quinta-feira, 1 de maio de 2008

Felicidade (vol. 2)

Era pedra
toda verde-lilás.
Já nem tinha cor, sardenta. Pássaro sem asas,
cansado, velho, que pousa na janela do meu quarto.

Já ouvi tiros na guerra, nem todos
eram sangue. E foi nesse dia
que procurei "Felicidade". Sim!
"Felicidade", minha cadela
que fugiu. talvez
com algum vira-lata vadio!

Nesse dia lembro-me bem, chovia, nos jornais
escrevia-se guerra, morriam milhares de seres.
Que me importava! Procurava "Felicidade".
Andei sete (dias/anos) no pôr-do-sol.
Sonhei com o espaço, longe da mente.
Algo era opressão. Talvez não
Houvesse pedras verde-lilás. Talvez fosse
Humanidade.

Era um belo dia. Chovia!
A chuva era o meu sentimento transplantado.
Caminhei. Já teria andado léguas distantes,
o relógio há muito havia parado.
Regicídios se cometeram. Dia e noite caminhava.
Ao longe não havia luz.
Chamava, "Felicidade", "Felicidade",...

Sentia a cabeça vazia. O espectro avançou rindo-se
Loucamente demoníaco. Mas eu procurava "Felicidade".
Clamei aos deuses! Roguei pragas!
Talvez eu fosse Humanidade!

Vi-os procurando "Felicidade". Andavam
num palco pleno de luz obscura. Os actores iam
declamando sobre a vida, e eu procurava.
Não há mais paz em mim. Talvez eu fosse Humanidade!

Perguntei. Ninguém
tinha resposta.
Sentei-me por milhares de pedras verde-lilás nos
regatos dos caminhos.
Procurei nos palácios, prisões e "Felicidade"
escapava-se. Procurava.
Procurava pegadas, rastos, arbustos. O Homem chegava
à Lua. Eu
procurava "Felicidade".

Encontrei-a!
Num dia. Jazia em sangue vermelho
que empapava as pedras verde-lilás. Aproximei-me
lentamente, e em "Felicidade" encontrei
as garras inconfundíveis de Homem.
Desalentado chorei pela eternidade "Felicidade".
Talvez eu fosse Humanidade.

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