sexta-feira, 9 de abril de 2010

Fragmentos da memória de um dia cinzento

A profundidade do mundo na
Mão esparsa de uma mulher.
O riso dilui-se na aragem fluida e
Crepuscular.
O ADN mitocondrial personifica o caminho
Seguro e linear para uma Eva primordial.
A dúbia solução bifurca-se num dédalo
De conexões neurais.
O nevoeiro denso esconde a dor armazenada
No passar dos dias.
A agonia lenta de uma emoção que se
Esvazia num pântano imemorial.

Longe
Tão distante que a voz
Esbate-se nos ecos,
Derrama-se na terra,
Esconde-se na sombra.

Longe,
Tão distante que a imagem
Incinera-se na fotografia imaginada,
Transforma-se em cinzas e
Voa livre e perdida.

Longe,
Tão distante que a memória
Esborrata-se numa recordação imprecisa,
E dilui-se na correnteza do rio
Que se espraia no mar.

Restam fragmentos destroçados que
Flutuam no espaço negro e vazio.
Amargos restos de uma seara outrora
Vibrante.
Revivem na superfície vítrea
De um dia cinzento.

1 comentário:

crisgradim disse...

finalmente ressuscitaste, ao fim de nove dias (múltiplo de três!), mas numa ressurreição muito "longe", num "dia cinzento" de "restos amargos". O que escreveste é muito bonito, contudo para quem lê (ou para mim) é uma "dor lida" triste, muito triste, sobretudo pela nostalgia (atrever-me-ia a dizer "de aceitação" - não é a melhor expressão, mas não encontro outra)que traduz...ou eu leio