sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Desaparece na hora do lobo/cão*


Ouço um ruído surdo que se propaga pelo mundo
Anuncia o que muitos não querem ver,
Denuncia o que escamoteiam,
Desaparece na hora do lobo/cão,
Longe do pêndulo que acaricia o tempo,
Esquecidos da história marcham em cardumes cardados
De tubarões esfomeados,
Nomeiam-se Trump, Bolsonaro, Salvini, Órban, Ventura ou
Qualquer outro
Que aspire a radicalização, a violência, o racismo,
Vivem do medo, da ignorância,
Da incerteza da economia neoliberal,
Do campo fétido em que a União Europeia se transformou,

É tempo de acordar antes que uma nova versão das Schutzstaffel
Irrompa nas nossas cidades!

Greta Ernman Thunberg,
Não consigo perceber a sanha que contra ela se levanta de muitos,
Será que uma rapariga não tem direito a expressar a sua opinião?
O que incomoda tantos?
A verdade?
O sentimento de culpa de todas as gerações que vão destruindo o planeta?
A imbecilidade de uns tantos?
A maldade pura?

Só posso argumentar
Hajam muitas outras e outros,
Discutam-se os problemas,
Distingam-se os predadores das presas,
Encontre-se uma equação que permita resgatar
O mundo!

É tempo de despertar antes que a Terra amanheça no Inferno!

*Inspirado na expressão “La hora lobicán”, do último, verdadeiramente o último, disco de Patxi Andión (expressão galega que se refere à hora do amanhecer em 
que os lobos e os cães se confundem, uma bela metáfora para os dias de hoje)

domingo, 17 de novembro de 2019

Dialética


Existe um espaço profundo,
Na avassaladora dimensão do Cosmo, que
De modo inconstante,
Distancia a liberdade da existência,
Separa o enredo da
Representação,

É um acontecimento que se prolonga por memórias delidas,
Divide a loucura da sanidade,
Estabelece uma fronteira intelectual entre o abstrato e o
Concreto,

Um rio tumultuoso
Que invade a nascente do pensamento,
Desagua no delta do raciocínio,
Espraia-se pelos Oceanos,
Planta-se nas areias revoltas das praias,

A semente desaparece na escuridão da terra,
Cresce na leveza das pétalas,
Incorpora se nos estames longilíneos,
Engaja-se no pólen frutificador,
Caminho espraiado no horizonte,

No tempo gasto entre o Nascente e
Poente,
Do Ocidente para Oriente,
De Norte para Sul,
De cá para lá,
Do princípio para o
Fim,

Uma história construída,
Uma entropia incessante,
Renascer pode ser sempre uma opinião, um desejo,
Uma ocasião para as moléculas esvoaçarem na finitude da
Atmosfera, 
Na peugada de um novo Big Bang,

Uma configuração romântica,
Em qualquer língua, em qualquer semântica,

Apenas percorrer a vida,
num completo e sentido diálogo,
Entre a amizade e o
Amor!


domingo, 22 de setembro de 2019

Num outro hemisfério


Num outro hemisfério,
Mais consciente da realidade,
Num outro tempo de vida,

Convida
A uma lassidão molengona,
Afetuosa e sincera,
Rompe novos espaços na alma,
Desperta cumplicidades incógnitas,
Expõe céus noturnos ignotos,
Alegoria da infinidade do desconhecido,

Um fascínio para a descoberta,
Uma adrenalina para o conhecimento,
Porta aberta
Para um novo momento,
Onde o vento se funde com o mar e
A terra emerge de um horizonte sem fim!

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Lenda


Fonda, Hooper, Nicholson,
Há muito tempo,
m momento, uma história,
Um caminho, uma aventura,
Plasmaram um roteiro de liberdade,
Bem como o seu preço,
Estas histórias
Ou filmes,
Nunca fenecem,
Renascem como lenda!

domingo, 21 de julho de 2019

Um talento


Ouço um ruído surdo
Que se espraia pelo mundo
Como um facto concebido
Num imenso areal desarrumado
Por palmeiras inclinadas ao vento,

Escuto o tempo
Como um emolumento da vida,

Sinto a tua vontade
Em mim incorporada,

Não consigo augurar o futuro,
Mas perspetivo a tua companhia
Como um evento
De talento,
De vontade decidida,
Sobretudo
De amor vibrante
E seguro.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Saudades da açoteia


Saudades daquela açoteia cativa,
Na minha alma sativa,
Para a qual corro,
Incessantemente,
Todos os estios,
No entretanto,
Distante,
Veraneio os meus pensamentos,
Até à cidade sem lei, vulgo Arroteia, chegar
E na ria me banhar!

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Simplicidade


Porque o sol resplandece,
Porque a lua sublima,
Porque o calor dilata os corpos,
Porque o mar refresca,

Porque a saudade,
Ainda que breve,
Absorve os pensamentos,

Porque os rios fluem de montante
Para jusante,
Da nascente para a
Foz,

Porque o desejo é
Feroz,

Porque a liberdade, ainda, é
Uma opção,

Porque o amor nasce,
Cresce e
Floresce,

Simplesmente porque
Assim
Apetece,
A canícula insinua-se
Entre os nossos corpos perspirados e
Coesos,
Numa harmonia
Vibrante!

Assim o sonhei,
Assim o desejei,
Assim aconteceu!


quinta-feira, 25 de abril de 2019

Abril


Em abril o tempo muda,
A espera transforma-se em expectativa,

Um dia será
Abril,

Momento de abrir, de rompante, as portas,
Criar um novo mundo,
Fundar expectativas,

É certo,
Poderá existir alguma corrupção,
Uma certa liberdade criativa de banqueiros,
Mediocridade espelhada nalguns rostos políticos,

Mas não se pode fazer confusão,
Nem sequer comparação,
Com os tempos,
Espero que para sempre idos,
Do Estado Novo,
Da miséria!
Da guerra!
Da falta de liberdade!
Haja memória!

Mas,
Para sobreviver,
A democracia precisa de ser
Ensinada,
Aprofundada,
E, sobretudo, ser
Praticada!

domingo, 17 de março de 2019

Keynes


(um tributo, pouco ortodoxo, mas sentido, a John Maynard Keynes)

O alfabeto rítmico das palavras fluindo
Num espaço infindo,
Uma folha branca
Redescobrindo caracteres
Enegrecendo a alva página,

Uma rebelião sumérica milenar,
O sincretismo da rebelião,
A tortura da imaginação
Deambulando por mundos heréticos,

A rotura teatral,
Com a palavra escrita e falada,
Refletida na bela imagem de um fractal,
Transmitida de boca em boca,

E logo a quiseram apagar,

Clamaram por economistas renomados,
Telefonaram a banqueiros da treta,
Elegeram políticos de hemiciclo,
Vieram jornalistas afamados,
Cirurgiões plásticos de fama mundial,
Transmitiram na TV, escreveram livros,
Divulgaram na Internet,

Mas apesar de todos os esforços,
Apesar de todas as mentiras,
Sempre o mesmo resultado,
Keynesianismo é superior a neoliberalismo,
Jonh Maynard Keynes é mais valioso do que Milton Friedman,
Ou a inteira escola de Chicago,

Só a ignorância de muitos,
A incompetência de bastantes,
A malevolência de alguns,
Esconde esta verdade de
Todos!




quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Catorze de fevereiro de dois mil e dezanove


A vida,
Por vezes,
Parece sufocar
Aquilo que nos faz respirar,
Mas fica sempre
Um momento
Para nos libertar, e
Contigo
Vibrar!

domingo, 6 de janeiro de 2019

Brinde


Brindo à vida,
Um mistério maior que o universo,
Por vezes íngreme e escarpado,
Outras suave e aveludado,
Desenvolve a habilidade de se renovar
Numa elipse temporal,

Brindo à amizade,
Que é a certeza ímpar da liberdade,
Acode-nos, conforta-nos, diverte-nos,
E aqui, neste, como em qualquer outro lugar,
Celebra-nos!

Brindo ao amor,
Na sua insubstancialidade perene,
Na alquimia de
Transmutar o vulgar em belo,
No encanto de ter nascido e
Nos unir nesta rota da vida.