segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Abraços

Imiscui-se no relento da pluviosidade,
Tomba em catadupas encharcadas
Incrementam uma solidariedade fátua,
Buscam territórios andrógenos
Onde o ser
Se confunde com o ter,
A transformação do pensamento
Embebe-se no quotidiano da vida,
Floresce numa floresta de encantar,
Vive uma vida fascinante,
Maravilha-se e
Estreita-se num
Terno e meigo
Abraço!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Uma mulher que se esquece do tempo

Uma mulher que se esquece do tempo
Num tempo que abraça no momento
Em que as mãos se entrelaçam,
Abraçam como dois seres que se unem,
E se questionam,
Encontram uma bissetriz que harmoniza os
Sentimentos
Descobrem-se,
Amam-se
No tempo que discorre e se envolve
Avoluma numa diáspora
Que sobressai no mundo em que
Vivemos.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Toco-te

Toco-te,
Ao de leve,
Com as pontas dos dedos,

E apesar da tua ausência,
Palpita um enlevo sensorial,
As asas de um inseto
Borboleteiam nas sensações,
Tentações nervosas
Reconhecem perfeitamente todos os poros,
Todas as nuances,

O prazer de compreender,
Os movimentos
Embalam preciosos vórtices 
Estreitam-se na inércia de
Estarmos aqui.

sábado, 12 de dezembro de 2015

De salto em salto

De salto em salto
Uma brecha que se anuncia no azul celeste,
Abre-se para o interior da imaginação,
Quebra-se na profundidade de suspiro,
Atrai-se na constante euclidiana do sabor
Incondicional,
Espraia-se numa multidão acolhedora,
Intui-se no abraço que sinto trepidante,
Enamora-se dos lábios contagiantes,
Anima-se no olhar livre,
Reconhece-se no sorriso pleno,
Espelha-se na alma.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Reflexões

Um grito
Que ecoa pela imensidão pálida
Do universo,
Estabelece
Uma fronteira,
Marca
Um território,
Explora uma incerteza,
Sobrevive,
Liberta-se,
Aprisiona-se,
Entretém-se no zénite solar,
Escurece as estrelas na noite,
Alforria o luar,
Aquiesce,
Protesta
Imponderável,
Inclina-se,
Apruma-se,
Insinua-se na tepidez da pele,
Culpa-se,
Iliba-se,
Imagina-se,
Absorve a transpiração alheia,
Ecoa sempre num estado febril,
Emancipa-se e,
Ao mesmo tempo,
Trucida-se,
Assume uma atitude,
Desperta e adormece,
Sonha e espairece,
Alumia,
Embora, por vezes,
Em agonia,
Outras
Em liberdade,
Mas
Cresce,
E
Vive!

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Um tempo diferente

Um tempo diferente
Envolvente,
Sensorial,
Envolto em pedaços de nevoeiro,
Otimizam um tempo quente e
Cinzento
Mas ao mesmo tempo
Deslumbrante e
Mágico,
Concebe uma paisagem original,
Cativa o apetecer,
Enleia no turbilhão da maré cheia,
Dispersa nuvens de espuma salgada,
Encanta como no canto de sereia,
Apreende a celeridade do movimento,
Acalma a solidão,
Vive na urgência de se declarar,
Consolida-se no fascínio de um olhar,
Absorve as energias que flutuam no ar,
Emerge num ímpeto sereno,
Aprecia o quotidiano,
Alimenta-se dos frutos diletos,
Alcança a perfeição.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Hoje

Hoje,
Devagarinho,
O pensamento eclodiu,
Observa, atentamente, a chuva
Vaporizando-se
Em miríades de inspirações,
Balouça,
Treme,
Equilibra-se,
Descreve uma hipérbole,
Assenta a poeira milenar,
Liberta-se,
Primeiro, a medo
Lentamente,
Depois
Numa avidez benigna
Alforria-se e percebe
A liberdade!

domingo, 8 de novembro de 2015

Sonhar

Sonho porque sonhar ilumina a
Existência,
Aporta o calor do sol feérico
Que incendeia os corpos,
Semeia as ideias,
Volatiliza as dúvidas,
Alegra o quotidiano,
Intui a liberdade,
Modela a intimidade.

Não sonho contigo
Porque és ideal,
(por mais sublime que possas ser)
Sonho
Porque és real!

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Cornucópia

Alguma coisa se manifestou
No vai e vem das palavras,
No entrechocar de ideias,
No despertar dos afetos,

Microscópica, de início,
A ideia cresceu,
Multiplicou-se,
Aplacou a incerteza,
Serenou a inquietude e
Suavizou os céleres pensamentos
Entre o momento da demanda
E o despertar da verdade,

Inclinou-se perante a beleza,
Incrustou-se de sabedoria,
Absorveu a ínclita torrente da imaginação que
Emanou livremente,

Percebeu a voz que se entende,
O discurso que voa,
A identidade que se afirma,

Partilhou as fantasias,
Sonhou os sonhos,
Semeou os devaneios,

Entrelaçou os afetos,
Despertou os sentimentos,
Sublevou a paixão,

Assumir o amor
Proporciona
Viver uma vida em uníssono
Numa cornucópia de desejos,
Entre o mais recôndito e o
Mais cosmopolita dos lugares,
Em qualquer latitude ou azimute
Onde os dois
Existam.

domingo, 1 de novembro de 2015

Encontros

Encontros
Onde a vida tem mais sabor,
A cerveja fica mais gelada,
O trabalho mais leve,
A diversão mais frenética,
O azul mais límpido,
A conversa mais eloquente,
A tranquilidade mais serena,

Encontros
Onde o vento sopra,
Levanta poeira que se dispersa pela paisagem,
Sussurra nos espanta-espíritos
Canções de paixão e
Ternura,

Encontros
Onde o tempo discorre
Numa intensidade absoluta,

Encontros
Onde o mundo gira graciosamente pelo espaço,
Num suave passo de dança
Transporta-nos para explosões estelares
Que inundam de vida o Universo,

Encontros no quotidiano,
Na exceção,
No dia, na noite,
No sonho,
No presente e
Até futuro,

Encontro-te, e ao encontrar-te,
Encontrámo-nos!

domingo, 25 de outubro de 2015

Um amor assim

Um amor assim
Precisa de ser tratado com toda a ternura,
Compreender-se,
Alimentar-se da doçura dos sorrisos,
Crescer livremente,
Apropriar-se dos termos coloquiais,
Embrenhar-se nos pensamentos,
Divertir-se no percorrer dos anos,
Sedimentar-se no quotidiano da vida,
Elogiar-se e criticar-se suavemente,
Questionar-se,
Penetrar nos corpos,
Florir nas estações do ano,
Assumir-se na imponderabilidade dos acontecimentos, e
Naturalmente
Necessita de ser amado!

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Democracia é mais do que uma palavra

Democracia é mais do que uma palavra,
Um conceito na Grécia nascido,
Pelo Mundo aperfeiçoado,
Muitas vezes maltratado,
Ignorado,
E até vilipendiado,
Mas esta conceção,
Para ser verdadeiramente universal,
Tem de ter a mesma valia,
A mesma importância,
Os mesmos valores,
Quer esteja a residir na Europa,
Em qualquer cidade da Síria, do Iraque,
Ou em qualquer recanto africano.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A pensar em ti

A pensar em ti ouço o chilrear da chuva na rua distante,
Sinto o frémito do vento nos vidros das janelas,
Escrevo em páginas brancas que se saciam de imagens coloridas do teu corpo,
Abraço o tempo íngreme que ascende para ti,
O pensamento delirante absorve a plenitude do teu ser,
Vibrações proporcionadas pelo ar aportam-me imagens da tua beleza,
Saudades mesclam-se com vastos enternecimentos,
O dia grisalho contrasta com a pigmentação da tua alma
E o sol brilha para lá das nuvens na incomensurabilidade das sensações,
A pensar em ti vens até mim!

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Escuto a tua voz

Escuto a tua voz
Entre silêncios e carícias,

Fala-me de amor,
Entranha-se na pele,
Cativa por osmose,
Seduz,
Dá e recebe,

Aproxima-nos em
Incomensuráveis momentos,
De um simples instante
Transforma-se num
Todo,

Abrangente,
Solidário, insaciável
Mas estável,
Vive em nós,

Amadurece,
Na indissolúvel
Alegria do ser,

Vive a
Imensidão da vida,
Transfigura-se na
Ousadia de almejar
Renascer,

E,
Na solicitude da História,
Prospera
Feliz. 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Ouso imaginar

Ouso imaginar que o pensamento
Medeia a incerteza da saudade,
Impregna os corpos
Na urgência de se tatearem,
Beberem-se na boca,
Explorarem todos os sentidos,
Misturam-se numa azáfama solícita,
Inquietarem-se e
Alcançarem a serenidade,
Deliciarem-se no requebro do cansaço,
Escutarem as palavras que encetam caminhos,
Olvidarem o mundo
E, ao mesmo tempo, a ele estarem atentos,
Um tempo onde existe cada um
Mas da individualidade emana uma fusão
Que se conjuga com paixão,
Arreiga-se na afeição
E substantiva-se no imensidão do
Amarem-se!

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O teu sorriso…

Há sorrisos que tranquilizam a vida,
Embebem-se bem fundo da imanência do ser,
Auspiciam porvires duradoiros,
Acalentam imaginações férteis,
Vibram no espaço em frequências infatigáveis.

Gosto do teu sorriso
Onde volteiam graciosas borboletas,
Descrevem suaves rotas
No ar quedo
Que nos antípodas emergem
Numa quântica tempestade,
Dirimem ventos ciclónicos,
Ondas que de pacífico antagonizam o oceano.

Quando o teu sorriso se espraia
O Mundo para,
Incandesce,
Estaciona numa espécie de êxtase fractal,
Nenhum som perfura a atmosfera,
Paira uma sensação irreal,
Uma névoa translúcida refrata a luz
Numa miríade de arco-íris esfuziantes,

Nada se move,
Imobilizado num suspense afetivo,
Exceto as gaivotas
Que voam em padrões delirantes,
Saltitam em alegre sinfonia,

Absorvem a energia,
Libertam o teu olhar
Numa feérica festa de
Emoções!

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Liberdade

Amor
Nasce
Assim, leve
Como o ar que respira,
Frágil mas
Sedutor e ardente,
Irreverente mas
Intocável,
Insurgente na sua necessidade
De viver
E de se libertar!

domingo, 13 de setembro de 2015

Latitudes universais

Ela
Pode ser africana
Porque de África é,
Ele,
De outras latitudes provém,
Mais nortenhas,
No entanto encontram-se no nadir longínquo
De uma vida,
Vivem de ensejos,
Também de desejos,
Caldeiam sentimentos,
Olham-se nos olhos,
Criam um círculo, estendem as mãos,
O vento veste-os com um perfume exótico,
O abraço abarca-os de um modo tão completo
Que são dois e ao mesmo tempo um,
A transpiração une os corpos,
A respiração movimenta-os em uníssono
Num êxtase sensual e
Universal. 

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Uma tarde mágica

Uma tarde mágica,
O mundo encolheu e, ao mesmo tempo,
Estendeu-se por dimensões cósmicas,
Um passadiço,
Dunas,
Uma ténue brisa,
O mar ao fundo,
Duas pessoas que se
Cruzam,
Harmonizam sorrisos,
Conversam,
Dialogam palavras e
Emoções,
Entrelaçam sentimentos,
Festejam a vida!

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Construir

Nas circunvoluções de um
Tempo longo,
Encontro-te,
Encontro-me,
No degustar da vida,
Dos pensamentos,
Da irrequietude
Que se acalma na leveza da conversa,
A incerteza dilui-se
No percurso indelével
De uma manhã até ao entardecer,
Não se esgota,
Constrói-se continuamente
Num afã subtil de arquitetar emoções,
Perde-se vezes sem conta,
Descobre-se ininterruptamente,
Afoga-se
Mas volta à tona,
Numa trajetória suave e estável,
Inimaginável,
E no entanto,
Real.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Uma criança na praia

Uma criança na praia,
Centenas de milhar,
Que me desculpem os ignorantes que o afirmam,
Não são migrantes!
São refugiados de guerras
Muitas vezes iniciadas e
Alimentadas
Por interesses ignaros e
Abomináveis,
Conflitos que discorrem
Na indiferença de quem está longe,
Consciências pesadas,
As nossas,
Bem pesadas com o que temos diante dos olhos,
E no entanto perseveramos num
Imobilismo fatal
Que nos condena à nossa, ancestral, condição de
Predadores!

terça-feira, 1 de setembro de 2015

A razão de um querer

A razão de um querer
Reside na dimensão da complexidade
Em o abarcar,
Está no tormento
De o sonhar,
O idealizar,
E,
Em definitivo,
Na inteligência de o viver!

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Ouve o grito

Ouve o grito
Espairece de mansinho
Como se não quisesse ser escutado
Ou culpado,
No entanto
Estremece de imediato.
Uma imagem
Semântica,
Liberdade ensimesmada na
Contradição de um hábito,
Exaurido da mesma forma que esquecido,
Semblante melancólico
Apesar de alegórico!

domingo, 19 de julho de 2015

Somos a consciência da realidade

Somos a consciência da realidade,
A liberdade de escolher,
O pátio onde se joga à “cabra cega”

Ouvem-se risos,
Flutuam no ar imenso,
Atravessam eras,
Perpetuam futuros,

Deliram nas ondas do mar,
Encriptam mensagens poderosas,
Derivam nas correntes do pensamento,

Existem, Deliberam,
Assumem ideias,
Gozam momentos nomináveis,
Ensinam-nos histórias,
Cantam canções,
Procuram acordes,
Balançam entre a melodia e a dissonância,

A acuidade cresce,
Os sentidos convalescem,
Porfiam incomensuráveis vezes,
Alegam razões,
Abarcam emoções,

Alcançam metas
Que são portas
Para outros
Caminhos!

domingo, 12 de julho de 2015

Hélade

No século VI antes do nascimento de Cristo,
Pelo nosso gregoriano calendário,
No extremo sul de uma península
Balcânica de seu nome,
Nasceu uma ideia, uma civilização,
Uma arte,
A filosofia,
Uma consciência de cidadania,
Um conceito político profundamente revolucionário,
Democracia,
A possibilidade de um simples homem se substituir
Ao poder dos soberanos,
A capacidade de cada um decidir o seu destino!

Desde Hélade
Essa ideia germinou muito lentamente,
Foi granjeando adeptos,
Esbracejou, lutou, furou,
Derrotada muitas vezes,
Vencedora outras mais,
Pouco a pouco foi moldando a nossa consciência,
Regenerou-se no modo de vida
Ocidental apelidado.

Hoje, ano de dois mil e quinze,
Preparámo-nos para destruir todo este desígnio civilizacional
Que nos habituamos a designar por Europa,
Que demorou dois mil e quinhentos anos a amadurecer
Em nome de um Deus
Estranho, implacável, aristocrático,
Autista,
Denominado Economia.

Vivemos estupidificados
A agonia da Democracia!

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Apesar de Eratóstenes

Apesar de Eratóstenes,
De Fernão de Magalhães,
Das milhares de fotografias tiradas em órbita,
De todas as rotas de circum-navegação realizadas,
Apesar de todas as evidências e provas científicas,
Apesar de tudo o que já foi escrito e dito,
Apesar daquilo que nos diz o bom senso,
Sou obrigado a concluir que

A Terra não é uma bola colorida
Que viaja alegremente pelo espaço,
Um ponto pigmentado na imensa escuridão do Cosmos,

É um espaço quadrado, plano e
Cinzento
Obstruído pela ignorância,
Ganância,
Imbecilidade
De parte Humanidade!

Subsiste a esperança
Que um dia
A compreensão advirá
E o Homem
Agigantar-se-á para lá
Da condição animal!

terça-feira, 16 de junho de 2015

As propriedades inacessíveis do vento

As propriedades inacessíveis do vento
Encontram-se no
Nonsense,
No discurso vácuo,
Incerto,
Quase agonizante,
Segrega atitudes vazias,
Inócuas,
Perdidas na insanidade,
Discussão redonda
Entristecida em ângulo obtuso,

O caminho esquiva-se,
Numa fuga para o outro lado do espelho
Onde o mundo se reflete
Na avidez sôfrega
De compreender o
Sorriso!

quarta-feira, 3 de junho de 2015

A mulher veio do Oriente, Ocidente

A mulher veio do Oriente, Ocidente
(ou de qualquer outro quadrante ou azimute)
Divagou,
Enleada nos misteriosos
Mas profundos véus da sua doçura,
Enlaçada em afetos,
Dirime mágoas,
Vislumbra horizontes,
Percorre caminhos,
Compreende emoções,
Granjeia solicitude,
Implode multidões,
Delicia a indubitável e
Preciosa beleza
De ser
Mulher!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

O calor

O calor,
O sabor,
Flui incessante,
Na ocasião íntima
Partilhada,
Delineada
Num estremecer da epiderme
Deliciada,
Saciada
No fulgor da emoção,
Entusiasmo arrebatado,
Mergulhado na saudade,
Do reencontro,
Da vontade,
Da ambição,
De reconhecer,
De tatear todos os poros,
De suspirar pelas palavras,
Imergir completamente
Transparente,
Num cristalino e espesso
Sentimento.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Manhã

Hoje
O teu beijo
Albergou-se na alma
E
Diluiu a agreste névoa cinza
Da manhã!

quarta-feira, 29 de abril de 2015

A sensualidade

A sensualidade
Esconde-se na opulência de um sorriso,
Liberta-se na leveza de um simples gesto,
Encontra-se na voluptuosidade dos corpos que se encontram
Sem se tocarem,
Rodopiam numa dança feérica, deslizam suavemente pelo ar,
Descobrem-se numa urgência simbiótica,
Movimentam-se em sincronia,
Transpiram de modo uníssono,
Respiram-se,
Amam-se!

segunda-feira, 20 de abril de 2015

As palavras

As palavras nascem em misteriosos lugares,
De forma enigmática
Adquirem vontade própria,
Adjetivam pensamentos e ações,
Ondulam e revigoram-se em livros,
Interpretam interrogações,
Balizam equações,
Aquecem conversas,
Misturam-se no ar e transportam-se
Para todos os locais,
Sobrevivem aos massacres,
Vivem connosco,
Nas recordações,
Que ficam,
Dos que partem!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Arquipélago

Ilhas perdidas encontradas num oceano inominado,
Incógnitas,
Envolvidas em arcano mistério,
Telúricas na sua génese,
Emergem na sofreguidão da existência,
Indiciam um delicado pensamento
Embebido na paisagem selvagem
E triunfante.

Ousam afirmar um clamor incerto
Derramam-se na paisagem,
Escutam-se num som leve e
Penetrante,

Refletem,
Exalam luz exultante,
Inconstante,
Brilham no ar
Inebriante,

Arquipélago que se situa
No mito da utopia,
Para lá da consciência,
No incessante deleite das palavras
Que se conjugam, entreajudam,
Discordam, discutem
Mas sempre rimam
Na mente do poeta.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Existir

O olhar emerge da noite,
Partilhamos o alvorecer,
Temos um jardim notívago,
Quântico,
Expande-se numa aceleração instantânea,
Absorve o entendimento do Cosmos,
Surge do nada,
Inscreve-se na teoria do tudo,
Bolina no mar revolto,
Uma colisão de partículas elementares,
Vaga perceção do princípio primordial,
Ilimitada,
Infinita,
Incessável,
Insaciável busca do saber,
Só porque
Somos,
Existimos!

terça-feira, 24 de março de 2015

O poeta (A Herberto Hélder)

Ninguém compreendeu a ocasião furtiva em que o teu olhar
Perscrutou e se inclinou num cumprimento,
Ao mesmo tempo suave e sôfrego, que se incendiou
E declinou, tudo num ápice de ligeiros segundos,
A terra tremeu, um novo ciclo iniciou-se,
Perturbador,
Como um fantasma passeando nas insalubres masmorras do castelo,
Há sempre um lugar, uma ideia para partilhar,
Uma palavra que se escreve e se apodera da vida,
Criando um novo ser
Que delira na sua singularidade,
Diário inscrito na circunvalação do tempo,
Veleiro alado
Atrapado na insigne desobediência
A toda a submissão,
E grita, explode,
Encanta, vibra, chora,
Pranteia a seu bel-prazer,
Inimigo dos ignaros,
Absoluto em liberdade,
Pelo menos no instante de grafar o
Pensamento.