Não se escuta.
Um caminho começado mas
Nunca terminado.
Um desejo, um interesse,
Uma palavra que por vezes falta,
Um rumor crescente,
O querer e nem sempre querer,
A timidez que se assusta,
Procurar e não encontrar,
Tentar e não saber,
E no correr do tempo
É ficar na certeza da dúvida.

This Side of the Looking Glass, Peter Hammill

This is the Life, Amy Macdonald

Um instante

Esse teu olhar afectuoso
Pulsa docemente,
Incute fantasia,
Cintila com fulgor,
Professa promessas,
Calmo, doce e aprazível
Proporciona sossego e
Desassossego,
Num mesmo instante.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Reflexos

Estar convicto, Discernir entre o rumor e verdade,
Construir as suas conjecturas, Ancorar num qualquer lugar
Ao invés de vaguear, ao mesmo tempo assimilar
Todos os discursos mesmo os inaudíveis,
Numa ânsia de compreensão do Mundo,
Ouvir as projecções, Permanecer sereno,
Idealizar os acontecimentos, Libertar o conhecimento,
E principalmente alcançar a alforria
De si mesmo, São convicções intensas.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Como quiseres

Abraça-me com força,
Fala-me com doçura,
Olha-me com desejo,
Beija-me com ardor,
Toca-me com sentimento,
Pensa-me com brandura,
Ama-me como quiseres.

Perdido e encontrado

Sem avistar
Caminhos, norte
Ou estrela polar!
Sem bússola, mapas ou referências.
Numa paisagem hermética
E inalterável para qualquer lugar
Para onde olhar.
Sem presságios a augurar ou
Videntes a consultar.
Sem guia ou propósito.
É sentir-se perdido
Neste percurso da
Existência.

Perdido... e encontrado na
Ternura do teu sorriso,
Perdido... e encontrado na
Na firmeza do teu enleio,
Perdido... e encontrado na
Magnificência da tua afeição,
Perdido... e encontrado…

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?


De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?
Paul Gauguin, 1897

De onde viemos?

Do nada, escondido
No mais denso mistério
Sem presciência,
Escuro e gélido.
Num infinitesimal momento inicia-se
Este percurso, no centro
De uma abrasadora implosão
Seguida de uma incompreensível
Inflação.
Nasce o Universo,
Cresce… e surge a Terra.
Lentamente desenha-se a
Evolução que aleatória
Nos conduz, na sua improbabilidade,
Para este presente.

Quem somos?

Seres vivos formados por átomos que
Um dia brilharam numa qualquer estrela
E desaguaram neste mundo.
Multiplicámo-nos e
Desenvolvemos a capacidade de pensar,
Escrever, filosofar.
Exprimimos os sentimentos,
Rir, chorar,
Amar, odiar,
Matar, salvar,
Algumas das dicotomias
Que singularizam aquilo que somos.
Imperfeitos na imperfeição
Da nossa vida, ironicamente,
Quantas vezes idealizada
Na busca da perfeição.
Complicamos o simples
Vivemos sitiados pelos Deuses,
Ordenam-nos o quê, de que maneira e
Quando o fazer!
Escrevemos ordenamentos de moral
Que regem os nossos actos,
Não segundo a nossa vontade
Mas ao arbítrio daqueles que
Por nós pensaram.
Assim somos,
Quantas vezes sem consciência
Daquilo que realmente queremos,
Do que é deveras importante.
Assim somos nós!

Para onde vamos?

Nesta vastidão do Cosmo os problemas
Humanos parecem fúteis,
Por muitos deuses, convenções morais e
Leis que existam ou venham a persistir,
Inexoravelmente o Universo dilata-se
E nos evos dos tempos
Todas as partículas se desagregarão,
Num fluido,
Sem luz, som ou movimento.
Espera-nos o vazio,
O zero absoluto,
A quietude extrema,
O tempo sem tempo infinito,
A paz perfeita,
Verdadeiramente o
Fim.
Mas só então!
Porque até aí só existem
(Re)Começos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A mais perfeita das razões

Algum dia,
Em alguma parte,
Num preciso instante,
No mais árido dos desertos
Nascerá uma flor
Que sobreviverá,
Crescerá com as suas pétalas
Ornadas de tons rosa,
Será um hino ao afecto.

Num fugidio momento,
Na mais frondosa das florestas tropicais
Voará pelos ares a mais
Primorosa das aves,
Refulgindo ao sol
Enfunando as penas multicoloridas,
Será um canto de ternura.

Numa determinada e
Urgente ocasião,
Na mais bonita das cidades,
Germinará algures entre dois
Fadados seres,
A mais perfeita das razões,
O amor…

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um desejo

Amar é
Ter vontade de o proclamar bem alto!
Em qualquer lugar onde
O eco reverbere por todo o corpo,
Seja escutado por toda a Humanidade e
Alcance o seu mais intenso,
Profundo e duradoiro significado.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Alma

Quem disserta sobre a tua beleza
Certamente
Não conhece a tua alma,
Cuja formosura deixa quedo e
Silenciado de espanto até
O mais distinto poeta.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sentir...

Sentir o aprazível toque do teu corpo catalisa
Reacções incontidas, anseios inimagináveis.
É um afago para a alma,
Aconchega o espírito,
Abarca tudo o que se sente,
Desperta amor incondicional.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Intemporal

No escuro da memória
Pontifica um brilho.
Flameja,
Irradia calor,
Abraça com ardor,
Une distâncias,
Abarca um desejo
Ainda que insatisfeito
É uma reminiscência intemporal
Que viaja através do tempo
E enlaça dois corações
Num eterno enleio.

domingo, 29 de novembro de 2009

Happy Christmas, John Lennon

O dia

O dia acorda da letargia
Com a chuva que tilinta frenética
No vidro da janela
Arrastando a sua nostalgia
Fria e gelada
Para o interior da mente.

Adoração dos Magos, Capela Scroveni, Giotto


sábado, 28 de novembro de 2009

Emoção

Capricho da natureza envolto em mistério,
Numa amálgama confusa e vaga,
Saída de uma inquietação
Escreve uma letra de ficção,
Paulatinamente transforma-se em vocábulo,
Encadeia-se em frases,
Adiciona-se o Verbo e
Nasce um Poema ou
Simplesmente uma
Emoção.

Uma ilha

Remota nos oceanos
Vislumbra-se uma ilha,
Situa-se para lá do horizonte
Num tempo de esquecimento.
Uma ilha convidativa, refrescante.
Onde não aconteceu o passado
Nem o futuro persistirá
E o presente desvanece.
Uma ilha de luz mas na
Sombra permanece
Oculta.
Uma ilha de evasão.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

No Olimpo

No Olimpo,
Em poltronas reclinadas,
Os deuses banqueteiam-se de néctar,
Gracejam das fragilidades humanas,
Assumem a sua altíssima índole,
E meditam sobre o mundo a seus pés,
Ignorando com ironia
As nossas maiores incertezas e angústias.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Estranho dia

Num estranho e taciturno dia entrevi
Umas pegadas entalhadas
Na superfície onde passeavam no
Limbo da percepção.
Lenta mas inexoravelmente traçam a sua rota,
Em céus translúcidos, para rumos infindos,
Numa senda que desejo
De almejadas venturas.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Fio de Ariadne

O pensamento atravessa lógicas,
Recorre a raciocínios elaborados,
Estremece de coerência,
Propõe planos perfeitos,
Computa os bites necessários,
Calcula hexadecimais,
Escreve equações matemáticas,
Elabora raciocínios lógicos,
Assume a beleza da física quântica,
Recorre ao mundo da metafísica,
Explora a meditação transcendental,
Reescreve teorias,
Ultrapassa erros,
Propõe alternativas…
Mas feliz ou
Quiçá infelizmente
Não existe um fio de Ariadne
Para equacionar as emoções…

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Saudade

O caminho resplandecente,
Tortuoso na subida.
O sorriso doce,
Amargo mesmo no fundo.
Uma certeza,
Num momento transtornada.
Um sonho que desagua
Na insónia.
Um diálogo frutuoso
Que resvala num monólogo.
O destino é
Subtil no seu traçado,
Irónico no seu saber,
Reverenciado na sua omnipotência,
Assustador na sua incógnita!
E no entanto a saudade é
Uma dor
Insuportável.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Espectáculo majestoso

O vendaval liquefaz-se
Por entre as sombras do entardecer
Aclaradas por relâmpagos que
Sulcam o céu com o
Arbítrio dos deuses.
O bramido do vento
Reflecte-se com estrondo
Estremecendo a vetustez destes penhascos.
A natureza conjuga-se,
Abre a alma,
Tece um espectáculo majestoso.

domingo, 22 de novembro de 2009

Palavras escritas

São palavras escritas em papel esculpido
Trazem uma mensagem de alegria,
Anunciam a existência,
Exultam com seriedade e animação.
Passeiam redimindo-se de velhos pecados,
Rejubilam com a vida
Só no deleite de viver
E de ser.

A roda

É possível que a
Roda gire,
Talvez muito lentamente,
Mas num determinado momento
Pára bruscamente,
Assume outra personagem,
Ainda assim a mesma,
E no entanto medra
Embora do outro lado do conhecimento
Pareça outra.

sábado, 21 de novembro de 2009

Summertime, Ella Fitzgerald

November, Tom Waits

Na noite

Na noite
O sorriso belo e selvagem
Emerge no seu esplendor.
Um sinal de paz,
Um bálsamo da vida,
Uma luz na escuridão
Da solidão dos sonhos.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Poema

O poema
Respira como se a vida
Disso dependesse,
Canta como se do canto
Emergisse uma presença,
Ama como se o amor fosse
Um paradigma.
Escreve como respira
Respira como ama.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Desvelos

Vejo escondida na riqueza
Dos sentimentos a leveza do
Gesto, a serenidade da
Atitude.
Ergo-me para o mar,
Maré da vida, fantasma da
Alma, no ápice do instante
A acuidade do olhar,
A perspicácia do
Pensamento inspira
Solicitudes.
Cálice de cristalina água,
Refracção, um imperceptível
Desvio, a convicção do
Entusiasmo perturba a beleza
Lógica e a dialéctica da
Emoção
Mas promete
Desvelos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A crie 4 love, David Fonseca

O dia

O dia percorreu o espaço
Na angulosidade do seu percurso
Sempre na procura de uma rota segura.
Nas tuas mãos o esquecimento
É total, o delírio uma constante,
A visibilidade infinita,
Os limites desconhecidos,
As possibilidades infindas,
O dia uma comemoração.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Há um tempo…

Há um tempo que se dilata
Enquanto num passo deslumbrante,
Apareces perdida do nada.
Como que voando sobre a praia.
Um sorriso ardente,
O olhar eloquente que me
Embevece no
Ardor do momento.

A Beleza de um dia

A beleza de um dia,
A sua perfeição,
Reside em nós...
Na liberdade de ser feliz.

domingo, 15 de novembro de 2009

Aconteceu

Aconteceu na penumbra do dia
Que escapa para a noite,
No sussurro do rio distante entre
O silêncio da lua cheia e o
Burburinho do vento.
Um frémito percorreu
Os corpos na sua conversão
Ao desejo.

sábado, 14 de novembro de 2009

A possibilidade de sentir

A possibilidade de sentir ou
Excluir,
De parar,
Avançar.
Visitar novos locais,
Prevalecer.
Imaginar sonhos
Como bolas de sabão.
Correr contra o vento,
Participar.
Dizer não sim
Explicar ou
Recusar.
Caminhar no círculo
Mágico,
Desaparecer num passo de
Prestidigitação.
Voar com as gaivotas na
Busca da perfeição.
Saber que está errado correcto.
Planear de forma aleatória.
Saber ou simplesmente
Ignorar.
Fugir para lugares remotos,
Ficar.
Estabelecer uma rota num
Qualquer labirinto,
Procurar uma saída onde não existem
Entradas,
Perder-se na névoa e encontrar-se
Noutra linha da vida.
Problematizar, equacionar e
Percepcionar soluções.
Inibir a música num salão
De melómanos.
Reverenciar deuses e
Ostracizar panegíricos e laudatórios,
Escutar orações primordiais.
Encenar vidas reais,
Viver num palco.
Pensar,
Agir de forma reflectida ou
Reflectir a loucura neste
Espelho.
Acreditar no erro, na
Imperfeição, na destreza de
Alcançar metas fugidias.
Observar do outro lado do
Telescópio e ainda assim
Perceber.
Negar as óbvias evidências,
Ainda que tal pareça impossível.
Adicionar subtracções,
Explorar as divisões,
Criar novas proporções.
Elaborar escritas estapafúrdias,
Rever as parábolas extravagantes.
Procurar o Nirvana
Num tropel de emoções.
Anuir em desacordo,
Passear na noite escura
Numa atitude anarquista.
Envolver-se numa ou duas
Discussões filosóficas
E concluir
Fruir o momento
Senão nesta
Então em qualquer
Outra dimensão.

Este mar

Este mar que se estende
Pela profundidade do olhar
Onde o Sol repousa ao
Entardecer um momento
Antes de aquecer outras latitudes.

Este mar que admiro na
Impetuosidade das suas ondas,
No fragor da sua voz.

Este mar é a própria vida
Com todas as suas certezas e
Incertezas.
As vagas abatem-se
Com estrépido sobre os pensamentos,
Assumem formas e desterros,
Vazios e porcelanas efémeras que
Logo se quebram, juncando de cacos
O areal.

Este mar na sua invernal agitação,
No caos da sua identidade,
Derrama a subtileza e
Personifica a razão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Uma gota

Uma gota passeia,
Indolente pelo vidro.
Traça rotas, deixa marcas,
Aglutina, cresce e despoleta
Pensamentos.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sodade, Cesária Évora

Acorda com um sorriso

Acorda com um sorriso
E faz-te ao mar,
Veleja por mundos incógnitos,
Visita ilhas paradisíacas inabitadas
Saídas de exóticos desejos,
Onde há florestas encantadas
Plenas de frutos voluptuosos
De sabores raros,
Montanhas mágicas
Com cumes de neve caiados,
Praias desertas ao pôr-do-sol,
Prelúdio de gestação de idílios.
Viaja por cidades desconhecidas
Nas ruas por onde passeiam
Pessoas de uma estranha solicitude
Ou revisita metrópoles
Que te tocaram, compreenderam e
Onde vivem gentes solidárias.
Voa pelo espaço sideral
Orbita estrelas e astros,
Acompanha cometas nas suas
Excêntricas jornadas
E paira sobre planetas onde
Existe vida com consciência.
Peregrina e porfia na busca
Do conhecimento.
Estuda livros e absorve
As palavras sábias que
Enfatizam a mente e nos
Transportam para outras percepções.
Divaga de acordo com a vontade e
Explora todas as sensações!

Mas sobretudo…
Acorda com um sorriso.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Importa a noite

Importa a noite que mistura
Realidade com fantasia,
Noite fria,
De devaneios,
De ensejos.
Dentro do breu escuro, algures,
Brilha uma estrela solitária,
Uma luz
Que ensina caminhos.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Distante… e aqui

Distante…
Escuto teus passos
Ondulando na superfície,
Sinto o doce palpitar do teu coração,
Ouço a tua aprazível voz
Flutuando pelo ar,
Contemplo os teus harmoniosos olhos,
Vejo o teu gracioso sorriso...
Como se aqui estivesses.

domingo, 8 de novembro de 2009

Um domingo chuvoso

Um domingo chuvoso
Cruzado por raios luminosos que
Se entrelaçam com as nuvens
E criam ambientes de uma
Luminosidade translúcida
Onde luz e água se misturam.
Geram um deslumbramento de
Sensações caleidoscópicas que se
Dissolvem em néctares de
Uma ambrósia divina.
Emergem pensamentos que se
Interligam num caminho entre o
Passado e o futuro.
O céu tange e ouço a cores a
Esboçarem alegremente
Engalanando o espírito com
Uma paz jovial!

sábado, 7 de novembro de 2009

Seduções

Admiro esta paisagem que se espraia
Por estes vales espreguiçando-se
Languidamente por entre
Montanhas.
Inebriar-me deste puro sentir e
Unir-me com esta natureza,
É uma sedução intemporal…
Um canto que sussurra,
Palavras que ondulam
Na perfeição do momento.
Evocam memórias de
Outros momentos, de outras
Seduções…

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tougher than the rest, Bruce Springsteen

Vincent, Don McLean

Raga Rangeela Piloo, Ravi Shankar

Na cidade o Inverno

Na cidade o Inverno
Goteja sobre a janela,
Recriando arquitecturas de fantasia que
Exploram os sentidos,
Convertem-se em mantras
Numa profunda meditação
De sonhos que
Exaltam a vida,
O amor e
Perduram no tempo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O gesto

O gesto movimenta-se
Entre o vazio e a alma.
Provem de lugares ermos,
Distantes e exóticos,
Flui pleno de serenidade
Delineando estranhos desenhos
No ar despido.
Elegante na sua essência
Assume a sua formal dignidade,
E no entanto é apenas um gesto...

Desert Song, R. Carlos Nakai

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Caminhos

Caminhos a percorrer,
Na procura da intensidade
Da vida, na
Estonteante riqueza dos sentimentos ou
Na profunda sensação de leveza
De se abrir
E percepcionar a compreensão onde
Reside a felicidade de existir!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O tempo

O tempo tem um propósito que
Desliza
Por entre margens na sua
Inexorável correnteza.
Subleva memórias,
Mitiga espaços e condiciona
Intervalos.
Aprofunda saberes, emoções e
Aproxima-nos
Do lugar donde partimos para
Aquilo que somos!

The Look of Love, Diana Krall

domingo, 1 de novembro de 2009

O desejo

Amanhece para uma realidade
Uma procura, uma demanda
Ao encontro de ideais!
Um significado no
Significado da vida(!)
Vetusto mas ainda assim
Original.
O desejo de sensações comoventes.

You're the Inspiration, Chicago

sábado, 31 de outubro de 2009

Somewhere over the rainbow, Keith Jarrett

Paisagens encantadas

Destas líticas e rudes paisagens
Emana um nevoeiro
Com sabor a maresia
Que aporta a reminiscência
De outro encantamento e
Do seu terno (chi) coração.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O meu sonho…

Entrevi a respiração que
Afagava o ar com o
Teu perfume…
E o meu sonho amou-te…

Omar Khayyam

Se em teu coração cultivaste a rosa do amor,
quer tenhas procurado ouvir a voz de Deus,
ou esgotado a taça do prazer,
a tua vida não foi em vão.

Omar Khayyam

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Emoções

Tudo flui sem parar
Como o caudal das águas de
Um rio.
As emoções alimentam-se,
Avivam-se,
Sublimam-se num carácter
Espiritual, aconchegam-se no
Desejo de perfeição.

What a Wonderful World, Louis Armstrong

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

“Chi”

Olho e vejo a aura do teu “chi”
Que cintila como uma brilhante
Força da Natureza
Que nos envolve de
Amor e bondade.


O termo “chi” designa um conceito da cultura tradicional chinesa que pode ser traduzido por “energia metafísica do universo” que se move pelo corpo e pode ser controlada.

Ne me quitte pas, Jacques Brel

sábado, 24 de outubro de 2009

Fogo

O fremir do temporal assusta,
O vento estremece as árvores,
A chuva cai impiedosamente,
O ar frio gela na superfície
Do ribeiro,
Ainda assim a minha chama arde,
Como numa quente noite
De verão!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O mar e o céu

O Mar tumultuoso agita-se
Num turbilhão de vagas,
Rasgam sulcos de espuma
Que matizam o ar com
Pinceladas de cor de
Lágrimas sentidas.

No Céu impetuosas nuvens,
Percorrem melancólicas os
Seus caminhos na esfera celeste,
Escondem o sol.
Agitam os sentidos,
Perturbam os pensamentos.

No horizonte tranquilizam-se,
Namoram, tocam-se
Esmagam-se, misturam-se,
Apaixonam-se.
O Céu e o Mar harmonizam-se
Numa única linha.

O Grito, Amália Hoje

Alice, Tom Waits

Tudo…

Yin e Yang,
Preto e Branco,
Luz e Escuridão,
Alegria e Tristeza,
Música e Silêncio,
Tudo é uma lembrança de ti!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Saudade

Por mais que esqueça
Ou recorde.
Por mais longe que esteja
Ou perto que te toque.
Num mundo de maravilhas
Ou na estrada da vida,
A tua saudade é sempre maior.

Back in your arms, Bruce Springsteen

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A promessa

O cinzento do céu,
Num dia de chuva,
Oferece no íntimo da sua
Certeza,
A promessa futura do
Sol.

domingo, 18 de outubro de 2009

Canção de encantar

A serenidade destas árvores,
O alegre chilrear dos pássaros,
O suave murmúrio do vento,
O lento restolhar das folhas,
O perfeito voo das borboletas,
Compõem uma canção de encantar,
Que flui em acordes vibrantes
Que me envolvem com
A doce saudade dos teus abraços.

Canto de Andar, Luar na Lubre

Tu Gitana, Luar na Lubre

Pensamentos…

Na perpétua azáfama
Dos meus pensamentos fugitivos,
Ressurges ininterruptamente
Na resplandecente beleza
Da tua existência.

sábado, 17 de outubro de 2009

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O rio e o mar

O rio desce impetuoso pela montanha,
Rompe por entre penedias,
Desbrava alcantiladas margens,
Mergulha nas profundidades mais recessas,
Irrompe na superfície,
Percorre caminhos esconsos,
Ultrapassa barreiras,
Atravessa sem parar
Desfiladeiros e planícies.
Procura o seu destino.

Alcança o mar!
Espraia-se num tumultuoso
Espargir de água doce e salgada,
Misturam-se, embebem-se,
Interpenetram-se,
Entrelaçam-se numa dança
Crepuscular e erótica,
Fundem-se nas partículas elementares,
Perdem-se e encontram-se,
Tornam-se um.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Mundo onírico

Vislumbro o terno rosto
Que se aproxima,
Aconchega-se no regaço da
Minha fantasia,
Adormece num mundo onírico
Onde as quimeras são reais,
Os dias são perfeitos e
Tudo é exequível.

If you were a sailboat, Katie Melua

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Amizade

Para C.

A amizade
Por vezes nasce profunda e
Engrandece no quotidiano,
Afaga com ternura a vida
Só porque existe!

Porto

Em ti sinto-me em casa,
Confortável mas inquieto,
Com desejo de
Percorrer os teus meandros e
Beber da tua boca
Doces sabores.

Olho-te na luz de inverno
Tremeluzindo por entre a neblina matinal,
Na espera do abraço do Sol que
Aquece a tua pele
Com o aprazível ardor da paixão.
Contemplo as tuas curvilíneas formas
Onde o vermelho dos telhados sobressai
Trepando por colinas sinuosas,

Do cume admiro os meandros de azul
Irradiam reflexos prateados,
Uma jóia que refulge em teu corpo
Plasmada numa paisagem encantada.

Passeio no interior da multidão de
Seres que te percorrem e te
Incutem de vida e de amor desta
Cidade.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

domingo, 11 de outubro de 2009

Um tempo

Um tempo no fim do tempo
Liberta fiapos de névoa
Que esboçam sonhos no ar quedo.
Projecta pontes que
Unem margens semelhantes.
Abre portas
E mostra caminhos.
Viaja por espaços mágicos
Até um ponto de encontro.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Tempestade*

Tempestades abatem-se,
Relâmpagos ferem a atmosfera,
A chuva intensa troa ensurdecedora,
Mas de nada serve porque
O sol triunfa sempre
Enquanto estiveres presente!

A Manhã

Observo a manhã a germinar,
O Sol esparge bondade, agasalha
Este sítio onde me encontro com
Um vislumbre do sonho.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Singular

Um som singular percorre o tempo limitado,
Mas sem fim.
O amor agiganta-se, tímido dentro de si.
Ruge ao longe espantando o mar
Agita o ar, acaricia a face voluteando meigo.
Adquire uma vida própria.
Passeia pelas avenidas,
Caminha num andar seguro,
Estabelece novas ideias,
Examina possibilidades,
Sonha,
Urde planos…
Mas na realidade da vida
Confia na verdade.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Em redor do dia

Os passos percorrem devagarinho
Em redor do dia
Que se orla de flores misteriosas
De pétalas liquefeitas,
Esvoaçam açuladas pelo vento
E percorrem distâncias inauditas,
Vagueiam entre o negrume da noite,
Partilham uma emoção,
Metamorfoseiam o mundo
De cores joviais.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Retrato de N.

Sorriso sincero,
Olhar sereno,
Gestos elegantes,
Eloquência encantadora,
Trato afável,
Terna de se ver,
De uma musical leveza,
Ao mesmo tempo
Extrovertida e discreta,
Inteligente e modesta,
Irradia luz,
É uma acupunctura para a alma!

domingo, 4 de outubro de 2009

Sem Palavras...

Ver-te, sentir-te,
Tocar-te, falar-te, abraçar-te…
É uma inquietude tumultuosa,
Um conter,
Uma ânsia de liberdade,
Um transpirar,
Uma boca seca,
Um tremer na ponta dos dedos
Que lânguido se estende pelo corpo.
É um olhar trocado,
Um abraço umbilical,
Uma fortuna desenterrada
No fim do arco-íris.
É um delírio, ainda que consciente,
Descontrolado,
Uma ternura desejada,
Um respirar profundo,
Uma demanda infinita,
Um carinho balbuciado.
É ficar contente, descontente,
Alegre, triste.
É ser humano e animal
No mesmo pensamento.
É alimento para os sentidos,
Um bater alvoroçado e
Descompassado do coração.
É uma música sussurrada,
Um sorriso aberto,
É ter esperança do futuro,
É ficar sem palavras…

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Por entre muros

Por entre muros
Esgueiram-se serpenteando entre
Labirintos de vidro arquitectados,
Rotas transparentes .

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Artefactos

Sentado neste granito
Atinge-me a insignificância e
Importância da vida.

Na corrente da existência
Os pensamentos
Brilham como velhos artefactos
De um imaginado passado.

domingo, 27 de setembro de 2009

Feitiço

Articula palavras de mel.
Um sorriso perpassa pelos lábios.
Uma carícia estremece no corpo.
Um feitiço inunda os movimentos.
Assume um desejo,
Promessa de um dilúvio.

Acaso

A certeza do saber
É como perceber,
É ter uma latitude e longitude.

Assumir uma localização precisa
A que a espuma do tempo
Adiciona alento.
Procurar azimutes entre as
Possíveis coordenadas.
Gizar planos em permanente
Mutação.
Obedecer e refrear impulsos.

E o acaso improvisa rumos
Que se abrem a futuros desconhecidos.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Noite...

A noite vibra com o sussurro do
Oceano que se espraia.
Na linha do horizonte os barcos
Embalam a existência.
Olho e quando
Olho estamos sós no
Imenso areal.
Erramos entre as constelações
Perdidos dos homens...
Esquecidos do tempo...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

É preciso

É preciso girar o mundo nas mãos
Como se fosse uma bola de trapos colorida.
Se os trapos aspirarem a ser vida,
A vida é de trapos que a pintam
De cores coloridas.

É preciso gritar para que a dor crie
Um espaço que se torne
Um sítio de fuga!
Quando a fuga se converte em vida,
Fugir é um acto da vida.

É preciso ler para que os livros
Se gastem de conhecimentos.
O saber espalha as notícias por todos os ventos.
Onde o vento se constitui vida,
A vida sopra em tormentas.

É preciso correr para agitar a vida,
Brincar com a espuma, gerar bolas de sabão.
Se as bolas de sabão forem vida,
A vida será ténue e frágil,
Ainda assim será vida.

É preciso cantar para que
A voz seja audível, transponha barreiras
Alcance o desconhecido.
Se a vida cantar, a voz terá um caminho
A percorrer, alguém a alcançar,
Uma verdade para irradiar.

É preciso iluminar para que a
Luz brilhe na noite e adquira um
Glamour de estrela de Hollywood.
Traduz-se em vida saída de um ecrã,
Como ficção vira um artefacto que se
Transporta como troféu para gáudio das
Multidões idiotizadas.

É preciso que a vida nasça, cresça e morra
Constitua uma narrativa épica, trágico-cómica
Que se vá dilatando com a poeira dos aniversários,
Embrulhe novelos que não desfiam.
Este percurso transforma-se em vida.
A vida replica um percurso entre a vida e a morte,
Um absurdo, acidente ínfimo no plano do Cosmos,
Insignificante vida.

É preciso que a vida conquiste significado
E cative o acto de viver como personificação da vida.
Assuma contrariedades e goze alegrias,
Converte-se num caminho íntimo e
Ao mesmo tempo partilhado.
Então há vida que valerá viver.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ecos

As ondas sonoras repercutem nas paredes,
Provocam colisões incorpóreas, ecos de
Histórias vividas. Borboleteiam um breve
Instante e planam suavemente.
Ultrapassam a janela abrem-se ao mundo,
Giram por ruas, vales e montanhas.
Transpõem o Olimpo escutadas pelos deuses.
Projectam-se no espaço, aconchegam-se na
Ininteligível matéria negra, projectam-se em
Aglomerados de cintilantes galáxias.
Afundam-se num buraco negro e
Emergem em novos universos.
Alcançam os primórdios da matéria,
Mergulham nos átomos,
Vibram como cordas, ficam inconstantes.
Aparecem e desaparecem.
Excedem a capacidade de compreensão,
Adquirem vida inteligente como a
Ressarcir estafados pecados.
Reinventam-se de modo ininterrupto,
Num eterno apelo a uma imaginação
Incontida que jorra do
Interior das emoções.
Fixam uma rota com a
Esperança de atingir o alvo.
Transportam uma mensagem de amor!

domingo, 20 de setembro de 2009

Acesa no teu olhar...

No teu olhar profundo
Brilham achas acesas
Prenúncio de fogueiras harmoniosas,
Labaredas carinhosas e convidativas.
Combustão interna, lenta e intensa.
Fogos que pontilham o horizonte.
Acesa no teu olhar a chama...
Ilumina o caminho.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Vaguear

Vaguear por recantos incertos
Na espera do esplendor do
Sol, Espreita o luzir das estrelas nas suas
Inumeráveis constelações, arquétipos da imaginação.
Contempla o cirandar da lua que impregna visões e
Promove infinitos.

Vagabundo completo mergulhado em
Profunda meditação, bebe o elixir do
Esquecimento que o catapulta para o seio da
Multidão onde adquire o permanente desejo da
Invisibilidade.

Ambiciona deambular sem orientação,
Para onde os passos e o destino o conduzam.
Ermos repletos de rostos anónimos e
Paira longe das iniquidades.
Sente-se só e acompanhado.

Questiona a própria ambição.
Talvez não hajam respostas e o
Caminho seja pavimentado de
Interrogações que oneram a vida
Mas ao mesmo tempo a constroem
E sedimentam.

Ultrapassa mais um trâmite,
Ergue mais um biombo, afadiga-se
Num outro qualquer propósito
Estabelece um melhor disfarce e
Adopta um renovado e diferente papel.
Assume a vida como genuína e benévola.
Interioriza o seu pensamento nómada.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Encontro de um sítio na vida

Encontro de um sítio
Na vida. Que se inicia,
Quase delira. É um ponto no horizonte
Que deriva e se aproxima.
Cresce, engrandece-se.
Ateia chamas que rubescem.
Uma opinião prevalece, embora
Velada. Voa alto em voos
Estratosféricos. Desaparece do
Olhar e depois volve tranquila,
Envolta numa serenidade que alcança
A intimidade. Mitiga melancolias.
Origina metamorfoses graciosas e
Airosas. Liberta-se ao deleite do
Vento e capricha na sua
Liberdade.
Vive num lugar dentro de nós…

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A brisa

A brisa respira, cochicha mistérios e
Traz consigo um odor de saudade que
Arremete fundo.
Assalta sem premeditação e converte-se
Numa amiga que nos guarda e
Auxilia.
A brisa verbaliza narrativas, comunica
Mensagens, exprime nuances.
O sussurro instrui planos, mapas, um
Refrão consciente.
Transporta mensagens, lança-as
Na atmosfera, na luta
Do quotidiano, na criação da
Vida tal como a conhecemos.
E a refrega estabelece-nos como
Somos, acede-nos.
A brisa esculpe emoções,
Origina prodígios.

domingo, 13 de setembro de 2009

Credo

Creio no azul do céu, dos oceanos, dos rios,
Em todas as cores e raças.
Creio na riqueza da vida, nas contradições, nas certezas,
No emblemático das situações procuradas.
Creio nos meandros do caminho, nas suas margens,
Paragens, recuos, avanços,
Na prossecução de objectivos.
Creio na magia da arte,
Na procura da beleza como uma génese da Humanidade.
Creio na universalidade da música,
Na sua força de união, na sua riqueza,
Na sua transversalidade, na sua consciência.
Creio na alegria, na tristeza,
Na força dos sentimentos, na força da comunicação;
Creio na natureza, na ignescente leveza das montanhas,
Nas paisagens telúricas, no infinito do mar,
Na profundidade das tempestades,
No carinho da bonança,
Creio na não-violência, na paz, na filosofia.
Creio na ciência não comprometida com o poder.
Creio na incerteza da física quântica e nas suas possibilidades
De explicar o Universo.
Creio no ateísmo e no respeito por todas as religiões.
Creio, apesar das probabilidades, no Homem,
Mulher, na capacidade de constituírem uma Humanidade.
Creio no encontro entre dois seres,
Na força da paixão,
No êxtase de um pôr-do-sol junto da pessoa amada.
Creio no ser romântico, na importância de namorar,
Na necessidade da sedução contínua,
Creio na pureza dos afectos,
Creio no poder da verdade, da liberdade,
Da amizade, do amor,
Do sonho.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Metáfora

Um espelho d’água no calor do deserto
Sacia a sede, Acalma a sofreguidão.
Mergulhar na transparência das suas
Águas, experienciar a sua frescura,
Nadar na leveza da sua corrente
Conduz até territórios desconhecidos,
Fronteiras do devaneio.
A sombra das palmeiras abriga-nos da
Inclemência dos raios solares.
Proporciona a uma aragem aprazível que
Oferece o bem-estar.
As suas verdejantes margens proporcionam
Leito e abrigo. São um conforto,
Portas da felicidade.
O seu brilho…
Reflecte-nos!

Paz

Na nívea calçada os passos intercalam tímidos
Trajectos. Ecoam levemente perturbando a doce
Quietude das casas. O entrançado das sombras
Percorre de mansinho a rua, desenha sonhos
Etéreos que evolucionam e satisfazem a
Vida inundando-a de paz.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Desejar acontecer

Percorrer a vida. Procurar sem
Procurar.
Encontrar como se nada de mais
Natural existisse.
Intuir as certezas.
Desejar acontecer.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A campanha eleitoral numa perspectiva surrealista, Setembro de 2009

Procurem mimos, palhaços e saltimbancos.
Tragam bobos, cómicos e arlequins.
Aplaudam ingénuos, simplórios e crédulos.
Renasçam néscios, pategos e papalvos.
Chamem burlões, intrujões e trapaceiros.
Profiram arrazoadas em nome do povo.
Cativem a assistência,
Façam vibrar o auditório.
Convoquem as assembleias.
Organizem manifestações e happenings.
Transformem o país num exemplo de sucesso.
Utilizem a televisão, internet e SMS.
Façam transitar a mensagem,
Embrulhem-na em papel de seda colorido.
Agitem os perfumes,
Dispersem os odores.
Profetizem prodígios.
Vaticinem encantamentos.
Predigam vitórias.
Arenguem, falem, dissertem, preguem, discutam,
Não se cansem.
Entornem lágrimas reptilárias.
Acusem os sinceros, inócuos e inocentes.
Persigam os bardos e poetas.
Ataquem o génio e a inteligência.
Afrontem os bondosos e meigos.
Ridicularizem os diligentes e laboriosos.
Cultivem a vulgaridade, a mediania, a mediocridade.
E sobretudo gargalhem…

domingo, 6 de setembro de 2009

Sinto a música fluir

Sinto a música fluir entre as
Espirais da imaginação.
Sinto as notas persuadirem
A razão.
Sinto-a como me inspiras.

sábado, 5 de setembro de 2009

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Romance de um dia de Inverno, Firenze

Abro a janela ao sol que penetra
Feérico, desperta miríades de gotículas de pó
Que tremeluzem ao sabor da onda luminosa,
Partículas de uma memória do futuro.

Os reflexos na neve criam a ilusão de profundidade,
Evocam o esbatido dos relevos de Donatello.
Inspiro lentamente o ar que transporta a distante
Harmonia de uma tarantella.
O frio invade o quarto, condensa a respiração,
Produz dois ténues fios de vapor que
Caprichosamente se unem e
Evocam uma forma uníssona.

A sua perfeição transcende Eros,
Naturalmente a emoção
Submerge em lençóis e carícias,
Dissolvem-se os lábios, fundem-se as bocas.
Exploram-se recantos de jardins interditos,
Sobrelevam-se em paraísos reservados que
Nela encantam.
Absorvo todo o seu ser em momentos de
Intenso prazer. Ao longe a cúpula de
Santa Maria del Fiore adjectiva a volúpia,
Adiciona ainda mais verve na vida.

O tempo na sua mestria dilata-se na
Equação energética de um quasar,
Liberta a alma, concebe cumes espantosos
Na sua singularidade! Na reprodução de um
Big Bang celular! Na expansão do universo!
Na paixão partilhada!

Passeamos nas calçadas outrora percorridas
Por Leonardo e tantos outros que se erguem à nossa
Passagem como num tributo ao amor.
Imagino Dante sentado em frente à sua secretária
Sonhando com Beatriz.
Cansado sento-me na Piazza del Duomo e percepciono a
Humanidade no seu melhor.

Escurece suavemente exclamando
Aquilo que permanecerá um dia perfeito.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Hermenêutica

Fantasiar os teus cabelos lentos
Ao vento
Inflama a imaginação.
Atraiçoa velhas suposições,
Acende combustões febris,
Desembota os sentidos.

Recordar a profundidade do teu olhar,
Imaginar perder-me em tais abismos
Que seriam a inveja de Afrodite
Causa arrepios que peregrinam pelo corpo,
Estimula visões.
Traduz uma hermenêutica.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Fio de pensamento

Fio de pensamento, Fio de maravilhas, alucinante
Em desvario ocasional provocado. Esta será
Uma forma de sobreviver, de cantar, de
Embalar prodígios, acrescer poções. Vibro de
Forma descompassada, vigio o voo das aves
Marítimas que sobrelevam o turbilhão das vagas,
Assinaladas com esteiras de espuma verde-prateada.
Na mão o copo vazio refracta as ondas luminosas,
Num turbilhão de cores interpenetradas criam
Bolas de cristal embaciadas de púrpuras substâncias.
Aprendi a escutar na profundidade, a ler na
Ressonância dos timbres. O som silencioso propaga-se
E origina instantâneos de espanto, brados que marinham até
Aos céus, espantam todo o Panteão sobressaltado com estes
Arremedos iconoclastas. O seu zénite foi abalado, perfurado
Pelas ondas sonoras silenciosas.
Aprendi a escrever nas páginas outrora virgens, na
Presença das letras que fundam as palavras que
Adejam para todos os lugares onde (espero) alimentem o
Espírito e se libertem da escravidão escuridão, Cresçam
Livres e autónomas.
Aprendi a ver ler os livros e alfarrábios manuscritos, onde
Impera uma razão, uma sequência lógica. A paz atinge o seu
Sossego pleno. Reconheço histórias escritas faladas, errantes,
Apocalípticas, vibrantes, apaixonadas, telúricas.
Verdadeiras fictícias todas reveladas.
Aprendi a ser deslocar-me de acordo com a vontade,
Para onde me guia a consciência presciência, ser
Independente de mim, procurar encontros desencontros.
Esclarecer dúvidas, estabelecer perguntas ou
Correlacionar teses com as suas antíteses.
Ambiciono abarcar compreender o infinito em toda a sua
Magnitude e multiplicidade de formas. Adicionar a
Vontade e a destreza, argumentar e sobretudo
Cativar a verdade liberdade.
As catedrais assumem luminosidades tântricas,
Esquecidas da obscuridade agigantam-se para os céus.
Os vitrais concebem colorações apoteóticas, crocitantes
Que se reproduzem nas paredes espelho, E progridem,
Alteram-se em mensagens afectuosas ainda que voláteis.
Aprendi a viver pensar no dia noite, na fadiga solidão,
Na multidão. Converteu-se num processo natural e
Contínuo, por vezes esquivo mas sempre presente.
Transporto aquilo que sou, como ser dialéctico
Conjecturo. Os augures, são auspiciosos outras não,
Sempre uma existência a alimentar, coabitar e até
Perseverar num processo de eterna aprendizagem.
Aprendi, reaprendi a amar como a respirar, como se o
Pensamento restitua uma maneira de estar, de existir
Perante o eu, tu e a Humanidade.
Nutro sonhos, quixotescos porventura, são sempre
O alimento que me alenta.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Uma tela

Entre o perfume de velas que ardem e
Dispersam fragrâncias suaves e harmoniosas,
Remanesce um quadro impressionista, óbvio
Precursor.
Reflexos projectam cores,
Atmosferas transparentes cruzam o olhar...
E num impulso transcendental
Emerge uma pintura
Expressionista.
As cores transbordam, as
Emoções fluem.
O ar cintila, prolonga a imaginação e
Até objectivos
Impensáveis são entrevistos,
Ainda que longínquos,
Tornam-se verídicos
Nem que seja em
Momentos de loucura.
Nasce um novo paradigma que
Propala uma sinceridade principiante,
Assume a inexperiência,
Procura destinos distintos e
Extraordinários.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Por vezes

Por vezes
Entre duas pessoas erguem-se sentimentos
Que são raras emoções indescritíveis e
Arrebatadoras.
Assim o meu pensamento te fruiu.

domingo, 30 de agosto de 2009

Agora

Agora é o tempo que
Medeia entre o passado e o
Futuro.
É um perene e atribulado
Momento de
Desejo.

sábado, 29 de agosto de 2009

Qualquer que ela seja

Perseguir a quimera, qualquer que ela seja,
É encontrar a realidade, qualquer que ela seja!
Procurar a fantasia, qualquer que ela seja,
É descobrir a resposta, qualquer que ela seja!
Demandar o sonho, qualquer que ele seja,
É abrir uma porta, qualquer que ela seja!
Indagar a utopia, qualquer que ela seja,
É caminhar em frente, qualquer que ele seja…

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Um dia parece conter um número impassível de horas

Um dia parece conter um número impassível de horas
Que se esquecem e furtivamente planeiam assaltar
A tranquilidade. Embatem violentas perdidas da sua
Função, agonizam, de uma agonia lenta e fétida.
Beneficiam da escuridão e fazem emboscadas,
Usufruem de imunidade, castigam e gozam.

Ouço o vento fremir e abafar sons vagabundos,
Escuto os ruídos multiplicarem-se, avivam memórias olvidadas.
Viajo entre ideias tresmalhadas que estalam frenéticas,
Absolvo reminiscências vãs, lembro épocas afastadas,
Memorandos virtuais de folhas brancas.

Recordo momentos actuais que se espraiam em rios.
Exulto com imagens que se tornam metáforas da vida,
Aprendo com os reflexos que espelham as cãs.
Aprofundo o raciocínio, investigo o móbil que está
Para lá das aparências.

Ausculto a dor que se insinua
De forma astuciosa, camuflada de figura embuçada.
Ataca nos instantes mais imprevisíveis numa repentina
Mudança de direcção que parece mais um acidente
Fortuito de inopinadas consequências.

Conjugo verbos, leio relatos de futebol, esquadrinho pontes.
Passeio pelo planeta da arte de onde imana uma intensa energia
Que me agasalha, veste-me de tons pictóricos que se perpetuam
Em expressivas emoções. Esgueiro-me entre a multidão, aguço o
Olhar e bebo todas as cores e tons, escrutino a paleta cromática,
Admiro formas, sondo conteúdos, pondero estéticas.
Assimilo a música que me aquieta e sossega e
Acalenta sonhos.
Mais um passo na compreensão da arte da vida.

O aquífero

O aquífero flui volátil para Norte. Urde
Motivos geométricos, enquanto de manhã se
Estabelece uma noção de vazio acidental pelo que
Tu viajaste para lá da linha de perspectiva como num
Quadro renascentista, de repente vivificado,
Revolucionado em quatro dimensões. Amanhã
Será como se um dia nascesse entre um infinito. O relógio
Trabalha mas os ponteiros não avançam. Dia perfeito, acolhe
Tua existência sincera, soberba.
Abrem-se as portas de uma sala sumptuosa, voam rosas,
Orvalham de perfume todos os recantos. Crescem
Espíritos entrevistos. O recinto medra, amplifica-se
Aproxima-se do tamanho do Universo. Abre-se ao
Teu pensamento, explora grutas, reivindica, persegue
Uma visão, idealiza uma aspiração, fantasia um
Devaneio. Acalenta o corpo, exalta-se, anima-se,
Anda, corre, salta. Alcança. Vai ao fundo,
Emerge, esbraceja, nada para a margem. E
O aquífero move-se para todos os pontos cardeais.

Sonho e utopia

O destino
Movimenta-se
Entre acasos, certezas, contradições,
Procura rumos…
Encontra a resposta
Alcança o sublime…
Há quem lhe chame sonho,
Outros utopia.
Ouso afirmar
É bom sonhar
Nem que seja uma utopia…

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Definição de Belo

Pressinto-a pairar entre a
Bruma, expande-se a uma velocidade ultra sónica,
Quebra barreiras e tabus!
E no entanto move-se lenta e concisamente,
Espraia os cabelos entre raios de sol,
Incendeiam centelhas, provocam terramotos,
Estabelecem um halo de beleza.
O corpo plana suave e docemente entre fiapos de
Nevoeiro num meio denso e colorido.
Brotam caleidoscópios, vulcões projectam matéria ígnea,
O deserto floresce espargido por chuva fecunda.
No alto mar o barco flutua por entre as vagas da
Tempestade, vacila um instante e ergue-se em
Apoteose e alcança a luz.
O vestido balança leve e translúcido, origina
Ondas que estremecem os sentidos, impulsionam
Reptos e libertam sonhos.
O seu sorriso edifica uma nova definição de
Belo!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um mistério

Um mistério…!
Uma interrogação…!
Uma pergunta…!
A resposta inaudível
Ecoa
Reverberando pelo ar
Na sua omnipresença….!

sábado, 22 de agosto de 2009

Nirvana

No nascer pôr-do-sol encontram-se
Entre duas possibilidades.
Entretece a atmosfera,
Cartomante de um Tarot de poderes divinatórios
Entroniza um beijo errante!
Colidem como atraídos por magnetos, Esbracejam
Numa dança espontânea, Rodopiam na
Estratosfera num cenário grandiloquente, entre o
Azul planetário e o arco-íris de uma remota
Nebulosa. Entrelaçam abraços,
Abarcam a Consciência.
Compreendem a Essência…

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Um ponto

Um ponto perpassa pela mente. Cresce,
Assume a sua natureza, translada o pensamento,
Insinua.
Transmuta-se numa borboleta de asas flamantes.
Esvoaça fúlgida. Escolhe a flor. Uma
Gardénia de alvas pétalas. Estremece
Em sintonia com os estames. Sorri
Cúmplice. Eleva-se no ar, sofre uma
Metamorfose, a
Águia segue a corrente ascendente de forma
Subtil. Plana entre a montanha e o vale,
Paira feliz da sua sapiência, evolui,
Constrói-se e transfigura-se num
Ponto…

domingo, 16 de agosto de 2009

Labirintos

Um labirinto de palavras, sensações, emoções, e recordações… mas sobretudo de palavras.
Fernando Savater, O Grande Labirinto


As palavras vestidas de perturbação!
Entre um misto de ordem e desordem, acenam
Beligerantes, aspergem vocábulos-semente,
Germinam arbustos prenhes de palavras que
Ondulam na superfície.
Inventam galerias, deambulam,
Procriam trajectórias aleatórias. Plantam
Diagonais que se intersectam
E ressaltam, abrem inauditos percursos.
Revolvem adornando-se um pouco mais.
Daí emanam labirintos onde as
Individualidades se perdem e
Erram olvidadas do seu destino.
O céu obscurece, o negrume torna-se
Uma ameaça pressagiada.
O solo vacila, um som titânico
Soçobra.
O temor avoluma-se, as pernas claudicam, o
Coração estremece, o tempo estagna na
Eternidade!
No entanto…
Escrever arrasa muros,
Deslinda infinitos,
Constrói pontes,
Potencia sentimentos.
Escrever
É persistir, resistir, porfiar,
Alcançar a evasão do
Labirinto!

Momentos

Momentos há em que a
Tristeza nos invade
Conquistando espaços vazios
Que nem pensávamos existirem!
É uma erva daninha
Que percorre os nossos recantos
Mais ignotos e
Impede o florescer!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Todavia

Ainda que no mundo onírico
Exista uma plenitude de
Sincronia.
Todavia
Há que sonhá-la!

Ainda que mergulhada em sons musicais
Residindo nos tons de canções
Sublimes.
Todavia
Há que ouvi-la!

Ainda que lida em alfarrábios
Contida em linhas de uma escrita
Maravilhosa.
Todavia
Há que escrevê-la!

Ainda que vislumbre a fotografia
De um sorriso ebúrneo
E resplandecente.
Todavia
Há que conhecê-la!

Ainda que lobrigue a beleza
De uma magnitude intemporal
E sonhe suster nos braços a respiração ofegante.
Todavia
Há que amá-la!

Ainda que se trate de sonhar no
Primordial fluído de ADN
No descontínuo do tempo.
Todavia
Há que vivê-la!

Ainda que comparada a
Deusa de um panteão
Olímpico.
Todavia
Há que adorá-la!

Ainda que se aluda
De forma invulnerável e
Entusiástica.
Todavia
Há que cortejá-la!

Ainda que se perca
Para lá do horizonte
Visível.
Todavia
Há que procurá-la!

Ainda que um dia
Se desnude
Numa plenitude de sentimentos.
Todavia
Há que enlevá-la!

Ainda que se encontrem
No caminho
Ou não.
Todavia
Há que vivê-la!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Essência

A escrita estabelece
Uma profunda conexão
Entre seres.
Basta parar, ouvir e
Perscrutar a sua essência…

domingo, 9 de agosto de 2009

Dicotomia

O luar paradoxalmente escurece a razão
Transporta para reinos de fantasia, onde
O sonho e a realidade convivem
Numa entreajuda trivial, O devaneio
Transmuta o idílio, A conversão
Em Feng-shui,
Interpolada em Vento e Água
Conjuga um Verbo insondado,

Elabora no contínuo do tempo,
Encurta a distância dos
Primórdios. É uma achega do
Início, Germinam memórias,

Entrelaço sensibilidades, Opto
Por progredir para o destino, Que fica
Encarcerado num cárcere, aparentemente áureo,
Mas falível como os humanos. A
Perplexidade arrebata e embaraça

Aquilo que somos,
O propósito que nos impele, que nos
Veleja ao capricho do ciclone, que
Nos acicata a examinar e
Aprofundar as nossas cogitações,

Transcende em polinómios que
Expugnam a palavra para paragens
Arredadas.

Inquiro mais uma divindade,
Ubíqua na sua perplexidade,
Rejeita refutações
Na sua lógica de deidade,

Perscruta como se uma
Diva explorasse e especulasse sobre a nossa
Índole. Enredada em efémeros
Caprichos, Oculta axiomas perdidos na
Luz da lua, realce de
Labaredas tresmalhadas neste
Imensurável cosmos.

Imobilizo-me nesta precisa
Circunstância. A
Conjuntura é titubeante, mesmo
Irresoluta.
Procuro um exórdio, mas
Aspiro permanecer!

Aposso-me de preceitos íntimos.
Indago por tempos inextinguíveis,
Examino pelejas semânticas,
Eclipso pleitos exotéricos.

Procuro o que nos torna mortais,
Aquece no Inverno, e
Transmuta a realidade em
Verdade.

Encantamento

Sigo até ao rio furtivo
Entre árvores adormecidas maneando-se
Na brisa que respira e exala uma fragrância
Inolente.
Atravesso a fronteira do encantamento.
Brotam flores de pétalas translúcidas, Escuto
O apelo. Ouço a
Perfeição do instante.
Descanso entre os carvalhos e o refulgir das
Bétulas.
Lâminas de sol desvendam clareiras,
Tapetes de herbáceas suavizam os passos.
Enlevado pela maviosidade do bosque…
Lá longe a cidade entorpece.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Para lá da música…

Ao amanhecer escutar a
Música que sobressalta
Os sentidos, é como
Te perceber
E sentir…

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Para lá das palavras…

No sabor
A frutos proibidos e exóticos,
Teu âmago estabelece
A firme convicção que
Caminhos se desvendam.
Há que explorar
A certeza deles…

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Perseguir o inatingível

Perseguir o inatingível faz parte da natureza humana.
Procurar um caminho que sabemos de antemão que não existe, entrar no labirinto que percepcionámos sem saída e no entanto examinámos cada centímetro na esperança de vislumbrar uma porta ainda que minúscula.
Olhar o muro que se ergue à nossa frente, dissecá-lo na busca de pontos de apoio que permitam a escalada apesar de ser liso como vidro.
Tudo isto, por vezes, torna-se intensamente frustrante!
Há momentos em que gostava de ser verdadeiramente livre para afastar os muros, os escolhos e perseguir a quimera, embarcar na utopia.
Mas com a devida vénia ao poeta parece-me que é “a vida que comanda o sonho” e não o contrário.
Parece que a única possibilidade é abordar estas questões com a serenidade budista: “Se um problema tem solução não vale a pena preocuparmo-nos, se não tem, não vale a pena preocuparmo-nos”.
No entanto esta afirmação é falaciosa porque pode existir sempre a dúvida se há ou não um desenlace para o problema. Na maior parte das situações é possível intuir, mas é difícil ter a certeza absoluta.
Estamos condenados a estas demandas na procura do inacessível e por conseguinte à angústia, às frustrações inerentes, aos malogros previsíveis.
No entanto a rara felicidade de, quando em vez, abraçar o intangível é o impulsionador que nos instiga, embora as probabilidades possam ser ínfimas.
É um dos paradigmas que nos define como Humanos, na nossa imperfeição…

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Paisagem

Alongo um passo até ao limite, E no
Limiar do precipício
Estendo o olhar até ao horizonte. Uma ténue
Bruma obscurece as formas das aldeias que
Polvilham as vertentes das serranias.
Tornam-se arquitecturas intemporais incrustadas
Nas fragas. Ressoam de forma audível na sua magnificência.
Sortilégio de um encantamento milenar!
O ar palpita de sensações.
Prestidigitação de ignoto mágico.
O frémito percorre o corpo.
A lucidez é substantiva.
Pensamentos e emoções destrinçam-se. Tudo
Fica límpido e puro.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Habibi

Habibi, os desertos propiciam itinerários
Entre oásis de palmeiras verdejantes, passagens
Ora gélidas
Ora sob a mais intensa canícula.
Nunca tépidas!

Habibi, os desertos propiciam o desejo de chegar
E são o freio das nossas partidas.

Habibi, os desertos propiciam odores
A especiarias exóticas que se disseminam pela atmosfera,
Impregnam o nosso corpo de enigmáticas fragrâncias que
Evocam regiões remotas,
Onde o sol nasce e o
Ocidente se desvanece.

Habibi, os desertos propiciam sonhos
De uma sensualidade apenas pressentida
Através de véus translúcidos de inúmeros
Matizes. Estimulam a nossa volúpia.
Impulsionam a nossa
Agitação.

Habibi, os desertos propiciam tempo
Para olhar o firmamento e
Conjecturar sobre a
Filosofia.

Habibi, os desertos propiciam…


Habibi – palavra árabe que significa “meu amor”, embora possa ser utilizada como uma expressão mais coloquial de “meu amigo”, pode ainda ser um nome pessoal.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Emoções

Catadupas de emoções, Rios de
Lava incandescente, Perfuradadoras que
Abrem túneis em cordilheiras maciças e transportam-nos
Para estádios repletos, Elevam-se gritos de guerra de claques,
Azucrinando os decibéis transmutados em tempestades tropicais.

O tempo imobiliza plasmado num único segundo, que se arrasta
Para uma eternidade, Perduram horas de vida que
Sobrevivem numa fotografia mental. Em movimento
Quedo. Irrompe uma labareda, Suga o
Oxigénio, Engrandece e diligencia procurar mais
Combustível.

Ímpeto abrasador, alimenta correntes de ar ascendentes.
Que se elevam pelos céus. Cria mundos renovados,
Agita músicas oníricas que alvoroçam a imaginação.

Apolo e Dionísio na visão de Nietzsche, Um diálogo que
Agrupa os sentidos
Arremessa para os confins da alma emoções por muito
Olvidadas e sedimenta
Sensações.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Estradas…

Esquadrinho mapas,
Utilizo GPS,
Inquiro a estrela polar!
Interrogo videntes,
Examino as cartas,
Questiono a filosofia!
Só vejo labirintos.

Procuro estradas que proporcionem
Itinerários
Que projectem trajectórias.

Sigo o trilho,
Mais uma vereda sinuosa
Ondulante na encosta da
Montanha alva com o frio do
Alvorecer.
O cume agasalhado pela névoa é
Imperceptível.
Nem longínquo nem próximo!
Não tenho rumo determinado mas
Persigo o futuro!

sábado, 25 de julho de 2009

Uma estranha sedução

Na estranha sedução de
Um pensamento reside a inquietude em que
Vivemos.
Inquirir, perseverar na demanda,
Aglutinar a harmonia de uma conexão neural
Numa cogitação fantasiosa
Patenteia a nossa Humanidade.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Saudade

Percepciono a vida que por vezes é plena de ironia.
A inquietação discorre pela mente. Primeiro devagar,
Logo ganha amplitude, como uma torrente. Acerca-se
Por todos os lados e assedia-nos.
E interrogo-me como é possível a saudade
Implantar-se de maneira tão instantânea e insidiosa?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A dream

I see you on the edge of a dream.
Your perfect body is wrapped up with a
Enigmatic ocean of blue and maroon.
It’s the universe, itself in the brightness of a supernova explosion.
You are a cosmic understanding of the consciousness.

Encontro-te no esplendor da vida entre
Ruas banais. Vejo-te na montanha longínqua, na
Prateleira do supermercado, no marulhar da água,
Na leveza dos teus passos.
Bebo o teu sorriso, escuto o teu perfume,
Mergulho no teu ser.
Em ti encontro a razão para a existência do átomo!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Hasta siempre

Não há forma amena de encarar a realidade.
Por vezes atinge-nos como uma tempestade invernal.
Feroz, atemorizadora, proveniente do Hades.
Embacia a percepção e torna-se uma mágoa
Envolvida em nevoeiro diáfano.
Há tudo para expressar, não há nada para escrever…
Apenas me ocorre dizer-te
Hasta siempre…

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Escrever

Escrever é um gesto agreste e
Solitário como o fragor das palavras.
É como expulsar uma intuição.
E no entanto
Oculta-se na semântica a dor de as
Parir.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Olho o horizonte vasto e indescritível

Olho o horizonte vasto e indescritível.
Procuro um rumo, trilho apagado nas areias da praia.
Sinto emoções plenas, vazios transcendentais,
Melancolia. Procuro um simples afecto.
A vida nunca é unívoca, carece de seiva quente e suada,
Desfrutável mas perecível.
Guardada em locais esconsos e escuros. Na espera
De um espírito madrugador. Da madrugada
Libertadora.
Precisa do princípio da incerteza, do
Procurar, encontrar e desencontrar, das
Mãos delirantes, da insanidade. Do
Saber e desconhecer, fantasiar.
Idealizar vicissitudes, comprometer comoções.
Banalizar prosas. Namorar, vaguear sem endereço.
Abalroar um desígnio, consumar um ensejo.

sábado, 11 de julho de 2009

Tangibilidade

Tangível?
É uma questão árdua
Sem uma resposta maniqueísta…

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Zombaria

Acontece-me pensar que existe um deus da zomba. Está oculto mas
possui o dom de revelar-se quando não é desejado. Tem um
santuário virtual que se insídia pelo nosso Ser. Na cabeceira
do templo destaca-se um altar construído
com os nossos sentimentos onde o
deus escarnece, ri e Transforma a vida numa peça de fancaria barata
trágico-cómica.
Mesmo eu riria se não fosse actor.

sábado, 4 de julho de 2009

Nostalgia

Prólogo
(A física quântica baseia-se na ideia de que qualquer evento, por mais fantástico que pareça, tem uma determinada probabilidade de ocorrer. Assim existe a possibilidade de que sempre que estamos perante uma escolha, digamos entre seguir a estrada A ou B, poderemos de facto seguir pelas duas estradas, embora em universos diferentes. Sempre que optámos surge um novo universo paralelo onde se concretizam todas as hipóteses possíveis.

Esta ideia, absurda ao senso comum, enquadra-se com o sentimento que muitas vezes experienciámos de sentir nostalgia por acontecimentos que nunca vivemos.)

Já vi nascer a solidão encastrada entre um bulício infernal.
Já vi perecer uma multidão. Já me olhei no
espelho, E retorqui num diálogo simétrico e redundante.
Já escolhi centenas de vezes, Mas tenho a estranha sensação que
de todas, Nunca escolhi. Por
vezes penso que nem senti. Entrecruzei por imensas estradas mas
nunca parei. Sentei-me em miradouros mas duvido que
tenha visto a paisagem. Ouvi
inúmeras músicas, Todas se entranharam. Li incontáveis livros,
Todos me abraçaram. Bebi
mas tudo esqueci. Conheci algumas
pessoas, embora Conhecer me pareça um verbo em tudo relativo.
Decidi, mas mais vezes gostava de tudo ter decidido.

E hoje o meu sonho desejou-te...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Caravela

Pressinto uma caravela navegando num mar de brumas arroxeadas e
brilhantes. Capta o rumor do sol atravessando nuvens tentaculares como
se um polvo mecânico envolvesse a parafina das cordas do velame.
Abre-se para o oceano, equiparando-se a uma gôndola em canal estreito
e tétrico. Projecta sombras que se misturam nos remoinhos que pululam
nestas estradas aquosas, Cria sonhos, deglute ilusões, vende aparições. Apela ao vento que corteja as velas de um branco escurecido
pelas tempestades, pela negritude das noites quebradas por estrelas
cadentes reverberando pela atmosfera viscosa e quase palpável. Aquece os panos com a brisa dinâmica que origina movimento que fazem estremecer
os átomos que entrechocam violentamente. Vi
uma caravela de odores massajando a pituitária em imagens quase
cromadas reflectindo caleidoscópicas cores. Opíparos tons, melancólico sfumato. A caravela percorre a sua rota
entre meandros e requebros de jardins de ervas perfumadas. Sonegando
informação Partilhando emoções Relevando histórias de passados recentes e
distantes. Outrossim prossegue o seu destino, Como se existisse um propósito
a alcançar Uma meta tangível ou mesmo perdida na metafísica dos pensamentos. Caravela altiva, quase sensual, obviando encontros e
desencontros. Função mecânica porque nestas coisas a electrónica ainda
permanece no limbo da nossa consciência, absoluto e ao mesmo tempo
perecível, A visualização da tese a da antítese. A nossa deslocação no
tempo e no espaço que se mede em vidas Que se escoam numa ampulheta
invisível e inodora. Caravela personalizada sem marinheiros ou
passageiros. Única, inequívoca mas sem significado no macrocosmo. No
entanto existe, pode ser falada, escrita, desenhada, pensada e sobretudo
interiorizada.
Caravela flutuante, abrasiva com óbvias conotações melodramáticas dignas
de Bollywood. Carente, absolutamente desejada e idolatrada,
algumas vezes néscia, mas sempre na procura da bússola, da rota
programada ou nem por isso. Ouso afirmar que se ouve o marulhar da quilha
rompendo as alterosas vagas. Vaga-lume na escuridão, ponto longínquo e
fátuo. Arrasta consciências e consequências, por vezes estas adormecem e
nada escutam, E são livres como águias, como se a águia por voar fosse mais livre que qualquer outro ser. A caravela transporta(nos), com ela nascemos,
torna-se um lugar comum, uma miragem real no horizonte que nos esgota
mas nos obriga a transcender, pelo menos em alguns momentos, apesar
de se tornarem recordações, não deixam de ser vividos. Caravela portentosa,
esquiva, composta de material biológico, obsoleto, mas sem outra resposta
nem outra intenção. Caravela bolinando ao sabor do querer, Agarra-se a uma
(ou várias) ilusões, truque de mágico, assumpção do palco que
atravessámos, cegos pela luminosidade dos projectores que entalham
fios de luz emaranhados no éter escuro da sombra. Pequeno barco
entumecido pelo oceano, quase indefeso, balançando entre as vagas que
o agitam e perturbam. Procura, teimosamente, aproximar-se do seu
porto de destino ainda que lhe desconheça o nome, latitude e longitude. Caravela corajosa, embora não conheça a coragem, nem como
substantivo nem como
adjectivo. No entanto prossegue, o nevoeiro, que entretanto se espraiou,
ajuda, porque esconde os adamastores que espreitam. Pulsa de
vida. Encurva-se com as mais fortes rajadas, espuma pelo horizonte
longínquo esculpindo relevos na cava da ondulação. Inclina-se a
Caravela salga o convés, adorna de viés, rodopia,
escamoteia o salitre pela borda fora, Amaina mas não ajoelha. Encontra
outra vez o rumo, por vezes perdido. Volteia num passo de dança
febril, mas busca o Norte que freme na Via Láctea, Ensinando,
para quem o desejar, que existem trajectórias que podem
ser traçadas em mapas tridimensionais. Caravela de triangulares
velas latinas, evocando outros lugares, distanciando-se mas
ao mesmo tempo aproximando-se que a vida é assim mesmo, construída de
paradoxos.

domingo, 21 de junho de 2009

Momentos assim...

Há momentos ridículos outros mais. Sempre um manifesto,
Que não é uma arma mas uma confissão,
Que cresce abotoando-se de incompreensões, Paira no
Ar como que impessoal para depois se abater abruptamente como
Ave de rapina. Cumpre-se mais um dia assimilado na noite. Não
Ouvi barulho mas a insónia atribulou-se no insondável. Mais uma
Noite esfumada na manhã,
Um templo consagrado a Baco, a danças
De perfumadas e opíparas bacantes.
Só o tempo afasta o ridículo. E o transforma noutro momento
Constrangedor ainda assim diferente.
Ainda assim um momento…

domingo, 14 de junho de 2009

Nascem com um sabor de incerteza

Nascem com um sabor de incerteza. Por vezes crescem
Em volumes inauditos, transformando-se em películas de
Cores espalhafatosas.
Ecoam por vales perdidos, ocasionalmente provocam
Tremores de terra induzidos por lançamentos hormonais.
Outras apaziguam-se metamorfoseando-se em ribeiros
De um caudal estival.
Deslocando-se preguiçosamente numa paisagem queimada e
Estéril. Evaporando-se na medida em que percorrem distâncias
Apreciáveis.
Em alguns casos, na maioria das vezes, são uma planície desprovida de Surpresas.
Um horizonte baixo, uma iníqua maneira de ser. Um
Nada rotundo e obeso.
Ainda existem ocasiões em que são obliterados, esquecidos,
Aliviados numa amálgama de suor e tristeza.
Noutras são planaltos, tão lisos como as planícies, mas mais
Altos. Altura que propícia o voo e confere
Uma estabilidade livre de preconceitos, uma grandeza construída por
Serenidade.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

As maiorias absolutas são a governabilidade dos medíocres

Ontem, dia de eleições europeias, apreciei a televisão. Deliciei-me com os rostos da derrota de quem, pelo menos para mim, personifica a mediocridade e uma forma pouco ética de abordar a política.
As maiorias absolutas nada trazem de bom para o país, a não ser a arrogância e os tiques ditatoriais. Ouço espantado as teses da ingovernabilidade que de imediato saiem a terreiro se não existir a probabilidade de uma maioria muito apreciável. Mas não será a democracia na sua essência o diálogo, a capacidade de ouvir? Será que só se pode governar se tivermos o poder de esmagar a oposição? Será que estes quase 4 anos nos deram um governo melhor e mais capaz? Será que no fim deste mandato os portugueses estão numa situação melhor? Será que este governo do Partido Socialista fez alguma reforma durável e consistente?
É óbvio que a resposta a todas estas interrogações é um não rotundo. Não estamos melhor, bem pelo contrário. Estou a ver as alegações de alguns, mas o problema é exterior, é a crise económica internacional. Desenganem-se porque a crise é estrutural. Temos uma economia deficiente, um corpo empresarial e trabalhador com baixas qualificações. Sem resolvermos este problema do ensino não chegaremos a nenhum sítio, a não ser que o nosso projecto de vida seja competir com a China e por conseguinte com os seus níveis salariais. Perante este problema da educação o que fez o governo? Tomou medidas economicistas, incendiou a classe dos professores e no final tudo está bem pior.
Não teria sido muito melhor de em vez de ter tomado uma atitude autista, possibilitada pela tal maioria, o ministério da educação tivesse encetado negociações e obtido acordos para realizar uma verdadeira reforma que precisámos? Provavelmente estaríamos hoje numa situação bem diferente.
O mesmo não será válido para a Justiça, Saúde, Segurança Social, Economia, …?
A governabilidade advém da capacidade de diálogo, de encontrar pontos de união.
As maiorias absolutas são a governabilidade dos medíocres. Para o crescimento do país é fundamental que elas não existam.

domingo, 24 de maio de 2009

Vincent van Gogh

Olho o teu quarto desconexo, em Arles espacializado.
As cores derramam por entre espaços conquistados à perspectiva. Abrem-se
Novos horizontes, muito para além daquilo que se vê, Apenas se
Sente, experiencia, vive. Ouço
Crepitar as tuas estrelas num fogo nuclear abrasador Que
Aquece os sentidos num forno multissensorial. É
Uma pintura que movimenta emoções. Instala-se,
Quase que se destila numa alquimia de sentimentos, talvez até de
Desejos.
Arrefeço com vento ondulando os verdes ciprestes que engalanam
Paisagens tortuosas e longilíneas. Recordo Sócrates que
Torna profética a loucura que amaciaste e bebeste.
Não Foi um favor dos deuses, Foi génio, puro, não sei,
Mas certamente autóctone e imponderável.
Atrevo-me a olhar, sondar a seara que se plasma em
Corvos que circundam o nosso pensamento e estacionam
No sistema límbico Percepcionando uma estética de um
Belo que é sempre amargo.

sábado, 25 de abril de 2009

Reflexões Críticas

Ouço, num murmúrio tumultuoso, as ondas de choque que
Se espraiam nas cercanias. A explosão foi
Violenta, para lá do comum. Ficou o sabor da
Injustiça, embora pensando, quantas neste mundo! E tudo fica
Relativizado, como se nada se tivesse passado. Como se a
Explosão tivesse sido de veludo acetinado.

Este mundo, esta Humanidade, estes Deuses, estes
Cretinos. Como se pode aliviar a consciência? No futebol, na
Política? Em qualquer outra actividade de caridade?
A cultura do Eu permanece sólida e inquebrantável.

Dúvidas pertinentes, Escolas pendentes. Um
Delírio banal que se transforma num incidente
Televisivo, pelo que se ouve comentar na opinião
Pública. Desastre ecológico ridicularizado em
Religioso. Assunto de fé etilizado em drama de
Cordel.

Crise económica guerreada em propaganda
Eleitoral. Mentiras escondidas com
Verdades que de meias ganham apelido.
Assim é difícil perceber os caminhos que
Rastejamos. Os precipícios que no futuro nos
Acolhem.

Entretanto sonhei. Também, e sobretudo
Estranhei. Pensei que aquilo que Portugal
Mais precisava era de um
Repelente para
Políticos medíocres.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Um rosto

Um rosto visível na multidão.
Demarca-se. Cresce numa miríade de afectos.
Destaca-se. Numa cor distinta. Opala iridescente.
Acalma-se. Entre dois sorrisos esbatidos. Desfolha
o malmequer.
Ouve-se um lamento. Quase um murmúrio coado em
papel vegetal. Tímido, ciente de si mesmo.
Desperto para o percurso, que se torna sinuoso.
Acentua-se a inclinação do caminho.
Abre-se uma porta.
Entretece-se uma página de pensamentos.
Desconecta-se a mente. Imediatamente se escolhe o lugar.
Trôpego. Ancião perpétuo.
Escolhe-se um tema.
Um rosto marca uma posição, talvez até um rumo
na multidão vestida de cinzento anónimo.
Perde-se um segundo.
Atira-se a pedra que ressalta.
Ressalta um número limitado de saltos. Mas
mesmo antes de parar, ressalta uma última vez.
Repete-se o gesto para um resultado semelhante.
Alivia-se a consciência. E crescemos neste mundo
de primeira. Esquecemos todos os estão para lá destes
muros que nos protegem e nos escondem.
Não vemos nem sentimos.
Apenas aquele rosto se destaca na multidão.
Acena-se com as bandeiras.
Impregna-se de caridades.
Aglutina-se o pudor, como de publicidade se tratasse.
Escrutina-se o que somos.
E fica o rosto que é sempre acusador.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Tempestade

Ondas curvam entre pedaços de rosmaninho
Insidiosas. Na compreensão do requebro.
Plantadas num sentido uniforme. Aquosas,
Transportadas para colóquios de penas besuntadas com
Mel. É um requerer, um jantar pequeno, na noite.
Abrem-se os portões da casa de Eólio.

Intuitivo, guloso e entretecido entre este canavial. O
Vento ruge embutido entre as árvores. Que ricocheteiam
Numa dança icónica. O
Tempo fica plasmado na violência do sopro selvagem,
Perdido na sua fúria.

Ontem como se estivesse no perfeito dia. Âncora perdida
Na neve que flui do céu estilizado de
Cinzentos, rotas dramatizadas em gê pê esses. Os
Sons parecem brunidos em fogos estilhaçados.

De manhã acalma. Numa bonança
Esotérica. Encerrada num espaço fechado e temporal. Quase
Assinalando o renascer de um dia.

O Sol deglute as sombras que se abrem para
Os horizontes agora diáfanos, visíveis e aprazíveis,

Mais uma mudança climática diluída na tempestade.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Biodiversidade

Se uma rosa petulante, ousada, ecuménica, estivesse
Num mundo. Seria como um malmequer, outra vez desenhado,
Como se parecesse carvão. Um delírio. Outra senão a
Mesma. È um som episcopal. Estrídulo. Uma
Borboleta de asas multicoloridas. Abrindo caminhos. Como
Pétalas caídas, embrulhadas em fetiches. Violentos.
Para lá do normal.

A rosa. Uma flor de espinhos e sangue. Uma
Aptidão intrínseca. Seria um lírio. Uma
Aguarela em tons verde pálido. Ousadia incontroversa
Parda, onde se acaba. Talvez se comece. Sempre agonia.

Monstruosa sequóia. Imponente. Paleolítica de incompreensíveis
Movimentos aéreos que deturpam realidades translúcidas. Hoje
Que se ergueu a multicelular resposta. Incompreendida. Absoluta como
Uma majestade no seu ninho de pinho e cerume. Rapidez
Atrás de outras inimagináveis razões.

Castanheiro. Milho transgénico ondulante na seara de ouro.
Ou talvez pirita, que os tolos fazem de ouro. Porque brilha
É amarela, mas não é do prazer de todos nós.
Cansado, ainda assim prevejo que se transforme na tristeza
Sentida ou balbuciada.

Sentido perverso. Incólume na atitude pintalgada de
Algas de açúcar. Ornitorrinco. Antigo no passado que fica
Lá no Peloponeso. Ou em outros lugares que se assemelhem e
Mesmo que muito diferente sejam. Sempre sonhei com os
Andes, com o mítico, para lá da consciência.

Lucy, sinónimo de caminho para a Humanidade iniciado em
África e hoje, pelo menos num sentido simbólico, parece lá terminar.
Australopiteco. Homo Erectus. Neandertal. Cro-Magnon.
Terá porventura qualquer sentido? Será um beco?

Um manancial de dúvidas. Um requerimento em formato digital.
A celeuma repercute-se em violetas pedunculadas. Agora
Na noite insana, aquela em que sempre se augura uma
Tisana, é sempre visível, em qualquer azimute, um vocábulo que
Por mais vernáculo ou futurístico ou
Proveniente de acordos linguísticos é sempre um exemplo de
Biodiversidade.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Movimentos Paralelos

(a minha interpretação, muito pessoal e poética, do livro de Michio Kaku, Mundos Paralelos)

Movimentos paralelos entrechocam melífluas ondas,
no ar vagabundo. Porque reconheci um sentido, uma hipótese. Quase
um paralelograma, insidioso, basculante mesmo. Pesado como se de
granito fosse, embora de ar se parecesse. Restringi o meu olhar. Atirei-o para
muito longe,
numa lonjura que se mede em unidades astronómicas.
E aqui fiquei, quedo, estático, numa pose faraónica, E entretanto
Continuam as linhas paralelas, que nunca se encontram? Mas, e se o
Universo é curvo?
Volto a mim, refugiando-me na sede do conhecimento. Porque conhecer
é sempre exultante, ainda que por vezes assim não pareça.
Recordo os beligerantes que se aproximam em atitudes ferozes.
Ainda assim, as paralelas, na proximidade de um buraco negro?
E quando atingem o raio de Schwardzchild?
Continuam paralelas? No colapso da matéria?
Uma singularidade pesa, pesa tanto, que arrasta Einstein.
É um mundo misterioso que me espanta na teoria das cordas, na
Teoria M.
Magnitude oblitera o possível pensamento. Atrás de um significado, outro
ainda que seja, é sempre menos um. Porque apenas coexistem em onze
dimensões, mais surrealista que o surreal, mais incongruente que a
demência. Relativiza o que estranhamos. Porque se se estranha o que é
comum, e a física quântica é incomum.
Se adicionar três quarks, obtenho um protão!
É sempre fastidioso, diria até penoso, escrever, mas em onze (!!!) dimensões
parece ser uma tarefa para lá de hercúlea, torna-se um
protótipo de Sísifo.
Embora a perspectiva de um salto quântico para outra
dimensão, seja uma possibilidade, é sempre um obnóxio, tanto
quanto a própria palavra em si.
As minhas linhas paralelas já se perderam neste
multiverso, e só se encontram na capacidade
filosófica de procurar a verdade.
O Big Bang, revisto na teoria da inflação, previsto no
campo de Higgs.
Caminhos complexos entre o visível e a física subatómica.
Um paradoxo, tanto quanto o pode ser.
Risível na tal sensação hierática, de tudo ver e
pouco perceber.
A fome do saber, no entanto, existe.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Agora

Agora, neste preciso momento, nasce. Leve,
insinuante, gostosamente picante, até um pouco estimulante.
Escrevo-a mentalmente, enquanto procura fugir. Agarro-a, e
por conseguinte
prendo-a, embora não muito segura, olho-a de um modo
inquisidor. Procura esconder-se, ainda mais longe, nos
recônditos do cérebro. Plana suavemente. Procura uma estabilidade,
sinto-a crescer. Primeiro lentamente, depois mais
escorreita e veloz. Estabelece-se e
estremece e depois explode numa magnitude
esplendorosa. E aparece aos olhos dos outros.
Assim nasce uma ideia….

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Só um desejo

Há o desejo da paz. Existe o
desejo da guerra. Entre estas duas opções,
existe a possibilidade de não guerrear, o
que tornaria desnecessário negociar a paz.
Mas este, não é o mundo que somos, não são as
pessoas que existem. Não é a realidade virtual
que se conhece.
Este planeta assenta num darwinismo básico e
mesquinho.
Num crepuscular horizonte de lutas e poder. Não tivemos,
e é duvidoso, que alguma vez tenhamos, capacidade de
ultrapassar o nosso selvagem espírito, e renascermos como
uma Humanidade educada, pacífica, espiritual e culta. O
futuro é um símbolo sem significado aparente.
A resposta à gauguiniana pergunta, para onde vamos?
Só pode ser um desejo… uma inquietude…