segunda-feira, 22 de março de 2010

Romance que se perdeu numa noite de chuva

Da tua voz
Nasceu um chamamento
Que eclodiu na mente.
Um rio impetuoso flutuou
Na turbulência da plenitude
Que então desabrochou.

Esparsas mas concisas,
Gotas de néctar perfumado
Aliciaram o romance que
A poesia avalizou,
A música acarinhou,
O namoro idealizou.

Imaginário Éden
Onde o pecado era uma ausência,
Uma miragem longínqua.

Até que chegou a chuva da noite,
Abruptas as nuvens fluíram pelo céu,
A escuridão,
Sem guias nem estrelas,
Escondeu o norte.
O negrume esvaiu-se em fantasmas
Que paradoxalmente brilharam,
Ofuscaram,
Obliteraram o caminho.

E choveu,
Choveu toda a noite,
Como se num pungente
Acto de soturna alquimia
A tristeza se transmutasse
Em agreste pluviosidade.

1 comentário:

crisgradim disse...

há tantas noites de chuva...se calhar é o que vale para curtirmos o sol da manhã seguinte e podermos pecar, mesmo num Éden imaginário. O èden é imaginário, a chuva acaba por passar, mas o pecado sabe bem e fica...fica
Abençoada Eva que nos ensinou isso, mesmo com tão alto preço!
(toda a vida disse que, se tivesse um jardim, a primeira árvore que plantaria seria uma macieira)