quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Fio de pensamento

Fio de pensamento, Fio de maravilhas, alucinante
Em desvario ocasional provocado. Esta será
Uma forma de sobreviver, de cantar, de
Embalar prodígios, acrescer poções. Vibro de
Forma descompassada, vigio o voo das aves
Marítimas que sobrelevam o turbilhão das vagas,
Assinaladas com esteiras de espuma verde-prateada.
Na mão o copo vazio refracta as ondas luminosas,
Num turbilhão de cores interpenetradas criam
Bolas de cristal embaciadas de púrpuras substâncias.
Aprendi a escutar na profundidade, a ler na
Ressonância dos timbres. O som silencioso propaga-se
E origina instantâneos de espanto, brados que marinham até
Aos céus, espantam todo o Panteão sobressaltado com estes
Arremedos iconoclastas. O seu zénite foi abalado, perfurado
Pelas ondas sonoras silenciosas.
Aprendi a escrever nas páginas outrora virgens, na
Presença das letras que fundam as palavras que
Adejam para todos os lugares onde (espero) alimentem o
Espírito e se libertem da escravidão escuridão, Cresçam
Livres e autónomas.
Aprendi a ver ler os livros e alfarrábios manuscritos, onde
Impera uma razão, uma sequência lógica. A paz atinge o seu
Sossego pleno. Reconheço histórias escritas faladas, errantes,
Apocalípticas, vibrantes, apaixonadas, telúricas.
Verdadeiras fictícias todas reveladas.
Aprendi a ser deslocar-me de acordo com a vontade,
Para onde me guia a consciência presciência, ser
Independente de mim, procurar encontros desencontros.
Esclarecer dúvidas, estabelecer perguntas ou
Correlacionar teses com as suas antíteses.
Ambiciono abarcar compreender o infinito em toda a sua
Magnitude e multiplicidade de formas. Adicionar a
Vontade e a destreza, argumentar e sobretudo
Cativar a verdade liberdade.
As catedrais assumem luminosidades tântricas,
Esquecidas da obscuridade agigantam-se para os céus.
Os vitrais concebem colorações apoteóticas, crocitantes
Que se reproduzem nas paredes espelho, E progridem,
Alteram-se em mensagens afectuosas ainda que voláteis.
Aprendi a viver pensar no dia noite, na fadiga solidão,
Na multidão. Converteu-se num processo natural e
Contínuo, por vezes esquivo mas sempre presente.
Transporto aquilo que sou, como ser dialéctico
Conjecturo. Os augures, são auspiciosos outras não,
Sempre uma existência a alimentar, coabitar e até
Perseverar num processo de eterna aprendizagem.
Aprendi, reaprendi a amar como a respirar, como se o
Pensamento restitua uma maneira de estar, de existir
Perante o eu, tu e a Humanidade.
Nutro sonhos, quixotescos porventura, são sempre
O alimento que me alenta.

Sem comentários: