terça-feira, 14 de setembro de 2010

Magia

Encontro uma alma vadia
Nas gotas de chuva que percorrem
O vidro da janela,
Traçando rotas,
Percorrendo erráticos caminhos.

Escondo-me num ritual de passagem,
Diria mesmo de ultrapassagem
De fantasmas que,
Por vezes,
Assolam as paisagens.

Escrevo sobre um cerimonial furtivo,
Oculto em locais profundos,
Velado por inúmeros pensamentos,
Camuflado em gestos quotidianos.

Disfarço-me de realidade
Nesta orbe ilusória,
Pareço mais real e preciso,
Que estrela de cinema
Impresso em papel de tablóide.

Ouço na rádio uma música
Plena de recordações esquecidas,
Activam-se hormonas bolorentas,
Penetra um cheiro a bafio, e
Depressa escapo dessa prisão.

Vislumbro pedaços da verdade,
Ainda assim inconsistente e
Desinteressante, mergulhada
Num limbo de nonsense,
Combalida e aturdida.

Recordo os teus passos felinos,
Percorrem estonteantes a sala,
Envolvem os sentidos numa letargia
Que afecta o discernimento,
Uma alegoria que fatalmente termina
Num acordar libertador.

O leve calor da aurora
Acentua as tonalidades que
De vermelho e amarelo ruborizam
O céu nascente.

As montanhas graníticas
Impregnam a atmosfera de sensações
Mágicas e
Inoculam uma sensação de intemporalidade
E segurança.

Da terra escapa a humidade,
Cria remoinhos de neblina que sobem no ar,
Alforriam fiapos de condensação,
Realçam a luz do Sol,

Abre-se uma passagem encantada,
Entranha-se um espaço de magia,
Sortilégio de uma vida!

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