domingo, 1 de novembro de 2020

Um pêndulo no tempo

 

O sol ergue-se do negrume da noite,

Eclipsa as estrelas no raiar do dia,

O homem sentado nas rochas

Escreve um poema que se

Esconde nos grãos de areia da praia deserta,

 

Um diletante percurso

Abre-se na folha escurecida por caracteres

Gatafunhados numa celeridade conspícua,

 

Atravessa o areal e é

Absorvido pelo matagal que o

Oculta

De ninguém,

 

Mas, ainda assim, o

Encobre de qualquer olhar fortuito,

Ou até, de alguém mais atento.

 

Discorre na sombra das árvores

Escanzeladas,

Estabelece uma comunhão

Com o

Ciciar do vento,

 

Uma litania espraiada

Neste santuário selvagem,

Mistura-se com o estridular do pica-pau,

Lá longe,

Nas profundezas do arvoredo,

 

Há um pêndulo no tempo,

Um passo a compasso,

Evento descrito no

Papel branco virtual,

Aventura sempre renovada,

 

Espírito do desejo,

De desejar um mundo que

Se entrelace

Nas nossas mãos!