terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A minha aldeia (Levada, Cibões)

Entre o espaço barroco desta civilização
insinua-se um pensamento que transporta
esta mente para longe deste escritório. Ouvem-se
sons espalhados pela natureza, estou longe, mesmo muito
longe. Vejo o cheiro húmido desta terra. Ouço
estes penedios milenares a cresceram, num tom abafado e
telúrico. Sinto as raízes fundas destas árvores que se agarram
persistentemente ao solo bravio e selvagem. Sinto escuto aprecio
o silêncio que envolve esta terra numa bolha temporal protectora onde
os mecanismos electrónicos, altar ego da nossa urbanidade, não
fazem a mínima falta.
Encontro a serenidade, mesmo quando abalada.
Encontro o estatuto de cidadão do mundo.
Nesta aldeia, descoberta aos cinquenta anos, encontro
Uma necessidade de estar.

1 comentário:

Jotas disse...

Caro Vm, esta soberbo o poema, aliás essa é uma das minhas paixões, assim como a natureza e a fotografia.
Um abraço da Alma Gémea