terça-feira, 14 de junho de 2022

Poema da descrença, com algum humor, mas que sei eu, e uma hipótese para acreditarmos

 Os dias que decorrem

Para as noites

Enfeitadas de notícias envolvidas

Em papel semântico,

Trazem-nos novas da guerra,

De uma forma quase bíblica,

Uma espécie de palavras cruzadas

Diluídas num paleo de incenso.

 

Estamos num mundo esquizofrénico,

Devoluto,

Mas impregnado de religiões,

Umas mais esotéricas, outras

Menos,

 

Onde a racionalidade é um embuste

Triste,

Talvez mesmo disfuncional,

 

Alguma razão para acreditar?

Alguma ideologia capaz de

Ultrapassar a memória predatória do

Homem?

Algum sinal cósmico de bonança?

Alguma hipótese realista de um

Nirvana?

Ainda que sem Cobain?

Alguma religião eficaz?

Já que pertinazes

Serão elas.

 

Algum Homem?

Alguma Mulher?

 

Algum cenário plausível?

Alguma razão para indagar?

Alguma réstia de liberdade para

Viver?

Algum queixume para indignar?

 

Alguma fotografia de criança jazendo numa

Remota praia,

Estendida na nossa consciência?

 

(A utilização do verbo travar para o decorrer de

Uma guerra merecia uma explicação freudiana)

 

Mais humanos para matar?

Mais ozono para degradar?

Mais armas para vender?

 

Mais Twitters para comprar?

Mais mentes para dominar?

Mais mentiras para espalhar?

Algum novo mundo para

Conquistar?

 

Algum ego para adorar?

Algum para ignorar?

 

Alguma inquisição para reativar?

Alguém realmente vivo nesta

Realidade?

Alguma muralha para escalar?

Algum livre-arbítrio restante?

 

Alguma interrogação real?

Alguma exclamação autêntica?

Alguma evolução na História da

Humanidade?

Algum entendimento?

Algum vislumbre da irrealidade na vida?

 

Algum esperma no caminho,

Perdido em algum ato de contrição?

 

Algum final feliz?

Algum final sequer?

Será que temos hipótese de um início?

 

Será que existe um espaço que separa o começo do

Fim?

 

Serão questões a mais?

E, afinal, a vida é só para viver,

Da melhor forma que conseguirmos,

Da melhor maneira que a entendermos?

 

Apenas e tão só isto?

Que se verdade for, terá a dimensão do

Universo,

Resplandecerá como uma Supernova,

Será, afinal, a nossa,

Liberdade!