sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?


De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?
Paul Gauguin, 1897

De onde viemos?

Do nada, escondido
No mais denso mistério
Sem presciência,
Escuro e gélido.
Num infinitesimal momento inicia-se
Este percurso, no centro
De uma abrasadora implosão
Seguida de uma incompreensível
Inflação.
Nasce o Universo,
Cresce… e surge a Terra.
Lentamente desenha-se a
Evolução que aleatória
Nos conduz, na sua improbabilidade,
Para este presente.

Quem somos?

Seres vivos formados por átomos que
Um dia brilharam numa qualquer estrela
E desaguaram neste mundo.
Multiplicámo-nos e
Desenvolvemos a capacidade de pensar,
Escrever, filosofar.
Exprimimos os sentimentos,
Rir, chorar,
Amar, odiar,
Matar, salvar,
Algumas das dicotomias
Que singularizam aquilo que somos.
Imperfeitos na imperfeição
Da nossa vida, ironicamente,
Quantas vezes idealizada
Na busca da perfeição.
Complicamos o simples
Vivemos sitiados pelos Deuses,
Ordenam-nos o quê, de que maneira e
Quando o fazer!
Escrevemos ordenamentos de moral
Que regem os nossos actos,
Não segundo a nossa vontade
Mas ao arbítrio daqueles que
Por nós pensaram.
Assim somos,
Quantas vezes sem consciência
Daquilo que realmente queremos,
Do que é deveras importante.
Assim somos nós!

Para onde vamos?

Nesta vastidão do Cosmo os problemas
Humanos parecem fúteis,
Por muitos deuses, convenções morais e
Leis que existam ou venham a persistir,
Inexoravelmente o Universo dilata-se
E nos evos dos tempos
Todas as partículas se desagregarão,
Num fluido,
Sem luz, som ou movimento.
Espera-nos o vazio,
O zero absoluto,
A quietude extrema,
O tempo sem tempo infinito,
A paz perfeita,
Verdadeiramente o
Fim.
Mas só então!
Porque até aí só existem
(Re)Começos.

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