sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O vento

O vento agita levemente o espanta-espírito,
Borbulha nas folhas do arvoredo,
Gira, num círculo íngreme, as velas do moinho,
Assobia, entediado, na rua lúgubre
Derrama ondas no mar fátuo,
Arqueia as verdes ervas do prado,
Sacode a poeira do caminho,
Adeja, soluçante, o papagaio,
Germina um pensamento fabuloso,
Aporta-me as tuas meditações,
Envia-te as minhas sensações,
Quebra as grilhetas que aprisionam,
Liberta!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Estórias

O azul profundo do mar
Estende-se a longínquos distantes,
A cor florida e garrida,
O doce amargo do café,
Estórias, que se veneram,
Entrecruzam-se no ar quedo,
A tranquilidade invade, sossegada,
O olhar,
Apetece o beijo,
Sossega a agitação,
Apossa-se, serena, a mágica sensação,
De bem-estar.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Uma pertinente interrogação

Lutas fratricidas,
Extremismos,
Fanatismos,
Guerras, massacres,
Cupidez, falsidade
Corrupção,
A mais incrível riqueza convivendo
Alegremente
Com a pobreza faminta,
E muitos,
Muitos mais adjetivos,
Escapam à minha limitada
Imaginação,
Mas impelem-me para uma pertinente
Interrogação,
Seremos, certamente, seres,
Mas seremos nós Humanos?

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Assertividade

Esquiva,
E fugidia,
Permanece a justiça,

Acesa
Permanece a dúvida,

Assertivas
Deveriam ser
As nossas exigências
De colocar um fim
Ao lauto banquete
Entre políticos e
Negócios!

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Na poeira da História

A borboleta esboça sonhos no ar desconexo,
Esvoaça entre rododendros coloridos,
Liberta um espaço grandiloquente
Onde satisfaz desejos vespertinos,
Esquece uma memória esbatida
Na paleta amarelecida de um velho
Álbum de fotografias,
Perdido no atravancado fundo
Da gaveta da memória,
Solta-se uma agnóstica meditação,
Estabelece uma ligeira brisa
Amolece a teia da vida,
Absorve energias,
Inviabiliza o sentido da transformação,
Doce espanto,
Subtil encanto
Gera eloquente discurso
Perdido na poeira da História.

domingo, 16 de novembro de 2014

Vistos “gold” e outras coisas que tais…

Vivemos numa sociedade que promove
Vistos “gold” para uns poucos,
E nenhuns, nem de latão, para quem deles
Realmente necessita,
Um mundo que dispensa vassalagem
À riqueza,
Está submerso numa religião,
Que não sendo nova,
Está impregnada de um moderno
Fundamentalismo,
Onde
Não há moral nem ética,
Apenas o lucro interessa,

Irrelevante como foi obtido,
Legal, ilegal, diamantes de sangue,
Um ou outro assassinato, um pequeno ou grande contrabando
De estupefacientes,
Umas crianças, em qualquer país do mundo,
A trabalharem de sol a sol,
Em condições insalubres,
Por um insignificante salário,
Eis os renovados esclavagistas,
“Negreiros” sem barco
Mas igualmente responsáveis pela pauperização
Que grassa no planeta.

Só quem usufrui de riqueza tem todos os direitos,
Onde para a célebre assunção liberal,
“Todos nascemos iguais”?
Esta´dissipada em benefícios,
Negócios fraudulentos,
Em leis iníquas, destinadas a favorecerem
Uns
Em detrimento da maioria,

Um novo racismo que,
Se da cor da pele não se alimenta,
Banqueteia-se na coloração dos “Visa”, “Master Card” e quejandos,
Uma nova aristocracia, não tendo títulos,
Tem ações, negócios claros, alguns mais cinzentos, outros escuros,
Aqueloutros infetados pelo crime e depravação,
Um novo clero corrupto, que venera, bajula, curva-se, saliva,
Esgravata alguns migalhos,
Abre portas, estende passadeiras vermelhas,
Oferece-se como qualquer prostituta de Babel,
Fornica despudoradamente os mais fracos,
Alimenta-se da penúria,
Esfrega-se lascivamente no ouro
Em orgias nauseabundas.

E os governos, os políticos?
Se não são coniventes,
Dobram a coluna vertebral,
Oferecem isenção de impostos, paraísos fiscais e todos os
Artifícios legais e semilegais para as multinacionais
Se escapulirem às devidas tributações,
Os cidadãos, esses
São obrigados a pagar todas as contribuições,

Um dia são ministros, secretários de estado,
No outro são administradores das empresas, bancos, ou,
Melhor ainda, são nomeados administradores não executivos,
Um eufemismo para uma reforma dourada,
Enquanto negam pensões a quem trabalhou.

E no fim desta pirâmide,
Suportando o peso de toda esta corrupção, injustiça e
Perversidade,
Está o povo,
De novo despromovido a “Terceiro Estado”,
Intrujado,
Humilhado,
Desapossado de direitos,
Com diplomas do Ensino Superior a mais,
Condenado a servir a nobreza dominante e,
Descalço e de cabeça descoberta,
Implorar por umas migas,

Até ao momento
Em que acorde
E descubra que é a maioria,
Rompa com o cativeiro,
E possa,
Finalmente,
Conceber uma 
Humanidade mais justa!

domingo, 9 de novembro de 2014

No escoar dos anos

No silêncio arrebatador
Da imanência,
A sensação aligeira
Os sentidos,
Inocula uma tempestade criativa,
Descerra um consentimento,
Uma hipérbole da Natureza
Decantada em encontros enigmáticos
E turbulentos,
Elevam-se sentimentos,
Postulam-se ideias,
Abrem-se e cerram-se portas,
Percorrem-se destinos,
Encontram-se razões,
E,
No escoar dos anos,
Conquista-se a serenidade!

domingo, 2 de novembro de 2014

Amizade

Apesar da definição
Ser intricada,
Misturam-se sensações,
Interligam-se afetos,
Explodem em intuições,
Insinuam-se códigos,
Vivem-se momentos,
Permutam-se carícias,
Gestos triviais,
Leem-se pensamentos,
Aglutinam-se em perplexidades,
Plasmam-se nos eventos banais e quotidianos,
Interroga-se o vento,
Onde ficamos?
Para onde vamos?
Estamos exatamente aqui,
Para onde a amizade nos
Encaminhar!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Manifesto pela educação

Um país que esquece a Educação
É um país perdido na sua própria História,
Enfatuado em tradições ignaras misturadas com ideologias
Neoliberais,
É uma Nação que rasteja para o seu declínio,
Aturdido pela incompetência sicofanta
De ministérios, ministros e secretários de estado
Ataviados em pura ignorância,
Bestializados na sua iliteracia,

Os novos predadores do obscurantismo
Pululam desenfreados numa histeria de incivilidade
Que relembra as noites mais sombrias da Humanidade,

Um Estado que escarnece da Educação
Aproxima-se perigosamente das fogueiras nazis
E da insciência da “Noite de Cristal”,
Apressa-se a deslizar,
Num movimento uniformemente acelerado,
Para o colo áspero das multinacionais
Ávidas de trabalhadores mal pagos,
Sedentas de explorar,
Insaciáveis nos seus dividendos,

Um povo inculto
Não tem presente nem futuro,
Será um projeto inviável,
Transformar-se-á num pesadelo,
Num morto-vivo,
Na antítese de uma Pátria.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Sedução

A sedução subleva-se de uma parénese
Pronunciada com encanto,
Num misterioso fascínio encoberto
Pela densa bruma que se espraia
De forma silenciosa e persistente,
No charme emanado de um sorriso,
De um pensamento partilhado,
No magnetismo de polaridades díspares
Que se atraem e se
Buscam,
Na conquista, sem rendição,
Mais um abandono
A uma intensa empatia
Que subjuga a vontade,
Insinua o querer,
Avassala o apetecer!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Saudade é

Saudade é uma
Palavra,
Um vocábulo
Que se espraia
Numa emoção,
Alivia-se num
Olhar,
Consuma-se em
Afetos,
Completa-se num
Desígnio!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Horizonte mágico

Aproxima-se no espaço quadrimensional,
De modo impercetível mas resoluto,
Escapa-se numa onda fractal,
Envolve-se numa paisagem atonal,
Eleva-se num horizonte perfumado pelo
Pôr-do-sol,
Inscreve-se num evento irrepetível,
Aninha-se à passagem do vento,
Assume semblantes diversos,
Escuta música ondulante,
Vive num outro hemisfério,
Abarca verdades sussurradas de
Ouvido em ouvido,
Atravessa a rua de modo indolente,
Reside na poesia que pacientemente
Preenche os espaços vazios,
Circunscreve-se em átimos mágicos,
Aparece, desaparece
No horizonte mágico!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Entrelaça-se o pensamento

Entrelaça-se o pensamento
Partilha-se a mente,
Procura-se, em uníssono,
Um compasso que perdure,
Uma cadência comum,
Que se revele inigualável,
Uma fantasia merecida
Regenerada em aventura,
Porventura
Transubstanciada em vida! 

domingo, 21 de setembro de 2014

Penso em ti

Penso em ti
Inspirado na leveza histriónica
De um jardim de tulipas,
Enlevadas nas miríades de cores
Extravasadas em sentimentos,
Encantadas em diálogos,
Cumplicidades,
Ruborizadas por um olhar
Cativante,

Íngreme vereda,
Sublime fascinação,
Inclemente verdade,
Duradoiro amplexo,
Incessante melodia!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A árvore

Doce é a alma,
Metamorfizada numa árvore de raízes profundas,
Abriga, com solicita e fresca sombra, do sol impiedoso,
Abraça a noite mergulhada na luz irreal do luar,
Terna, agita os ramos num movimento ténue,
Com desvelo acolhe o tempo,
Incute imaginação na mais impia das solidões,
Infinita na sua aura,
Sorri quando o sorriso é um sonho,
E no entanto
Todos os versos são uma pálida metáfora
Do teu ser!

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Vou partir de viagem

Vou partir de viagem,
Um novo ano, que por letivo se apelida,
Vai começar.
Virão estórias e História,
Semblantes risonhos e pardacentos
Se entrecruzarão,
Ocasiões de encantar e
Prantear apresentar-se-ão ao longo do percurso,
Dúvidas e algumas possíveis certezas
Digladiar-se-ão de forma feroz e
Permanente.

Mas como essencial
Levo poesia num semblante de quimera,
Teu ser
Na memória cinzelado,
A saudade persiste e germina,
Idealiza, com fervor, um regresso
Que ao teu lado
Principia o caminho!

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O coração enternece

O coração enternece
Na beleza da música,
Enrubesce na lembrança
Da celeste Musa do Olimpo,
Perturba-se na imaginação
Das constelações futuras.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Um manifesto para o estio

O estio estremece e
Estabelece uma dimensão
Uma exclusão,
Um bafio encanecido.

Descansamos ao sol da praia ou
Na sombra das árvores,
Espraiamo-nos em discotecas ou em festivais musicais,

No entanto em várias terras do planeta
Não há tempo para repousar,
As bombas caem,
As metralhadoras estilhaçam a sua funesta mensagem,

Ainda noutras paragens
Crianças erguem-se de madrugada
Labutam anos a fio,
E no final
Morrem de inanição.

E aqui mesmo onde relaxamos
O desemprego continua insustentável,
Os políticos insuportáveis,
A sociedade insondável,
A liberdade questionável,
O capitalismo selvagem,
O espírito santo perverso,

Uma tempestade estival, ainda longínqua,
Mas insinuante,
Um sentido da tormenta,
Escarnece
Da vida,
Mas, quem sabe,
Poderá em si trazer
As origens da mudança!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Tenho que te dizer

Tenho que te dizer
Sempre que o tempo
Trespassa o augúrio
Lido nas constelações,
Ergue-se de pronto,
Na imensidão dos sentidos,
Na envolvência da incerteza,
Aquela que mais enternece,
A dúvida estabelece, na superfície do dia,
Uma marca contínua,
Entrelaça-se,
Rivaliza com a própria vida,
Invalida teorias,
Mesmo assim,
Nasce naturalmente.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A perfeição

Uma mesa
Num qualquer café,
Duas chávenas,
Duas pessoas,
Uma companhia,
Um desafio,
Uma resposta,
Duas opiniões,
Uma conversa,
Dois sorrisos,
Um entendimento…
A perfeição!

domingo, 15 de junho de 2014

O caminho

Aonde vais nesse passo elegante
E seguro?
Para onde corres no corrupio
Do dia-a-dia?

Importa dizer
Que a vida é uma fecunda e
Diversificada teia
Que envolve e
Aprisiona
Mas também
Arrebata,
Afogueia e
Liberta.

Para por um instante
E escuta
A voz que, insondável,
Sussurra e decide
O caminho,

Destino,
Alguns dirão,
Sorte ou azar,
Afirmarão outros!
O livre-arbítrio de deuses
Concluirão certos indivíduos,

A indiferença do Universo,
Na sua quântica existência,
Não se preocupa com itinerários,
Sendas ou veredas,
Naturalmente existe,
Do nada partiu
E do vazio se acerca,

Neste macrocosmos,
Viver a vida e
Frui-la,
No infinitesimal que somos,
É o nosso percurso possível!

domingo, 8 de junho de 2014

Devaneio

O mar distante,
A lareira ateada,
A música relaxante
Insinua-se no longínquo marulhar,
Um murmúrio de encanto
Espraia-se no ouvido,
Um corpo de sereia
Enovela-se afetuoso
No meu delirante
Devaneio!

domingo, 1 de junho de 2014

O sentido selvagem da vida

O sentido divertido
E selvagem da vida,
Encontra-se
No atrevimento de viver as sensações,
Libertar o pensamento das âncoras
Que o fundeiam em espaços tacanhos,
Propiciar que se transformem em emoções,
E se abraseiem em paixões! 

domingo, 25 de maio de 2014

Poema para um dia de eleições europeias

A voz transfigura-se num ícone
Desbotado,
Um grito, taciturno, emerge
Embalado pela sua própria onda sonora,
O ar transpira um aroma agridoce,
Dispersa-se, indolente, pelas encostas
Abruptas,
Desce aos vales profundos,
Aninha-se, inocente,
No seio da multidão compacta que
Busca uma pista, um indício
Uma alegoria,
A verdade transverte-se numa 
Iniquidade encoberta e
Atribulada,
Refugiada num turbulento mundo
Onde reina a aristocracia e
O planeta enviesa a sua órbita.

É tempo de escutar a ilusão,
Transformar a utopia
Em acontecimento.

domingo, 18 de maio de 2014

Dúvida

Um Universo,
Uma Galáxia,
Um Planeta,
Uma Humanidade,
Uma multidão compacta,
Uma encruzilhada,
Uma hesitação…

Procuro-te…
Procuras-me…
Será que nos vamos encontrar?

domingo, 11 de maio de 2014

Diz-me

Diz-me do meu desejo de te
Contemplar,
Fala-me de liberdade,
Da verdade,
Da insanidade,
Da raridade do encontro e
Do destino.

Eu, simplesmente, te murmurarei
A vontade de te abraçar,
De conhecer os teus encantos,
De tatear toda a tua essência,

Falar-te-ei
Do tempo, da rua,
Da poesia,
De ler,
De ser,
De almejar ter,
Do universo,
Da tua beleza,
Das coisas grandes e
Pequeninas,

Ouvir-te-ei
Quando falares,
Perceber-te-ei, mesmo se
Calada


E desejar-te-ei!

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Há…

Há uma inquietação nas tuas pálpebras
Estremecem o meu corpo,
Há um requebro no teu ser
Acalma a minha ansiedade,
Há um langor na tua voz
Acende o meu desejo,
Há um sentimento que incandesce o teu olhar
Derrete o meu coração,
Incendeia-o!

quinta-feira, 1 de maio de 2014

No silêncio desta madrugada

No silêncio desta madrugada
De sol anunciada,
Quarenta anos depois,
No cinzento que lentamente se pigmenta
De tons de laranja,
Vejo com notável clareza
A tristeza deste país,
Vilipendiado pela
Inclemente mediocridade da classe política,
Que parece assustadoramente empenhada
Em fazer recuar a História,
Devastado pela incompetência empresarial
Que, só nos salários baixos, consegue
Encontrar o lucro,
Um pesadelo transformado em realidade,
Oxalá possamos acordar e
Libertarmo-nos

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Por vezes o amor

Por vezes o amor,
Quase insidioso,
Brota, de modo impercetível,
De forma profunda
E avassaladora.
Subjuga corpo e
Espírito,
Conquista a serenidade,
Impregna os sentidos,
Concilia encanto
Com amargura,
Congrega corpo
E alma,
Conjuga ação
Com contemplação.
Transforma o transitório em
Duradouro e
Imperecível!

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Aromas

O aroma de um sorriso
Perfuma o mundo
Com a fragrância
E a elegância
De um bálsamo
Sublime. 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Gerês

Na relatividade do pensamento,
Escutar a quietude de uma flor,
O íngreme voo de uma águia,
Ou simplesmente pestanejar no
Deslumbre da paisagem,
É o sublime encanto
De um tempo vagaroso
Na altitude e quietude da
Vetusta serrania.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Sonhos diáfanos

Olhar de cristal,
Portal
Para sonhos diáfanos,
Véus tremeluzentes
Espraiados
No chão voluptuoso,
Acendem a nudez do corpo
Numa labareda mística mas real,
Sumptuosa sensação,
Inigualável,
Efusivamente trepidante,
Uma joia encastrada
Num pensamento
Indelével.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Um tempo

Um tempo
Para lá do evento
Apressa-se inexoravelmente,
Uma época de infinitos
Percorre todo o nosso ser,

Espraia-se em novelos de sentimentos,
Explica-se em turbilhões de sensações,
Tem vida de apegos e
Desapegos,
Vive na euforia do caminho percorrido,
Suscita paixões,
Afunda-se em mágoas,
Desagua em alegrias,
Emerge em tristezas,
É um palpite, uma intuição,

Um pressentimento intrínseco à
Liberdade de decidir,
Um desígnio
Que é uma convicção assumida,
Um juízo cognitivo que
Se embebe em emoções,
Um mistério no enigma
Do voo esclarecido,
A beleza da dúvida
Reside na imperfeição,
Na incerteza do destino
Lida na lentidão dos
Momentos
Que se volvem
Perfeitos
Quando escutados em
Simultâneo!

domingo, 30 de março de 2014

Pele contra a pele

Pele contra a pele,
Suavemente,
No ímpeto dos corpos
Que se amam,
Apertam-se
Coincidentes na forma de estar,
Intensamente,
Leve toque
Percorre toda a
Epiderme,
Absorve todos os impulsos
Nervosos,
Disseminam-se,
Aspergindo emoções
Na intuição dos sentimentos
Que brotam
Livremente
No desejo de se encontrarem
Juntos!

quarta-feira, 19 de março de 2014

Lábios de seda

Lábios de seda
Perfumados pelo toque das línguas
Expectantes de emoção,
Vibrantes de interesse,
Insinuantes,
Túrgidos,
Exauridos,
Ainda assim,
Exploraram
Toda a intensidade do desejo!

sexta-feira, 14 de março de 2014

Sem assunto

Sem assunto
Porque todos os temas
São razões para conversar,
E de todas elas,
A tua presença
É a mais importante.

domingo, 9 de março de 2014

Um mistério

Um misterioso ser
Desvela-se por detrás de uma
Inquietude,
Nada esconde, 
Pelo contrário,
Revela, a quem ler souber,
O mistério de ser
Mulher!

quinta-feira, 6 de março de 2014

Um livro raro

Um livro que se abre
Suavemente,
Como se cada linha,
Cada palavra, fosse
Escrita de alegrias,
Tristezas e
Confidências,

Um livro de vida,
De ensinamentos,
De gestos,
De sussurros,

Um livro que não termina
Mas germina,
E se insinua
Na pele nua

Um livro esculpido,
Desvelado,
Elegante
E omnisciente,

Afinal,
Um qualquer livro,
Porque acrescenta,
É sempre raro,
Escasso,
Imprescindível.

Mesmo banal,
É admirável.

sábado, 1 de março de 2014

Entrudo de dois mil e catorze

Deve ser da época carnavalesca,
Tudo me parece histriónico,
Desconexo,
Sinto-me mergulhado num qualquer romance
De Kafka,

Portugal melhor,
O povo português pior,

Um eufemismo para…
O grande patronato aumenta os lucros,
Os políticos litigam por uns cargos nas
Administrações.
E no entanto…
Os salários declinam,
Os pequenos negócios estiolam,
A emigração recrudesce.

O país estremece,
A civilização retrocede,
Os necrófagos aperaltam-se,
Os cobardes gargalham,
Neste Entrudo de dois mil e catorze.