terça-feira, 4 de agosto de 2009

Perseguir o inatingível

Perseguir o inatingível faz parte da natureza humana.
Procurar um caminho que sabemos de antemão que não existe, entrar no labirinto que percepcionámos sem saída e no entanto examinámos cada centímetro na esperança de vislumbrar uma porta ainda que minúscula.
Olhar o muro que se ergue à nossa frente, dissecá-lo na busca de pontos de apoio que permitam a escalada apesar de ser liso como vidro.
Tudo isto, por vezes, torna-se intensamente frustrante!
Há momentos em que gostava de ser verdadeiramente livre para afastar os muros, os escolhos e perseguir a quimera, embarcar na utopia.
Mas com a devida vénia ao poeta parece-me que é “a vida que comanda o sonho” e não o contrário.
Parece que a única possibilidade é abordar estas questões com a serenidade budista: “Se um problema tem solução não vale a pena preocuparmo-nos, se não tem, não vale a pena preocuparmo-nos”.
No entanto esta afirmação é falaciosa porque pode existir sempre a dúvida se há ou não um desenlace para o problema. Na maior parte das situações é possível intuir, mas é difícil ter a certeza absoluta.
Estamos condenados a estas demandas na procura do inacessível e por conseguinte à angústia, às frustrações inerentes, aos malogros previsíveis.
No entanto a rara felicidade de, quando em vez, abraçar o intangível é o impulsionador que nos instiga, embora as probabilidades possam ser ínfimas.
É um dos paradigmas que nos define como Humanos, na nossa imperfeição…

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