quinta-feira, 17 de junho de 2010

O tempo

O tempo que colide num
Outro momento,
Arrasta-se
Dolorosamente,
Num perpétuo movimento,
Uma órbita profunda
Embutida no destino.

Um tempo
Sombrio, indistinto,
Lúgubre,
Indistinto de qualquer outro,
Ambíguo na sua ambição.

Um tempo
Conspícuo, respeitável,
Mas oculto em dúvidas e
Incertezas.

Um tempo
Paralelo,
Sem direcção assumida,
Sem imagens,
Sem forma
Nem propósito.

Um tempo
Antropófago,
Cravado nas forças telúricas,
Que irrompem,
Selvagens, indomadas,
Omnipresentes,
Iníquas.

Um tempo
Que se esgota em clepsidras
Borbulhantes espalhadas por superfícies
Imaculadamente brancas,
Assépticas,
Virgens de acontecimentos.

Um tempo
Ignoto, perdido
No labirinto da existência,
Uma época remota,
Delida na memória.

Um tempo
Arredado do
Tempo.

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