domingo, 5 de março de 2017

A propósito de liberdade (talvez porque abril se aproxima)

Ausenta-se o sono,
O sonho acorda,
Os pensamentos revogam-se em interrogações,

Estabelece-se uma hipótese que sobrevoa lentamente em espiral,
Deslinda-se um caminho,
Outro esconde-se,
Inconstante, a névoa etiliza a mente,

Talvez os áugures entendam a complexidade humana,
Porventura só os deuses conhecerão a verdade,

Mas eles escondem-se em mitologias,
Mais ou menos elaboradas,
Nada dizem,
Nada acrescentam,
Serpenteiam em paraísos,
Ora terrestres ora etéreos
E não se interessam,

A realidade abre-se num sentido caleidoscópio,
Interiorizam-se mais argumentos,
Estruturam-se debates,
Dividem-se culpas,
Um poço de insanidade inunda as sensações,

Regurgitam-se velhas noções,
Escutam-se vetustas canções,
Aguarda-se que a semiótica desvende os mistérios
E alcance a resposta correta,
Embora no auge desta laboriosa demanda
Não existam refutações
Nem soluções,

Talvez só uma réplica,
Em jeito de terramoto intelectual,
Um grito bamboleante que espairece na rua
Embaraçada pelo trânsito cognoscente,

Mais um pensamento estiolado,
Esvanecido numa tela remota,
Distante de nós próprios,
Carente de sentido,
Apesar de tudo, solicito,

Entretido,
Ditirâmbico,
Intencional,
Se de intenções o mundo está repleto,

Agnóstico,
Porque o tempo atual desconfia da gnose,
Procura o efémero e petulante,

Insinua-se,
De forma ténue…

E,
Finalmente,
Como que vinda de uma outra dimensão,
Com toda a sorte possível,
O sono
Liberta,
O sonho
Alforria,
A vida,
Se vivida,
Desacorrenta!

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