domingo, 8 de abril de 2018

Auras


A certeza invade o corpo,
Sobe deliberadamente,
Ocupa um espaço infinito,
Desmente
Os áugures tristonhos que avassalam
Com os seus presságios
Lúgubres,
Desenrola-se lentamente,
Abre-se
Numa melancolia indolente,

Planta-se numa chuva miudinha que estarrece no
Chão ocre,
Onde está a bússola que aponta?
A estrela que orienta?
O sol que ilumina?

Houve um sinal feliz,
Um intermezzo significante,
Um rigor assertivo esbate-se na certeza do saber,
Livre, tão liberto quanto permite a prisão da vida,
O rumor alteia o som da voz tonitruante que resvala nas paredes vazias,
Ocas, inflexíveis na sua ociosidade,

Inamovíveis,
No entanto movem-se perante o desejo,
Erguem-se mediante a vontade,
Separam ou unem conforme os anseios,

Uma pedra
Repleta de veios que a atravessam,
Miríade de minerais,
Quartzos, micas feldspatos,
Reluzem ao sol,

Terra,
Terra vermelha,
De uma paisagem que se estende para
O céu infindo,
Toca-o levemente no entardecer ígneo,

Misturam-se,
Adoçam-se,
Questionam-se,
Insurgem-se,

Mero acaso?
Destinos?
Percursos convergentes?

Assumem-se
Num Olimpo terrestre,
Sem deuses,
Mas com vida,

Sem unanimidade,
Mas com verdade,

Com liberdade,

Atravessam um tempo,
Lugares,
Planam num Universo,
Por vezes brutal,
Mas magnífico,
Pleno de alma, de
Sabores,
De cores,

Insinuam-se,
Interligam-se,

Bebem de uma aura
Mútua.

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