sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A catarse


A catarse
Nasce de uma conversa,
Numa fria manhã
De inverno.
Prolonga um tempo
De descobertas,
Uma palavra que se troca,
Um sorriso que abre portas,
Dilemas que se esbatem,
Uma leveza que se constrói!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Fantasiar o amor contigo


Fantasiar o amor contigo
É uma alegoria quase real,
É um tempo celestial,
Vivido num sonho
Numa terra de maravilhas,
Onde acontecem prodígios.

Do teu umbigo derrama-se champanhe
Com sabor a ambrósia dos deuses,
Fruto da vida e do paraíso,
Que bebo deleitado.

Em ti desaguo,
E tu em mim afluis,
Ainda mais profundamente,
Com o suave toque da tua líbido!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Elogio da loucura


A loucura é apreciar o voo de uma gaivota,
Gostar de andar, voar,
Ler um livro,
Adivinhar o querer do destino.
Loucura é gostar do teu modo de ser,
Da alegria de rir,
Cantar e ouvir.
Loucura é conversar,
É parar um instante e
Apreciar a companhia e o
Sabor de um café ao som do mar!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O mar de inverno


O mar de inverno,
Ao longe,
Tem um ar delicado,
Esbatido na distância do tempo,
Como se esta fosse um intento
Que se alia a uma curiosidade intima
De conhecer os ínfimos pormenores
Do pulsar da sua vida,
Os movimentos que movem,
A atraente timidez do seu olhar,
Ou a lucidez de carácter.

O mar de inverno,
Ao longe,
É uma aguarela diluída,
Que desenha ousados pensamentos,
Interrogações
Que buscam novas questões,
Libertadas de querelas sociais ou morais.
Anseiam pelo toque na pele densa e macia,
Sem argúcias nem juízos,
Só o apego de um afeto.

O mar de inverno,
Ao longe,
É um desígnio,
Um propósito,
Uma imagem evanescente
Da mulher amada! 

sábado, 8 de dezembro de 2012

Fim de semana


O sol, o calor,
A lua, a chuva,
A noite, o dia,
O entardecer e
O amanhecer.

Um fim de semana,
Com um fantasiado
Trajeto para o Nirvana,
Todas as ocasiões
São ensejo de paixão!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A noite


A noite é o chamamento de
Um arcano misterioso.
Escondido nas sombras diáfanas,
Promete uma silenciosa revelação,
Só desvelada no encantamento da
Sedução!

domingo, 2 de dezembro de 2012

A Alma (terceira e última visitação)


Necessariamente
A alma
Tem um corpo e
Nome feminino.
É bela, misteriosa, 
Imprevisível e
Indomável!

domingo, 25 de novembro de 2012

Alma (segunda visitação)


A alma é um interlúdio
Do pensamento,
Uma busca interior,
Um chegar e partir,
O desenhar de um intento,
O conceber um sentimento,
O emancipar do espírito!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Alma (primeira visitação)


No universo onde os pensamentos
Pesam como palavras de granito urdidas,
Num espaço sensorial,
Numa delicada teia de abraços,
Em que dois corpos se unem,
Muito levemente, como se não quisessem acordar,
Há uma alma no infinito do tempo,
Perdida na indulgência do vento,
Entre a paz deste momento
E o perfume da primavera,
Na miríade de sementes brancas que
Esvoaçavam pelas ruas e jardins da cidade,
Recordo o encantamento do ser,
Neste dia de frio inverno,
Em que o tom áureo do sol
Purifica a incerteza da existência!

domingo, 18 de novembro de 2012

Olhares


Olhares que se escapam,
Um do outro,
Ainda que não queiram.
Porque quando se encontram,
Nem que seja num breve e
Furtivo momento,
Libertam um magnetismo irrequieto
Que atrai sentimentos,
Buscam perguntas ásperas e inóspitas,
Na ânsia de encontrar respostas,
Profundas e misteriosas,
Que residem no âmago
Da nossa consciência,
No interior do que somos
E caminhámos,
Um caminho sinuoso, árduo
E misterioso
Mas no seu longínquo horizonte
Vislumbro…
Uma estalagem acolhedora,
Uma bonita estalajadeira,
Uma alcova convidativa,
Um tálamo virtuoso,
Uma aspiração realizada,
Uma liberdade,
Muitas vezes, idealizada!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Longe


Longe,
Tão longe e distante
Como se do tempo fosse um viajante,
Transportado para uma era de fiapos de bruma
Na sensação de leveza de um sonho de espuma,
Feérico emolumento para a atribulada e doce saudade,
De um gesto de sublime temeridade,
Da delicadeza do sorriso que embala o coração
Saciado de infatigável emoção!

domingo, 11 de novembro de 2012

O dia


Uma manhã pardacenta,
Plena de tristeza,
Encoberta,
Chuvosa e fria,
Transfigura-se numa tarde
Solarenga,
Um pôr-do-sol inebriante,
Uma noite de lua cheia
Vibrante,
Onde o sonho acontece!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Sentes?


Sentes
O leve e indistinto rumor do rio
A deambular pelo vale?
Sentes
O riso que se revela no rosto triste
E desvela um sentimento oculto?
Sentes
O ténue restolhar das folhas
Que abraçam os passos inseguros,
Os modos hesitantes,
O precário momento de estar vivo?
Sentes
A beleza da chuva traçando uma sinuosa
Linha na palidez do rosto,
A intensidade de uma lareira trespassando
A crueza do frio de Inverno?
Sentes
A força do meu abraço?

terça-feira, 6 de novembro de 2012

De madrugada


De madrugada
Quando o dia submerge a noite,
Quando o silêncio noturno
Desagua no ensurdecedor caos diurno,
No instante em que no horizonte tremeluz
A primeira luz,
Ouve-se as gaivotas como um privilégio,
Há um momento de sortilégio,
Em que o tempo permanece suspenso,
E tudo se volve mais intenso!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Quero reler esse livro


Quero reler esse livro que por tantos anos
Esquecido ficou nessa estante elegante
Mas distante.
Quero reler esse livro
Como da primeira vez se tratasse,
Como se o completamente o desconhecesse,
Como se fosse um profundo mistério
De um conto de Agata Christie retirado.
Quero reler esse livro
Como se de uma raridade se tratasse,
Arrematada, por uma prodigiosa quantia,
Em leilão efetuado na sala gótica
De um qualquer castelo romântico.
Quero perscrutar esse livro
Como um drama, como uma comédia,
Como prosa em poesia escrita,
Pelo mais simples e puro prazer.
Quero reler esse livro
Uma, e muitas outras vezes,
Ler todas as palavras e letras,
Sonhar com todas as frases,
Acariciar todas as páginas,
Demorar-me em todas as folhas.
Quero reler esse livro,
Transformá-lo num altar de beleza,
Assumir a certeza,
Trespassar as dúvidas,
Beber o seu conhecimento.
Quero reler esse livro
Como se uma metáfora da
Mulher amada fosse!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Encontro e desencontro


Encontro casual entre a rua e o café,
Um memorando e um diário por escrever,
Encontro entre as horas do dia e o desassossego
Da noite,
As mãos que se afagam e se apertam,
Enamorada, a serenidade, divaga num atencioso
Esperar,
Espairece,
Por um ténue momento, e
Desaparece!

domingo, 21 de outubro de 2012

Primeiro beijo


Aproxima-se um ensejo de para ti olhar,
Na vernácula convicção que, a incógnita
De um primeiro beijo,
Transcende a indecisão,
Aperfeiçoa o anseio,
Consuma a devoção!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O desejo cavalga o tempo


O desejo cavalga o
Tempo,
Como se o alento para mais um
Beijo
Se esbata no emolumento de
Viver
E idealizar uma
Realidade que permanece estilizada,
Como que cristalizada
Num tormento,
Um evento catastrófico
Que culmina no instante claustrofóbico,
Mas absolutamente perfeito,
Em que a dor
Se transmuta no amor!

domingo, 14 de outubro de 2012

As paisagens de montanha


As paisagens de montanha
Têm horizontes mágicos,
Evocam mistérios,
Convocam energias telúricas
Que, no presente,
Nos transportam do passado para
Os sortilégios do futuro.
Absorvem o pensamento,
Afastam-nos da incerteza,
Confiam-nos leveza,
Concedem-nos estabilidade!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Profundo estremecer


Um profundo estremecer do
Vento,
Eclode no ar que respirámos,
Agita o movimento celular,
Refrata levemente a luz,
Ilumina, de nós, o lado escuro,
Traça esquissos mágicos
No pavimento branco,
Aveluda o tempo,
Retrata na perfeição
A perfeita e requintada beleza
De um sorriso no feminino!

domingo, 7 de outubro de 2012

Gosto


Gosto do teu olhar que se perde no longínquo,
Do movimento que flutua displicentemente na tua face,
Gosto do teu andar sereno e
Ao mesmo tempo inquieto,
Da perenidade que de ti emana,
Gosto da tua maneira de ser,
Dos silêncios que assumes como uma
Cumplicidade partilhada,
Gosto de ti!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Eros


Num êxtase sensorial e
Primordial,
O champanhe delineia suaves fiapos
Que fluem pelo cálice do teu corpo ardente e
Se derramam na minha boca sedenta.
Uma fantasia sonhada,
Como na vida,
Um pleno desejo de veracidade.

domingo, 23 de setembro de 2012

A chuva abranda o tempo


A chuva abranda o tempo,
Esfria o corpo,
Reflete o estado do país,
Encharcado, enregelado,
Endividado e
Enviuvado de líderes.

A chuva cai abundantemente
E dilui a mente,
Atormenta o pântano da dívida,
E desmedida,
Renasce nos riachos e ribeiros,
Que, com fragor, fluem pela encosta
Na esperança de lavar injustiças,
Arrastar “troikas” e mercados,
Acordar todo um povo
Para a necessidade de um novo
Abril!