domingo, 31 de janeiro de 2010

A fogueira

Achas que se incendeiam
Na fogueira,
Calor disseminado pelo corpo,
O fumo voa longe
Transforma-se em neblina,
Embacia momentos da vida,
Amplifica outros,
Recorda o que importa.
Espanta o frio!
Afugenta os fantasmas!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Um intuito

Um intuito,
Um propósito,
Percorrer a vida
Como ela é,
Nada mais!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Os amantes da música

A música desenha o pensamento.
Escutá-la absorver
Os sentidos, indicia
Um estado de espírito,
Deixar o timbre entranhar
Todo o corpo e
Percorrê-lo numa estranha simbiose
Que emana em êxtase,
Uma percepção irreal,
Uma maneira de estar
E sentir a própria existência.

God's Way on Business, Tom Waits

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um inescrutável mar de Inverno,

O sol busca romper
Por entre os fiapos da névoa
Que entretecem a manhã
Engalanando-a de tons sorridentes.

Contemplo
Um inescrutável mar de Inverno,
O rumor das ondas
Ricocheteia no espírito.
Do nevoeiro emergem
Dissimulados os
Perfis de várias ilhas,
Inventam ilusões e
O vai e vem da maresia
Desenha imagens fátuas na areia
Que se dissolvem em
Recordações desenfreadas,

Tocar ao de leve a tua face,
Explorar a riqueza das
Tuas ideias,
A beleza interior,
Afagar os teus sentimentos
É um poema por si só.

Nesta imensa praia deserta
Deleito-me com o voo das gaivotas,
Com a aridez das arribas,
Com a solidão deste litoral encantado,
Com os destroços que povoam o areal,
Com os pensamentos,
Com a vida,
Contigo.

Praia d’El Rey, 23 de Janeiro

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Esplendor de luz

Um corredor na penumbra,
Os passos tímidos
Percorrem-no
Tacteando o caminho,
A porta que se abre,
Outra que se fecha,
Outra ainda que range...
Por uma fresta perpassa
Um gomo de claridade que
Risca no chão escuro uma
Mensagem,
Gravada em tons de ouro,
Profunda, inabalável,
Indelével.
Necessita ser decifrada,
Reclamada,
Para escancarar a porta para o
Esplendor de luz.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Um encontro

Não falo de vitória
Nem de rendição.
Não há guerra, nem feridos,
Nem despojos.
Apenas uma troca de opiniões,
Um encontro não planeado.
As pessoas saíram,
Ficámos tu e eu
Num espaço fechado,
Preenchida pela música em redor
Que canta uma canção de amor e
Uma rosa vermelha que enternece
O ambiente.
E porque o tempo urge
Aconchegámos os corações num bater
Uníssono e delirante.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Nada me impede

Frio, chuva, vento,
Tempestades no mar,
Tornados em terra,
Tormentas de neve,
Calor, sol, calmaria,
Dilúvios no deserto,
Buracos no ozono,
Ostracismo, discursos de políticos,
Bombas atómicas,
De hidrogénio que sejam,
Nada me impede
De te amar!

Into My Arms, Nick Cave

domingo, 17 de janeiro de 2010

A tua voz

A tua voz
Penetra o espírito,
Induz devaneios de maravilha que
Ouso fantasiar quando
Escuto a tua voz,
Quando a imagino
Flutuar como uma carícia que
Me envolve em ternura.

As palavras…

Certamente as palavras têm um preço,
Que temos sempre de pagar,
Quer sejam proferidas ou
Caladas!

As palavras completam os afectos,
Às vezes são enganadoras,
Às vezes faltam,
Às vezes ofendem,
Portam tristeza
Outras alegria.

Crescem e de quando em vez
Tomam proporções titânicas,
Assumem decisões,
Proporcionam abrigo,
Pronunciam as razões e emoções,
São verdadeiras!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Uma história

Num local muito
Para lá dos lugares que se avistam,
Num sítio de tranquilidade,
Onde o Outono esvoaça para a Primavera,
As folhas planam nos sentidos,
Redigem no ar quedo
Canções que acariciam,
Acalentam a paixão,
Impulsionam para a acção.
Sítio áspero e sedoso,
De expressivos contrastes,
Irrequieto, intranquilo,
Um desassossego sadio,
Prelúdio de uma história
Que até pode não ser contada
Mas merece ser vivida.

Magnificent, U2

Um tempo…

Um tempo atrás de um
Outro tempo.
Um tempo de brumas, de
Espuma,
Um tempo solto,
Um tempo de atenção,
Um tempo de chuva e sol,
De arco-íris adoçando
Os céus,
Um tempo de reflexão,
De inflexão?
De emoções,
Nem sempre expressas mas
Sempre sentidas,
Um tempo de vivências,
De evidências,
Nem sempre planeadas,
Mas sempre acontecidas e assumidas.
Um tempo sentido,
Um tempo simples,
Um tempo que
Corre atrás do tempo…
Um tempo d’água e fogo!

Choose Love, Rita Redshoes

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O Graal

A busca de uma ocasião,
Do fulgor de um momento,
O instante que se proclama,
A sensação de proximidade,
A empatia natural,
Caminhar de mãos dadas,
Imaginar um mesmo futuro,
Acordar em uníssono na mesma cabeceira,
Compreender-se mutuamente,
É o Graal de uma vida.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Lá longe distante

Lá longe distante
Para lá da escuridão que se abate
Sobre este lugar vejo tremeluzir
Um ponto desvanecido no firmamento.

Olho e
Imagino galáxias de emoções!
Olho porque doi,
Olho porque é luz,
Olho porque o sonho nunca é
Subtraído da imaginação,
Olho porque é alegria,
Olho porque o futuro está logo aqui,
Olho porque apetece!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sempre

Por vezes a tristeza assume
A forma de uma mágoa que se infiltra
Numa melancolia dolorosa que
Brota, cresce, desenvolve-se,
Lança rebentos que se disseminam e
Obscurece o dia.

Mas há sempre um sorriso amigo,
Há sempre um caminho…
Um abraço terno,
Uma palavra,
Um gesto,
Há sempre uma emoção a partilhar…

domingo, 10 de janeiro de 2010

Um dia

Um dia fiquei
Preso pelo teu olhar…
E não procuro a
Liberdade!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Dança comigo

Hoje,
Em especial hoje,
Mas todos os outros dias
Da vida,
Convido-te para dançar
No espaço virtual,
Na imaginação,
Na praia ao som da maré,
No escurecer da noite,
No madrugar da manhã,
No centro da multidão,
Na intimidade do nosso abraço,
Onde quiseres desde que o
Amor esteja acessível.

Dance Me To The End of Love, Leonard Cohen

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Only You, The Platters

O único caminho

A delicada maneira do afecto
É imponderável na sua imaterialidade.
Um brando e suave pensamento,
Quase uma ténue brisa que
Subtil alonga um sentimento.

Emerge de um local profundo e quente,
Alcança a superfície,
Irrompe delicado e cálido,
Lava incandescente,
Ignescente, rubesce no
Luar da noite,

Ruboriza a realidade,
Acrescenta-lhe a imunidade,
Própria de quem nutre carinho,
Possibilita a franqueza, ainda que,
Por vezes arredada,
Mas é sempre o único caminho!

domingo, 3 de janeiro de 2010

sábado, 2 de janeiro de 2010

Um mito

As velas incandescem com o
Teu perfume feminino,
Alimentam a chuva e
Do calor da terra molhada
Ergue-se o teu rosto,
Permanece oculto, refugiado
Num sonho inacabado,
O acordar sobressaltado
Incinera as memórias
Que ardem numa pira fantasmagórica,
Incendeiam os sentidos
Enoveladas no fumo das recordações que
Escrevem histórias, recriam mitos.
Assim nasceu o teu!

Gerês, 2 de Janeiro de 2010

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

As montanhas que se elevam

As montanhas que se elevam
Num contraste que obscurece o azul do céu,
Os vales que mergulham no profundo da terra,
As penedias que irrompem na sua
Majestática serenidade,
Personificam uma paisagem que
Assume um ardor selvagem,
Um grito da alma,
Um som que perturba,
Um gesto de amor.

Passear nestes caminhos,
Ouvir esta quietude que se
Entranha e nos une,
Perto ou longe, não interessa.
Olhar-te nos olhos e
Deixar fluir a mansidão desta aragem
Que sussurra e agita,
É uma silenciosa declaração de amor.

O Inverno nas montanhas

O Inverno nas montanhas
É o Inverno agreste,
Sincero sem atitudes mundanas,
Só uma maneira de estar,
É um reencontro com a verdade.
A tempestade que ruge e assusta,
A quietude que impregna a alma.
É uma lareira acesa,
Um pensamento vagabundo e feliz,
Uma recordação ditosa,
Um bem-estar profundo.